Problemas daqui e problemas de lá

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Tudo aconteceu no último fim de semana: na Europa, a Europol desmantelou um esquema de manipulação de resultados em diferentes competições de futebol; nos Estados Unidos, uma queda de energia paralisou durante mais de 30 minutos o Super Bowl, jogo que decide a liga profissional de futebol americano (NFL); no Brasil, falta de água corroborou uma extensa lista de defeitos do reformado Mineirão, reinaugurado no domingo. Independentemente de lugar, perfil ou proporção, todo evento é suscetível a contratempos.

O que diferencia as realidades (e as consequências delas, obviamente) é como os responsáveis se comportam. Problemas acontecem, mas uma comunicação eficiente pode evitar que eles reverberem.

No Super Bowl, por exemplo, o serviço de comunicação do estádio em Nova Orleans deu constantes satisfações sobre a queda de energia. Foram 36 minutos de paralisação, mas ninguém que estava no local ficou abandonado ou desinformado.

O público em casa, que via pela TV o duelo entre San Francisco 49ers e Baltimore Ravens, também recebeu constantes informações sobre o prazo até o jogo ser retomado. Ainda assim, houve vaias no estádio e críticas fora dele.

Na manhã de segunda-feira, Eric Grubman,vice-presidente de negócios e operações da NFL, concedeu entrevista coletiva para falar sobre o Super Bowl. E o apagão, é claro, foi um dos principais temas. "Nós fomos rápidos para determinar que não era algo definitivo e que seria possível arrumar o problema em pouco tempo", minimizou o dirigente.

O roteiro no Brasil foi bem diferente. Atlético-MG e Cruzeiro disputaram clássico no Mineirão, estádio que foi reaberto depois de reforma para receber a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014. Houve enorme confusão na venda de ingressos, e o equipamento estava claramente inacabado. Além dos problemas comuns em um primeiro evento, houve um aspecto mais grave: faltou água em banheiros e bebedouros.

A reação imediata foi uma multa à concessionária Minas Arena, empresa criada para gerir o novo Mineirão. Mas não houve, antes, durante ou depois do jogo, uma comunicação voltada a minimizar as críticas. Não houve sequer um pedido de desculpas aos torcedores que foram maltratados no estádio reformado.

O caminho na Europa é ainda mais moroso. A Europol desmontou um esquema de manipulação de resultados em jogos oficiais de futebol, mas isso ainda não gerou comoção. A investigação já citou mais de 300 jogos, mas há uma crença de que a crise pode ser maior e mais abrangente.

Não há nada mais importante para comunicação do que planejamento. É importante que os responsáveis por um evento tentem prever problemas, falhas e erros. É importante que eles estejam preparados para isso. Mas quando as coisas fogem do script é que o talento desses profissionais é realmente testado.

Isso não vale apenas para o esporte, evidentemente. No entanto, o esporte tem um componente diferente de outras searas. Por ser mais emocional e mais passional, o segmento acompanha reações bem mais exacerbadas. A repercussão é maior.

Os exemplos do último fim de semana são extremos, mas não é preciso chegar a isso. Qualquer crise ou sequência de resultados negativos oferece no esporte a chance de uma comunicação que contenha crises. Para isso, é fundamental seguir o roteiro do Super Bowl: blindagem, informações com perfil oficial, satisfação ao cliente e respostas contemporizadoras.

E por falar de futebol americano, um jogador da NFL deu uma aula de como usar a mídia para consolidar idolatrias. A história foi protagonizada por JJ Watt, que defende o Houston Texans.

Tudo começou com uma garotinha, em um vídeo que os pais dela publicaram no Youtube. A menina diz que gostaria de ter 25 anos, e a mãe pergunta por quê. Ela responde que quer se casar com Watt.

O vídeo repercutiu e chegou ao jogador dos Texans, que resolveu responder. Watt pediu ajuda nas redes sociais para localizar a garota. Na última semana, encontrou-se com ela e a pediu em casamento "de mentirinha", com direito a flores e anel.

Nos maus e nos bons momentos, a comunicação eficiente depende de uma dose alta de preocupação com quem está do outro lado. Watt não seria menos ídolo da garotinha se tivesse ficado calado, mas tornou-se ainda mais importante para ela por ter respondido de forma tão carinhosa.

Oportunidades aparecem constantemente para quem trabalha em comunicação. Para quem tem capacidade de improviso e competência, até uma crise pode ser motivo para se aproximar do público.

Afinal, quando manifesta amor ou quando vaia uma queda de energia, o público é a verdadeira razão de o esporte existir.

Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br

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