Rebaixamento, momento de aprendizado e recomeço

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A cada ano, vemos clubes de grande investimento do futebol brasileiro passando dificuldades em se manter na série A do Campeonato Brasileiro.

Neste ano não foi diferente e acabamos de ver o Palmeiras vivenciando esse momento delicado: o rebaixamento para a Série B do Nacional. Esta situação envolve uma pesada carga emocional para torcedores, jogadores, comissão técnica, gestores e executivos do clube de futebol sem contar com os prejuízos financeiros que podem ocorrer com o descenso. Imaginemos o que passa na cabeça destes após a concretização do risco de rebaixamento, todos pensam imediatamente o que fazer, por onde começar e como resgatar a imagem e credibilidade do clube nesta situação.

É fato que o rebaixamento pode e deve servir de grande aprendizado para o clube, visto que reconhecer os erros cometidos e as carências de gestão do clube é o melhor caminho a seguir. Neste tema é que desenvolvo a coluna desta semana. Precisa-se avaliar como o clube está sendo gerido e de que forma é possível implementar um modelo de gestão mais eficaz e que traga resultados sustentáveis para o clube.

Para se construir um modelo de gestão, é necessário ter uma liderança que tenha competência e vontade de fazer acontecer o modelo, um bom planejamento, uma missão, uma visão e os valores da organização ou entidade. Agregado a isso, é necessário o que chamo de “Pr2P”*, ou seja, Processos, Projetos e Pessoas.

Começo o racional do modelo de gestão pelo planejamento, sobre o qual podemos entender como um trabalho de preparação e organização de atividades, com objetivos determinados e diretrizes estratégicas claras. Ou seja, é um processo desenvolvido para o alcance de uma situação desejada, de um modo eficaz, aproveitando a melhor concentração de esforços e recursos da organização.

Para realizarmos um bom planejamento podemos utilizar a técnica do Planejamento Estratégico, pois este é participativo, monitora o ambiente externo e interno, trabalha as oportunidades, além de ser proativo, ágil, flexível e eficaz. Esta técnica pode ser definida como o processo administrativo que proporciona sustentação mercadológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pelo clube, visando um otimizado grau de interação com o ambiente e atuando de forma inovadora e diferenciada.

Quanto a Missão, Visão e Valores devemos saber que elaborar ou rever estes itens é fundamental num momento de recomeço ou virada, necessário quando acontece um grande obstáculo para o clube que é o descenso.

A missão nada mais é do que a expressão da razão da existência de um clube como uma entidade. A visão é a explicação do que se idealiza para o clube. Ou seja, envolve os desejos onde se deseja chegar. Os valores são as crenças, ideais, lemas baseados em conteúdos da ética individual e coletiva. E complementando estes itens cabe mencionar também as políticas, que são as formas como o clube se relaciona com os seus diversos públicos.

Na proposta do “Pr2P”, no qual relaciono Processos, Projetos e Pessoas, ressalto a necessidade de termos os processos do clube desenhados, medidos, controlados e melhorados continuamente e com o objetivo de eliminarmos os diversos desperdícios que acontecem nas organizações.

A gestão por processos é fundamental para uma gestão executiva saudável do clube, pois processos enxutos é o reflexo de que todos os recursos estão sendo bem utilizados e que os clientes estão cada dia mais satisfeitos com a qualidade dos produtos ou serviços entregues pela entidade. É claro que o esporte tem uma variável diferente das organizações tradicionais, pois estamos tratando do produto esporte e devemos compreender esta nuance e o que representa em termos de gestão de riscos em nosso modelo de gestão.

Mas, se temos os processos sob controle e enxutos, como poderemos alavancar novos resultados que foram traçados na estratégia? A resposta a esta pergunta é a adoção da gestão de projetos no clube, para tratar novas iniciativas de produtos ou serviços como projetos, tendo o seu devido controle e administração para que possamos aumentar consideravelmente as chances de sucesso na entrega destes.

Para termos certeza que estamos colocando os investimentos nos assuntos apropriados conforme a estratégia do clube, devemos também incluir nessa iniciativa a implantação de uma gestão de portfólio, pois esta permitirá uma adequada priorização e seleção dos projetos que contribuirão com os resultados estratégicos do clube e conforme a disponibilidade dos recursos financeiros. Além da priorização e seleção de projetos, a gestão de portfólio também possibilita termos uma visão consolidada dos projetos de investimento, quanto ao avanço físico e financeiro destes e com isso proporcionando melhores tomadas de decisões para eventuais ajustes na rota em direção à visão desejada pelo clube.

O terceiro assunto do “Pr2P” são as pessoas, o principal ativo de qualquer organização e que faz toda a engrenagem de um modelo de gestão eficaz acontecer. Neste tema, alerto que os clubes necessitam de uma gestão de recursos humanos adequada, que possibilite a capacitação da liderança e dos profissionais, a seleção com critérios adequados de novos colaboradores, baseados em políticas que possibilitem a adequada gestão e o desenvolvimento das pessoas que atuam no clube, vencendo assim de maneira sustentável o obstáculo da falta de engajamento dos seus recursos humanos. As pessoas engajadas se constituem numa alavanca fundamental de realização de resultados em qualquer organização.

Bem, sabemos que o trabalho é grande após um rebaixamento, mas se feito com seriedade, profissionalismo e dedicação certamente colherá ótimos frutos a curto, médio e longo prazo para o clube. Esta reflexão de gestão não é exaustiva apenas para aqueles clubes que passam pelo trauma do descenso, mas sim a todos que queiram de alguma forma desenvolverem-se e caminharem cada dia mais na direção de seus objetivos estratégicos.

Sendo assim, mãos a obra!

* “Pr2P”, sigla desenvolvida pela Sociedade Brasileira de Coaching Esportivo® para a tríade da boa gestão de negócios esportivos: Processos, Projetos e Pessoas.

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