publicidade


Stefano e Cristian

por Mauro Beting em 05.nov.2015 às 18:11h

– Babbo, por que Deus matou a gente?

– Filho, foi Ele quem nos criou. Ele sabe o que faz, Cristian…

– Mas por que ele deixou aquele carro bater na gente na contramão?

– Foi um acidente. Isso acontece.

– Acidente é perder da Lazio, Babbo. Você ainda viu o Totti ser campeão. A Itália ganhar a Copa. Eu vi pouco, Babbo. Eu só tenho sete anos..: Eu só tinha sete anos…

– Cristian, a maior alegria que um homem pode ter na vida é ser pai. Eu sou de você e da Michelle. Meu maior sonho depois disso era fazer vocês torcerem pela Roma. Isso eu também consegui, filho.

– Mas que adiantou, Babbo? Você ainda foi pai. E eu? Eu queria ser campeão. Eu queria continuar viajando pelo país e pela Europa só pra ver o nosso time.

– Nem precisava ser campeão, né, Cristian?

– Não, Babbo. Só precisava ser jogo da Roma. Você me ensinou. É injusto… A gente viu o jogo contra o Bayern no Olímpico. Você me falou do Guardiola jogando na Roma e eu imaginando como deveria ter sido. Depois não lembro mais nada. Eu não tenho muito lembrança de nada. Eu sou jovem… [longa pausa]. Eu era jovem. Só sete anos.

Stefano não fala mais. Não tem o que falar. Foi tudo muito rápido. Mais um jogo. Uma goleada terrível em casa. Nada que impedisse voltar à paixão desde os oito anos de Stefano. Desde os 11 no estádio. Trabalhando até como steward. Só para estar perto da Roma. Voltando pra casa depois do jogo e um carro na contramão atingindo o deles. Cristian morreu na hora. Ele, a caminho do hospital. Assistiam a todos os jogos em Roma. Viajavam pra ver fora de casa. Conheciam Totti. Tinham foto com ele.

– Babbo, eu não quero mais ver jogo da Roma. Eu não quero ver mais nada!

– Filho… Eu não sei o motivo de a gente estar aqui. Os dois mortos. Mas eu sei que aquilo que me fez ficar junto de você não morreu. A nossa camisa gialorossa me fez viver melhor por 33 anos. E ainda melhor os últimos sete.

– Desde que eu nasci, né?

– É… Os anos mais felizes da minha vida foram com você. E eles foram mais felizes na Curva Sud do Olímpico. A gente cantando o Hino do Venditti. Vendo o Totti jogar. O De Rossi… Lembra quando você era bem pequenino e chorava em uma derrota?

– Lembro!!! O pessoal em volta tentava me alegrar. Aí uma bola caiu fora de campo e um deles veio me entregar. Foi da hora!

– Viu como é bom torcer? A gente faz um monte de amiguinhos!

– Mas você sempre falava que seria difícil sem o Totti. Que um dia ele teria de parar… E ele está lá ainda muito vivo. E a gente… Eu não quero mais ver jogo da Roma, Babbo… Não quero mais!

Stefano não consegue convencer o pequeno Cristian. Não tem o que falar. Queria ver com o filho o primeiro jogo em casa depois da partida deles. Mas resolveu deixá-lo quieto, experimentando o novo par de asas.

Cristian sabe que, lá no fundo, não foi a Roma que o matou na volta para casa. Foram coisas da vida que ele ainda não entende. Não por ser criança. Mas por ser gente. Essa mesma vida que o fez mais ligado ao pai. Foi a Roma. E ele resolveu, então, sem dar o braço a torcer, ficar perto do pai, vendo lá pela Sky (deve ser a operadora exclusiva do céu) as duas equipes italianas entrando em campo no Olímpico. Torcendo com todo o corpo. E as asinhas de anjo.

– Babbo, que camisa branca é essa que a Roma tá usando??? Todo mundo tá vestindo ela! Tem uma foto na camisa. Parece…

Silêncio. Cristian reconhece a foto dele no colo do pai em jogo da Roma no Olímpico. Todo o time veste uma camisa com a selfie dos dois.

