Vias metabólicas aplicadas ao futebol: do clássico ao contemporâneo

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O corpo humano obtém energia de praticamente duas vias metabólicas (aeróbica e anaeróbica) e cinco tipos de combustíveis (adenosina trifosfato – ATP; creatina fosfato – CP; glicose – GL; lipídeos – LP e proteínas – PR). Os que trabalham anaerobicamente são ATP, CP e GL e os que trabalham aerobicamente são GL, LP e PR (aminoácidos).

Nas décadas de 1960 e 70, criou-se um modelo sequencial de metabolismo (figura 01), o qual sustentou por um bom tempo toda a base teórica da Fisiologia do Exercício e norteou muitos modelos de prescrição de treinamento.


 

Por este modelo tradicional, todas as atividades, caso se iniciem com ATP, passam por CP e depois por GL anaeróbica até a fadiga. Depois, para se manter em atividade, a intensidade então é diminuída e passa-se a utilizar GL pela via aeróbica. Havendo, então, aumento da duração (>20 minutos), utiliza-se LP (20min a 60min), e se a atividade perdurar por ainda mais tempo e sem reposição de GL, passa-se a usar os aminoácidos. Com isso, foram estabelecidos os períodos de tempos onde cada substrato (combustível energético) pode ser utilizado (tabela 01).

Embora este modelo tenha sido utilizado por muitos anos, a visão mais contemporânea admite que o metabolismo só será “sequencial” se, em todas as tarefas, as intensidades forem máximas. Neste caso, a tabela 01 estaria bem representada, porém, em atividades como o futebol, que exigem esforços intermitentes, o modelo proposto por Gastin (2001) se torna mais interessante (figura 02).


 

Um dos primeiros estudos (Gaitanos 1993) a investigar a participação metabólica (aeróbica/anaeróbica) e energética (substratos) em atividade intermitente verificou que: em 10 tiros máximos com 6s de duração e recuperação de 30s entre cada tiro, a partir do terceiro tiro houve aumento da participação da CP e da via aeróbia na produção de energia, fato que seria impossível pelo modelo tradicional.

O fato é que pelo modelo contemporâneo, alguns marcadores como frequência cardíaca, consumo máximo de oxigênio e lactato – utilizados tradicionalmente em atividades contínuas de intensidade e duração pré-definidas – poderão não se aplicar às tarefas com característica intermitentes (futebol) e, caso sejam utilizados sem critérios, poderão trazer informações desnecessárias ou inúteis.

Mas isso já é assunto para outro dia…

Até quinta!

Referências bibliográficas

Gaitanos GC, Williams C, Boobis LH, Brooks S. Human muscle metabolism during intermittent maximal exercise. J Appl Physiol. 1993 Aug;75(2):712-9.

Gastin PB. Energy system interaction and relative contribution during maximal exercise. Sports Med. 2001;31(10):725-41.

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br 

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