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 Olá, leitor! Espero que tenha tido boas festas!

Todo final e início de temporada são momentos de agitação do mercado de transferência de jogadores e profissionais do futebol. Contratos se encerram, jogadores valorizados podem render algum lucro ao clube, equipes menores que costumam fazer contratos com curta duração precisam repor jogadores perdidos, grandes equipes precisam reforçar seus elencos com o intuito de disputar títulos, treinadores perdem seus empregos… ou seja, é um dos principais momentos de atuação direta dos dirigentes.

Essa é uma situação cíclica e crucial para o bom andamento do clube ao longo dos anos, más decisões, como um contrato demasiado curto e com baixa multa a um jogador jovem e promissor, ou o inverso, um contrato longo sem uma justa cláusula de produtividade para um jogador mais velho e de difícil renegociação, podem gerar grandes prejuízos aos clubes, e, geralmente, não somente para a temporada atual.

Pensemos numa família que precisa comprar um carro. Reúnem-se, ouvem as opiniões de cada um quanto ao modelo, a cor, levam em conta para qual finalidade (viagens, dia a dia, etc.) irão usar principalmente o veículo, qual a potência do motor, número de passageiros, de portas, poder de revenda, valor do seguro, do IPVA… pesquisam em várias lojas, até encontrarem aquele que se encaixa dentro das necessidades e do orçamento da melhor maneira possível. Claro, os mais abonados financeiramente têm um processo um pouco mais simples, o que não condiz com a realidade da maioria.

Buscamos ser minuciosos, levar muitas variáveis em consideração, quando vamos adquirir um bem de alto valor. Imaginem, então, como deveria ser esta análise, no caso de um clube que deseja contratar um novo jogador ou treinador, transações que envolvem altos valores, com muitas variáveis e um alto risco. Os responsáveis devem ser muito cuidadosos e criteriosos ao realizar estas negociações, certo? Mas será que todos o são?

Billy Beane é um ex-jogador americano de beisebol profissional, atualmente é Vice-Presidente Executivo do Oakland Athletics, equipe da Major League Baseball americana. Ao final de sua carreira como atleta, Beane se juntou ao grupo de olheiros do Oakland a fim de encontrar novos talentos para a equipe. Ao longo de sua experiência como olheiro, Beane começou a questionar os métodos de como as escolhas de jogadores eram feitas. Vejamos essa cena do filme “Moneyball” (o título no Brasil é “O homem que mudou o jogo”), que conta a história de Beane no Oakland e que ilustra essa situação:

Tendo em vista a desfavorável condição financeira do clube e instigado por Sandy Alderson, seu superior e mentor no Oakland, Beane passou a desenvolver um novo método de avaliação baseado não somente na intuição dos olheiros, mas na observação detalhada das estatísticas dos atletas, para assim nortear suas decisões na contratação de novos jogadores. Beane foi extremamente questionado em seu método e teve de perseverar até obter os resultados desejados para consolidar sua atuação.

Baseado nesta nova filosofia o Oakland conseguiu excelentes resultados, chocando o mundo do beisebol ao estabelecer um novo recorde de 20 vitórias consecutivas (o antigo, do New York Yankees, perdurava por 55 anos) e alcançar a marca de 103 vitórias na temporada, a mesma marca dos Yankees, porém gastando 3 vezes menos com seus jogadores. Hoje, Beane é também consultor do AZ Alkmaar, clube do futebol holandês.

Com o método de Beane e de outros cases de sucesso ao redor do mundo, muitos clubes, e não só do beisebol, passaram a rever seus critérios e métodos de avaliação. Outros fatores, como os estatísticos, passaram ter grande peso nas decisões e não só a intuição dos olheiros. Os clubes passaram a investir mais em departamentos de análise de desempenho e de mercado; os clubes menores, com baixo orçamento, conseguiram igualar um pouco mais a disputa com os clubes mais ricos. E todo esse movimento, ano após ano, exige cada vez mais a constante qualificação dos profissionais.

Faz-se necessário que cada clube entenda a fundo aquilo que necessita, que perfil de profissional deve contratar, com que qualidades, como investir de forma sustentável o orçamento que possui, que os profissionais sejam corretos e responsáveis para com a instituição que representam e não apenas a utilizem para interesses pessoais. São necessários critérios claros e objetivos para a gestão do negócio. Tem sido recorrente a reclamação de dirigentes sobre a escassez de recursos no futebol brasileiro, este se encontra cada vez mais dependente dos recursos advindos da transmissão televisiva e de incentivos fiscais do governo, urgentemente os clubes precisam encontrar alternativas a isso, buscar maior autonomia na aquisição de recursos, ter gestões cada vez mais responsáveis, qualificadas e profissionais. Como é triste ver clubes tradicionais do cenário nacional definhando em função do amadorismo de gestão.

É notório um movimento de mudança do futebol brasileiro, uma prudência dos clubes ao desprender dinheiro, um novo perfil de treinadores e gestores, com mais qualificação e isso, a médio e longo prazo, irão gerar significativas melhoras. Vejamos o exemplo de Tite na seleção, com um perfil moderno, que realizou estágios, qualificação no mercado europeu e que busca minimizar a subjetividade em suas tomadas de decisão, após 6 jogos o Brasil, antes cotado a ficar de fora do mundial, hoje é líder das eliminatórias e o sentimento de otimismo e orgulho novamente tomou conta da torcida. É nítida a mudança do perfil do comando.

Evoluir e se reinventar é sempre preciso. Os clubes brasileiros cada vez mais percebem isso, assim, vejamos quais serão as diretrizes que irão tomar para esta nova temporada. Sobreviver neste competitivo mundo do futebol está cada vez mais difícil e é mais do que comprovado que não há mais lugar para o amadorismo no meio. Paixão? Sim! Ela é um dos propulsores deste esporte, entretanto é com grande responsabilidade e competência que este deve ser conduzido.

Até a próxima!

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