Stefano começa a chorar. Quando Cristian enfim fala alguma coisa ao ver a imagem de uma torcedora na tribuna chorando abraçada na filha:

– Olha a Mamma… Olha a Michelle…

Cristian então senta mais perto do pai. No colo. Passa o braço pelo pescoço dele, arruma o cachecol gialorosso asobre o peito, e pergunta se ele gostou da escalação.

Stefano não responde. Revê mais uma vez a mulher Luana e a filha presentes no Olímpico. Elas não sabiam da camisa. Nem da foto dos homens da casa no telão do estádio. Elas que várias horas e alguns dias perdiam pela paixão de pai e filho pela Roma, pela Roma agora ganhavam a chance de se unir com os amores perdidos.

Quanto foi o jogo? Quando foi isso?

Honestamente, só sei que faz um ano agora.

Sinceramente? Não importa.

Jogo aberto

por Mauro Beting em 04.nov.2015 às 9:34h

Sejamos tão francos quanto somos fracos: o melhor venceu. Ou melhor: vai vencer.

Melhor ataque, melhor defesa, jogo mais bonito, compacto, consistente e “moderno” (para o bem e para o mal). O campeão brasileiro de 2015 merece o título. Como também mereceria o atual vice-líder, e, se for ultrapassado pelo por ora terceiro colocado (o que é possível), esse também merecia melhor sorte. Fortuna que quase sempre tabela com qualquer campeão – por mais que o mais que provável vencedor de 2015 não seja um time qualquer. Muito menos um clube.

Ainda não dei o nome aos bons. Não precisa. Você sabe de quem estamos falando. Cornetando ou não. O nome dos ogros você também sabe. A questão é que a excelência do campeão de 2015 também combina com péssimas arbitragens que, na virada do turno, e na grande virada do virtual campeão, na dúvida, foram favoráveis a ele – e, na dividida e na dívida, contrárias ao atual vice-líder.

Claro que pesou. Tanto quanto 11 pontos de diferença faltando 15 para serem jogados praticamente encerram as discussões. O campeão merece. E muito. O vice, por ora, também merecia melhor sorte. Um rival menos qualificado. E arbitragens menos desqualificadas. Ponto final. E 11 pontos de diferença que não se justificam apenas por isso.

Daí toda hora e todo jogo perdido dizer que o Brasileirão está “manchado” é mácula mancomunada com estratégias de quem não está sabendo ganhar e nem perder. Dando nome aos galos: para mim, dos grandes brasileiros, em competições nacionais pelos anos, o clube que mais pode chiar por erros de arbitragem é o Atlético Mineiro. Inclusive neste campeonato. O que não tira o mérito do provável campeão Corinthians. E, pelo sagrado princípio jurídico da presunção da inocência, ele será campeão pelo esquema de Tite, não dos bastidores. Até prova em contrário, somos todos inocentes (talvez mais inocentes os que achem que todos são inocentes, mas não podemos ligar o ventilador sem provas).

São situações do mesmo jogo: o Corinthians foi muito melhor que a concorrência. E a arbitragem conseguiu ser ainda pior que nos últimos anos. Por vezes as duas situações estiveram no mesmo campo. Mas nem isso justifica o mimimi e o chororô de que sempre tem esquema, que o comando da CBF é paulista (e é mesmo), que sempre os mais poderosos têm arbitragens coniventes (muitas vezes, na dúvida, o apito dobra ao som do barulho).

Não só a arbitragem, que não tem time, e não pode ter mesmo, mas é humana, portanto erra, e quase sempre segue a maioria. A mídia e o mundo da bola também seguem o mesmo jogo. Televisões, jornais, rádios, portais de internet, redes sociais, anunciantes, agências de marketing esportivo, arenas multiusos, vendedores de bilhetes, sócios-torcedores, parceiros, pipoqueiros, picaretas… TODOS, no fundo ou no raso, querem ver o Flamengo e o Corinthians na Libertadores. O São Paulo. O Palmeiras. O Vasco. TODOS QUEREM OS CLUBES COM MAIS CLIENTES, opa, COM MAIS TORCEDORES EM CAMPO. NO IBOPE. NOS PAGEVIEWS. NOS SUPERMERCADOS.

