Títulos de uma dívida sem sentido

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A essas alturas você já deve estar careca de saber sobre como começou a crise econômica mundial que quebrou tanta gente a ponto do Manchester United convidar até a Petrobras a patrocinar o clube. Não tá fácil arranjar patrocínio hoje em dia. A míngua é tamanha que até o Manchester United tenta mamar nas tetas do Estado brasileiro.

É feia a coisa.

Tudo por conta dos títulos podres do mercado imobiliário americano. Bastou um pessoal sem dinheiro hipotecar suas casas por umas cinco vezes, sem ter a menor condição de pagar por isso. Aí um malandrão rola o título da dívida pra uma outra negociação qualquer, o que vai criando uma bola de neve – que você já deve estar bastante cheio de ouvir falar.

O propósito desta coluna não é falar sobre a Petrobras, o Manchester ou sobre os estadunidenses. É para fazer um exercício de imaginação. Se você acha que as coisas estão ruins hoje, pare. Elas poderiam estar muito piores. Imagine como não estaria o mundo se, ao invés de títulos hipotecários dos estadunidenses, os malandrões tivessem negociado títulos de dívida pública dos clubes de futebol do Brasil?

Antes de mais nada, uma ressalva. Eu não entendo quase nada de títulos de dívida, pública ou privada.Talvez dizer ‘quase’ seja superestimar minha capacidade cognitiva. A verdade é que eu entendo lhufas. Mas imagino o que seja, de tanto ouvir o William Wack falar. Portanto, se você é um especialista na área por escolha da profissão ou por obrigação de pagamento, perdão se eu falar alguma bobeira.

De qualquer maneira, imagine que o Lehman Brothers negociasse títulos de dívida de clubes de futebol do Brasil. Ele acreditava que clubes eram instituições ricas, apesar das muitas dívidas, e que eventualmente pagariam a dívida com o governo. Se não pagassem, o governo daria um jeito que eles assim o fizessem, nem que fosse preciso inventar uma loteria para isso. É garantia certa de retorno. Por que não securitizar uma boa parte do patrimônio nisso?

Eis que o primeiro baque faz com que o governo invente a loteria. É um alerta, mas não é sinal de desespero. Afinal, a loteria promete acabar com todas as dívidas. O dinheiro vai entrar.

E eis que o dinheiro que se imaginava arrecadar com a loteria não aparece. O título de dívida do clube vira um título podre. O banco tinha boa parte do seu patrimônio em cima de valores que deixaram de existir. O Lehman Brothers quebra. E todo mundo que negociou crédito com o LB também quebra. Bancos quebram. Acaba o crédito. Empresas quebram. A crise mundial estoura. Países que baseiam a sua produção nas áreas financeiras e não de manufatura entram em recessão. Islândia, Suíça, Inglaterra, boa parte da Europa. Tudo por causa dos títulos de dívida dos clubes de futebol.

A solução?

Estatizar o futebol dos países quebrados.

Aí sim faria sentido a Petrobras patrocinar o Manchester.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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