Por que não fabricamos 5 como Redondo e Busquets?

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As estruturas e as posições de jogo ao longo dos anos foram passando por várias revoluções que delinearam características diversas para o jogo. Estrutura de jogo pode ser definida “como a opção escolhida para dispor os jogadores no terreno de campo por um viés numérico-espacial”.

A estrutura é o pontapé inicial e, sozinha, analogicamente, seria como dispor 11 árvores dentro de campo. Sem dinâmica, domínio posicional, domínio espacial, progressão espacial e a funcionalidade pretendida, advindos das características individuais e relacionais dos jogadores, a estrutura nasceria morta. E várias são as estruturas montadas que geram diferentes posições. Muitas perderam um pouco sua essência e outras ganharam uma hipervalorização.

Esse panorama arrasta consigo aspectos positivos e ao mesmo tempo exageros, distorções e propriamente invenções que desvirtuam algumas posições.

O grande problema é que o gerenciamento dessas posições distorcem em alguns momentos as características dos jogadores por ideias fixas de jogo. Evidente que cada ideia de jogo vai arrastar repercussões diferentes e cada jogo também, mas gerar chavões únicos e eternos é algo que descura muita coisa.

Atualmente, vejo uma visão muito simplista para a posição 5. Parece que só existe um perfil único de 5. O famoso perfil “tranca ataque”. É impressionante o imaginário comum para essa posição. E, nesse perfil traçado trago algumas perguntas para refletirmos:

Essa posição só serve para marcar?

O jogador deve inibir o adversário para jogar nessa posição?

Para jogar nessa posição o jogador tem que ser Pit Bull?

Para jogar nessa posição o jogador deve ser lutador de MMA?

Essa posição só serve para correr atrás dos adversários?

Não enxergamos essa posição como o primeiro jogador para armar a equipe?

O jogador dessa posição deve entrar a todo momento no meio dos zagueiros?

Jogador técnico não pode jogar nessa posição?

Criamos cenários nas categorias de base para desenvolver que perfil de jogador nessa posição?

Por que os jogos nas categorias de base ficam muito de bolas longas e dificultam quem joga nessa posição?

Jogadores leves e baixos não podem jogar de 5?

Por que algumas equipes colocam um duplo 5 com pouca intenção de jogar?

Não podemos ajudar um jogador menos técnico a dominar o espaço dessa posição?

Jogadores como Redondo e Busquets jogariam no Brasil?

Muitas perguntas para refletirmos. Penso que para jogar nessa posição o jogador precisa muito mais que a famigerada dimensão física. Ele precisa de inteligência, ou seja, opções e decisões variadas para dominar o espaço posicional, estar bem situado, bem posicionado e ordenar a equipe em todos os momentos e instantes do jogo. O perfil dessa posição deve desenvolver futebolistas que o jogo bem jogado deve interessar a todo momento.

Redondo e Busquets clarificam um pouco esse perfil, e deixam claro algumas possibilidades para jogar nessa posição com algumas ideias abaixo:

Redondo

“Para jogar nessa posição o jogador deve jogar com sentido de orientação, de espaço e ouvir os ruídos. Não se pode jogar futebol sem ouvir ou falar. Há que escutar para eleger. Fico com raiva quando um companheiro pede a bola a gritos e logo não está só e está com um rival próximo. Quero me matar. A posição 5 é muito importante para que a equipe jogue bem. Pela posição que ocupa em campo, sempre está vendo as costas de seus companheiros e é o jogador que tem maior panorama para ordenar o jogo”. 

Busquets

“Trato de estar bem colocado. Basicamente, meu jogo depende de manter a posição, devo dar equilíbrio à defesa e ao centro do campo. Minha posição fica no meio de todo sistema. Meu jogo é uma questão de ordem. Se a equipe está ordenada, eu jogo mais rápido. Trato de saber o que fazer com a bola antes que ela chegue. Por isso, necessito saber onde estão meus companheiros, é uma questão posicional, de automatismos. Se não perdermos as posições, é mais fácil que a bola corra”.

Não existe um perfil único posicional, até por que todos os jogadores são singulares, mas criar dogmas e automaticamente arrastar um panorama funcional em cima, pode gerar uma cultura única para uma posição. E a posição 5 precisa fugir dessa cultura unanime. Para mim, é estar ordenado para dominar a situação sendo o vértice para progredir, retirar da pressão, variar o centro do jogo e trocar o ritmo do que simplesmente uma posição que o jogador lute para brigar alucinadamente com o rival.

Abraços e até a próxima quarta!

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