(Coloco em letras maiúsculas para não haver dúvida. Em “caixa alta”, como dizemos na imprensa, para o caixa seguir em alta).

Todos esses agentes do espetáculo não têm time e, na maioria das vezes, não jogam por ele, não fazem jogada alguma para beneficiá-lo. Mas daí dizer que não torcem por eles é distorcer a realidade.

Sobretudo Flamengo e Corinthians, quando estão bem, vendem mais este jornal, acessam mais o nosso portal, assistem mais aos meus programas e transmissões em rádio e televisão. Ponto. De audiência. Não admitir que nossos patrões e nossos diretores comerciais ficam aliviados e esperançosos quando mais gente vai consumir nosso produto é hipocrisia.

Daí haver esquema para que essa “felicidade” (ou facilidade sem aspas) aconteça é outra história. Mas nós, imprensa e mídia, se admitirmos mais claramente que nossa história é cada vez mais dependente dos clubes mais poderosos, mais independentes ficaremos de quem nos causa tanta dependência.

Esse é o nosso fair-play. Ainda que não seja um jogo tão limpo, é o nosso jogo. Aberto.

Der bomber 70

por Mauro Beting em 03.nov.2015 às 12:39h

Gerd Muller, 70 anos. 68 gols pela Alemanha em 62 jogos.

O artilheiro da Copa de 1970. O campeão do mundo em 1974. Autor do gol do título mundial na virada espetacular e merecida contra a Holanda de Cruyff.

O maior artilheiro das Copas da primeira da Alemanha em 1974 até a segunda, em 2006, quando Ronaldo o superou até ser superado por outro goleador alemão – o polonês de nascimento Klose – em 2014.

Se Romário é o rei da grande área – e é mesmo -, outro baixinho de excepcional torque e impressionante capacidade goleadora é o rei da pequena área. Ele, Muller.

Dos 14 gols em duas Copas, seis deles foram marcados na pequena área. Um de pênalti. Sete com o pé ótimo (direito), dois com o canhoto preciso, e 5 de cabeça (do baixo dos seus cinco gols). Fora os passes para os gols.

Muller que ajudou, com Beckenbauer, a mudar o status do Bayern, de segundo time de Munique de segunda divisão a um colosso mundial em pouco mais de 10 anos.

Muller que, com 17 anos, foi campeão da sétima divisão pela Alemanha em 51 gols em 32 jogos.

Der Bomber que, na primeira temporada no Bayern, na segunda divisão, marcou 43 gols em 47 partidas.

Muller que dizia que ouvia vozes em alguns lances que o orientavam no que fazer dentro da área.

Pode não ter sido o melhor centroavante que eu vi.

Mas, certamente, é quem melhor ouviu.

 

Ali tem um bando sereno – Atlético Mineiro 0 X 3 Corinthians 

por Mauro Beting em 01.nov.2015 às 19:37h

“O zagueiro que são-paulinos e palmeirenses escalariam no Corinhians” (Felipe) avançou com se fosse ponta-direita. “O cara que seria reserva de Lodeiro” (Jadson) deu mais um passe para gol do “atacante que não pode ser titular de um time campeão” (Malcom). E foi mais um belo gol do time que jogou no Horto como se estivesse no Parque Sao Jorge. 

“O armador que jamais poderia ser trocado por Alexandre Pato” (Jadson) fez outro belo lance para o artilheiro que “parece manco e não pode substituir Guerrero” (Vagner Love) passar lindo por Edcarlos e fazer outro belo gol.  

Eram 29 minutos do segundo tempo em BH. Já era o BR-15. 

– É CAMPEÃO!

O grito que nem o atleticano que acredita conseguiu calar. O fato que nenhum rival pode desancar. Nem as arbitragens que não foram felizes explicam 11 pontos de vantagem para o vice-líder faltando 15 pontos. 

E tinha mais! 

Mais uma jogadaça do time que “vai lutar para não cair” nas palavras de alguns torcedores, comentaristas e corintianos corneteiros quando perdeu Guerrero, Sheik e Fábio Santos. Troca de bola organizada pelo armador “que não consegue ter uma sequência” (Renato Augusto) até chegar ao reforço de última hora Lucca. Mais um golaço. Mais um caneco corintiano. 

