Precisamos de um projeto de nacionalização dos clubes brasileiros

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É impressionante a energia que é gasta por “grandes especialistas” que analisam a gestão dos clubes brasileiros sobre a magia de se construir projetos de internacionalização das marcas destas entidades. De fato, trata-se de um campo ainda pouco explorado pelo mercado brasileiro e com grande potencial de aferição de receitas. Fluminense e Corinthians estão fazendo as primeiras incursões em solo americano, registrando grande repercussão positiva. É inegável!

Mas o que me preocupa mais e me tira um pouco o sono quando pensamos em “futuro do futebol brasileiro” é, na verdade, a necessidade de editarmos um projeto consistente de NACIONALIZAÇÃO DO FUTEBOL BRASILEIRO, com o perdão da redundância.

Aliás, esse termo não é novo. Aod Cunha, em um famoso documento que versa sobre o futuro da gestão do futebol, aborda em um dos itens que apenas os clubes que forem capazes de ter uma base nacional e internacional de torcedores / consumidores / simpatizantes terão orçamentos competitivos.

O fato é que, a cada semana, há algum tempo, leio ou vejo projetos de clubes europeus com projetos voltados para o mercado brasileiro. E com grande sucesso. Nas redes sociais, são raros os jovens (torcedores / consumidores / simpatizantes) que levantam uma bandeira em defesa do futebol brasileiro. Muito pelo contrário: a grande maioria dos debates redunda naquilo que ocorre no futebol internacional.

Em uma série de reportagens recente do “Bom Dia Brasil”, da TV Globo, o último episódio (em 26-dez-2014 – pode ser acessado aqui: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/edicoes/2014/12/26.html) mostrou o crescimento do apreço das crianças por craques e equipes internacionais. Nas escolinhas, as crianças preferem ir treinar com uma camisa de clube estrangeiro e não brasileiro. Isso é assustador!!! Sem falar na programação da TV Fechada, do acesso a Internet e dos jogos de vídeo game, que aproximaram este público do que ocorre lá fora.

Muito mais por eficiência do projeto de internacionalização que os europeus começaram já na última década que se somou ao trabalho de marketing ainda em fase de “descobertas” no futebol brasileiro. Ou seja, por aqui, os bons projetos, quando feitos, são isolados e/ou de curta duração.

Um exemplo da premissa acima está na escolha aleatória de jogos que alguns clubes do sudeste fazem no Norte, Nordeste ou Centro-Oeste, aproveitando as novas arenas da Copa 2014. A ideia, a bem da verdade, seria ótima, se fosse bem executada. O que ocorre é uma tomada de decisão baseada, mais das vezes, no desespero: o time vem mal há três jogos e a torcida não comparece. Então a “solução” é tirar o jogo do estádio principal para colocá-lo em um lugar X, que naquele momento poderá render uns trocados a mais. Um projeto como este pode e deve ser bem estruturado para o alcance de algo positivo, focado no fortalecimento da marca dos clubes em território nacional, cumprindo uma ação dentro de uma estratégia maior.

Em síntese, a premissa para iniciar um projeto de internacionalização dos clubes brasileiros deveria ser a seguinte: apenas quando a maioria dos jovens torcedores do clube conseguir, espontaneamente, falar mais de meia dúzia de nomes de jogadores do elenco atual do próprio time.

A ironia não é uma provocação. É simplesmente por acreditar que a conquista de novos territórios só é saudável sob o ponto de vista dos negócios quando se tem bases sólidas no seu mercado de origem.

E finalizo para reforçar todo o potencial que o mercado brasileiro ainda possui. Os clubes do exterior perceberam isso há algum tempo, após uma boa análise do nosso mercado. Se continuarmos ignorando esse fato, talvez as próximas gerações irão aprender língua estrangeira com o futebol e não mais dentro de escolas de idiomas especializadas… 

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