Salão de festas do Titanic

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Estive presente no Footecon realizado em Curitiba.

Foi a primeira das cidades-sede da Copa 2014 a receber o evento, organizado por Carlos Alberto Parreira há alguns anos.

Alguns dos palestrantes são figuras bastante reconhecidas no universo do futebol brasileiro.

Fernando Carvalho, ex-presidente do Internacional; José Carlos Brunoro, experiente gestor, do período de ouro Palmeiras/Parmalat e, antes disso, da estruturação do voleibol no país, dentre outros grandes projetos; o próprio Parreira; Evandro Mota, psicólogo responsável por grandes trabalhos em equipes vencedoras; René Simões, da seleção feminina de futebol e, hoje, na base do São Paulo.

O mítico Paulo Cesar Caju, grande ídolo da década de 1970, que compartilhou sua experiência positiva e, também, de dificuldades pessoais que o levaram à derrocada financeira e o envolvimento com drogas.

Gente da nova geração, como Ricardinho, atual técnico do Paraná Clube; Felipe Ximenes, coordenador técnico do Coritiba; Sandro Orlandelli, ex-scout do Arsenal na América do Sul e que hoje é diretor do Atlético Paranaense.

Além disso, a abertura protocolar do evento feita pelo Secretário Estadual da Copa no Paraná, ladeado pela engenheira-chefe que explicou, superficialmente, as obras realizadas em Curitiba, incluindo o estádio, para adequação aos encargos da Fifa e ao PAC da Copa.

Fui com especial atenção para apreender algo que apontasse para o grande legado da Copa, em seus mais variados aspectos – técnicos, de negócios e marketing, de gestão e, naturalmente, sociais – embora soubesse do direcionamento do fórum para o lado intracampo.

Raríssimas foram as menções ao conceito. Pior ainda, não se está evidenciando à população qual é o conceito de legado que a Copa pode proporcionar.

Quando muito, vincula-se a noção de legado às obras do estádio e seu entorno, e melhorias de infraestrutura.

Nada se fala dos aspectos imateriais atinentes a uma noção mais ampla da herança do grande evento.

Evandro Mota me surpreendeu positivamente. Não por duvidar de sua capacidade, ao contrário, mas por tê-lo visto pela primeira vez ao vivo.

Sua palestra foi muito além do tema, que era a formação de equipes vencedoras.

Como seu trabalho faz parte de um sistema, e ele entende claramente isso, defende que precisamos ter muitas mudanças na gestão do futebol no país.

E que o ponto de partida é o reconhecimento dessa necessidade por quem o comanda e nele atua.

Que o futebol brasileiro chegou a uma encruzilhada. Para um lado, mais do mesmo.

Para o outro, evolução e modernização. Reestruturação. Êxito.

Se não houver tal reconhecimento e atitude para mudar, afirma que os resultados continuarão sendo inferiores aos mercados mais desenvolvidos.

Diz que “é como se estivéssemos empenhados em fazer uma belíssima decoração no salão de festas do Titanic”.

Ele vai afundar de qualquer jeito.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br
 

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