Não era time para ganhar a Liga dos Campeões. Muito menos para cair tão cedo na Libertadores. Mas não há equipe hoje no Brasil que seja tão competente e capaz. Que jogue tão bem e, por muitos momentos, tão bonito. 

Equipe que saiba vencer tão lindo quanto na “final antecipada”. Partida tão exemplar que pode até tirar a segunda colocação do Galo contra um Grêmio embalado. Não que o Atlético Mineiro não tenha jogado bem. Criou uma e outra coisa. Mas faltou ao time de Levir o que sobrou na Copa do Brasil em 2014 e na Libertadores de 2013. Aquela vontade de buscar algo mais. Aquele apetite. Aquilo do time de Tite. 

Mas não é só a vontade de ganhar corintiana. É saber como. E como sabe esse Timão vencer e não se perder. 

Já é muito mais time e futebol que o penta de 2011 e o tetra de 2005 e o campeão de 1990. 

É muito – mas muito mais time – que qualquer rival no BR-15 (talvez só o Santos de Dorival Jr. possa afligi-lo como fez na Copa do Brasil). 

É o grande campeão de 2015. Até por ainda não ser. Mas ter feito tudo para isso e não cantar de gavião. Joga com seriedade. Joga com serenidade. E não deixa jogar. 

É um time de Tite. Com apetite para marcar na frente. É uma equipe cada vez melhor. Como o Tite reloaded de 2015, mais ofensivo, mais bonito de ver, e tão lindo de torcer.  É Timão para, em 2016, mais uma vez sonhar com os pés no chão. 

Para a alegria do bando de loucos defendido por esse bando sereno. 

O menino que somos nós

por Mauro Beting em 30.out.2015 às 17:38h

00000  palmeiras

Ele se ajoelhou do baixo dos seus poucos anos de idade e muitas temporadas de decepções palmeirenses. O menino não queria olhar a cobrança perfeita de Rafael Marques no ângulo de Diego Cavalieri – outro alviverde de arquibancada de menino.

Ele ainda não tinha nascido para ter visto na meta do placar do outro lado do velho Palestra a bola de Zapata explodir na placa em 1999. Nem mesmo a derrota na semifinal da Libertadores de 2001 para o Boca. Ele ainda não tinha visto pênaltis no Allianz Parque. Ele e todos. Muitos não iriam ver os 4 a 1 penais que classificaram o Palmeiras à duríssima final contra o embalado e empolgado Santos – campeão paulista de 2015 contra o Verdão nos mesmos pênaltis, na Vila Belmiro.

Mas o pequeno grande palmeirense viu o primeiro gol. À frente dele estava um alviverde mais curtido. Celso Foggi, amigo de Facebook. Antes da primeira cobrança, ele viu o menino ajoelhado. Falou ao garoto que estava de cabeça baixa, meio que orando, meio que não sabendo o que fazer – como o time dele muitas vezes não soube fazer desde que ele nasceu:

– Olhe, menino! Olhe para o nosso jogador e acredite que ele fará o gol!

Sua ordem era o desejo geral. O garoto olhou para Celso e balançou a cabeça levemente. Fez sim. E deu certo. O menino olhou para Rafael Marques e orou pelo gol. 1 a 0.

Celso virou para trás e o garoto era outro. Ou já estava menos desconfiado. O sorriso confirmava a esperança. Verde.

Jean empatou com categoria para o Flu. Um zagueiro foi bater para o Verdão… Mas não bateu como tal. Jackson, bem, 2 a 1.

O ótimo Gustavo Scarpa era o segundo batedor tricolor. Até então, todos os destros bateram e fizeram e nenhum dos ótimos goleiros (também na arte de defender pênaltis) apareceram nem nas fotos de craques como César Greco.

Um canhoto já errara um pênalti – Zé Roberto, no lance do segundo gol de Barrios. Como canhoto, mandou no canto preferencial (o esquerdo, cruzado). Diego defendeu no tempo normal. No mais anormal dos tempos (o dos pênaltis), normal só mesmo um goleiro palmeirense defender como Prass.
Estava escrito por todos os anjos e o santo Marcos. Prass finais. Estava falado pelo meu amigo de FB:

– Garoto, agora você tem que olhar para o Fernando Prass e acreditar que ele vai defender o pênalti, certo?
– Certo!

Certo no canto foi Prass. Certíssimo é o santíssimo defensor da Academia de Goleiros do Palestra, do Palmeiras, do Allianz Parque. Tudo azul na meta verde.

Quando Prass defendeu como se estivesse em Itaquera, Celso virou para trás e viu o menino mais alto que ele, de tanto que pulava, sorria, gritava.
Quando o menino viu o velho conselheiro de arquibancadas, esticou os bracinhos para ele o abraçou como se o conhecesse desde o berço recente.

– Aí eu chorei. Já li que explicar a emoção de ser palmeirense é impossível, mas ali se fez possível nos olhos e no rosto daquele pequeno grande palmeirense.

Cristaldo, outro que veio do banco como um Fedato do século XXI, bateu e fez 3 a 1. Era a vez do zagueiro tricolor. Bateu como tal. Mas achando que fosse Rivellino da Máquina Tricolor. Deu paradinha e isolou a bola com uma cavadinha que cavou a fossa do Flu. Gum? Booom!

Era só o outro que veio do banco marcar. Tudo estava em Allione. All in one (sorry, leitores). Four-one. 4 x 1. Palmeiras classificado.

O adulto Celso celebrou como criança. A criança atrás de Celso aprendera a torcer como adulto nos pênaltis. Mas… Pensando bem de tanto penar mal com tantos penais nos ombros, melhor abusar de Verissimo: “não existe maneira adulta de torcer”.

Não tem mesmo. É buá na boa, é mimimi na miséria.

Ontem, Celso Foggi me procurou pelo inbox:

– Mauro, passei o dia pensando nisso que te descrevi aqui pelo FB. Não sei porque isso aconteceu, mas foi assim. Pensei o motivo de eu não ter tirado uma foto com este menino que ali, naquele momento, foi meu amuleto. Aí, agora, meu irmão me mostra do celular dele a foto do garoto ajoelhado. “Não é esse o garoto que você falou pra mim hoje?” E mais uma vez esse pequenino me encheu os olhos de alegria. Essa foto foi publicada na página do personagem fictício do Marcelo Oliveira, também escrevi a ele, mas quis dividir isto com você por ter vivenciado pessoalmente as emoções transmitidas em todos os textos que você publica.

Obrigado, Celso, pelas palavras, história e confiança.

Parabéns, jovem palmeirense, pela esperança, oração, credo e fé.
Não sei quem você é. Não sei o seu nome. Mas sei o que é mais importante: você é dos nossos.

Chapecoense 2 X 1 River Plate – Uuuuuuu!!!

por Mauro Beting em 30.out.2015 às 10:49h

A bola bateu na trave do River. Se sai o gol no último lance, teríamos pênaltis na Copa Sul-Americana. Um sonoro e merecido 3 a 1.  
Seria uma senhora vitória do clube brasileiro que abriu a contagem, levou o empate, e ainda seguiu melhor. Teve um lance não marcado no primeiro tempo que seria cartão vermelho para o zagueiro argentino e poderia ter mudado a sorte da partida que parecia definida desde os 3 a 1 em Buenos Aires para os donos da casa. Ainda mais com os desfalques do clube brasileiro na volta. 
Foi grande o eliminado. Ainda mais sendo a Chapecoense em sua estreia internacional. 

Histórias de filhos para pai

por Mauro Beting em 30.out.2015 às 10:47h

Haroldo é de Natal. Presente potiguar de belas praias e sol todo o ano. Ele é de 1932. Ano da revolução de São Paulo. Reviravolta mesmo foi quando ele se mudou para a capital paulista. Do sol 365 dias à terra da garoa e da fumaça. Foi em 1951. Ano das Cinco Coroas do Palmeiras bicampeão da Cidade de São Paulo. Campeão paulista. Do Rio-São Paulo. Da Copa Rio. Quando o Palestra foi Brasil. O primeiro campeão intercontinental pelo país.

O irmão mais velho do Haroldo o levou ao Pacaembu em 1951. Ficou apaixonado pelo verde e vestiu a casaca. O fraque foi logo depois com Eunice. Prima de segundo grau do Lima que jogou em 1935 no Palestra. Tudo em família.

Nasceram duas palmeirenses. E o caçula, em 1969. O teste do pezinho foi quente. Nasceu campeão do Robertão. Com o nome do pai. Haroldo.

Em 1970 o pequeno Haroldo já torcia sem saber no Palestra. Cresceu com Leão, Luís Pereira e Leivinha. Dono da camisa 8 que sempre vestia nos jogos ao lado do pai. Ele sempre de 10. Divino da Guia.

Estavam juntos quando Ademir entrou em campo com o filho Namir pelas mãos. No jogo das faixas de 1976. 2 a 1 no Corinthians. Show e golaços de Jorge Mendonça. O herdeiro da 8 do pequeno Haroldo. Herança de pai de Natal. Presente de todos os natais dos Haroldos.

Perdeu a final para o Guarani no BR-78. Não sabia que ali se despedia do ídolo Leão. Ali começava Gilmar que era de Presidente Altino, Osasco. Onde eles foram vizinhos por 14 anos.

A alegria dos 5 a 1 de Telê em 1979. A penúria de 1980. Taça se Prata. Aparta o Darinta! Fila! XV? Braga? Ferroviária? Que trem é esse?

A estação só mudou em 1993. A Via Láctea da Parmalat fez os Haroldos viajarem por São Paulo. Foram em 30 jogos pelas estradas. O garoto sempre do lado direito para abraçar o pai com a mão esquerda sobre o ombro do Haroldo mais velho.

Dava sorte. Deu certo.

Lado a lado nas vacas magras do novo século até a alegria de 2004. Igual ao pênalti de Marcos de 2000. Tinha mais um palmeirense em campo. Henrique.

Assim foram os três no velho Palestra até 2010. Em 2011 perderam Eunice. Logo depois o seu Haroldo foi perdendo 1951, 1959, as Academias, a memória que só um palmeirense pode ter.

O Alzheimer fez do filho Haroldo o pai do Haroldo pai.

Assim mesmo eles iam ao Pacaembu. Esquecendo a vida. Mas a recuperando pelo Palmeiras.

O que a doença o tirava do ar, aquele mesmo verde que o acolhera em 1951 o escolhera para reavivar a família. Conta o filho:

– Durante a semana, com a rotina, ele ficava com a cabeça baixa, e normalmente sonolento devido ao medicamento. Mas no sábado ou domingo que eu dizia que iria levá-lo ao jogo ele já mudava…

O velho Pacaembu reanimava Haroldo.

– Na chegada ao estádio, pedia um sorvete e incrivelmente a memória ativava. A feição com sorriso e a cabeça sempre erguida.

No estádio, com o Palmeiras em campo, independente da fase brava, seu Haroldo conversava com todo mundo, dava risada de tudo, reclamava do juiz e, quando perguntado de algum jogo ou placar, respondia na hora.

O Palmeiras continuava em algum canto perdido do vovô Haroldo. Perdido, não. Ganho.

O time do coração fazia Haroldo mais Haroldo. Mais Palmeiras.

Quando o Verdão voltou para casa, em 2014, meses depois a doença o levou. Em 13 de julho de 2015. Uma semana antes ele celebrou os 4 a 0 no São Paulo, pela TV. Vibrou muito. E ainda pediu a permanência de Valdivia. Nem o chileno e nem o potiguar permaneceram.

Mas Haroldo ainda conseguiu conhecer a casa nova.

00000

 

Ele voltou ao velho novíssimo lar. Com o neto foi torcer. Na foto estão mais de 60 anos de família unida pela cor e pelo credo. O filho Haroldo tirou a foto. Desta vez ele não estava do lado direito do pai. Mas havia o velho Haroldo imitando o gesto de sempre da mão no ombro esquerdo.

Não era o filho dando a mão ao pai. Era o avô dando ao neto o legado das gerações.

A memória do vovô Haroldo não era mais a mesma. Mas eu jamais vou esquecer quem eu não conheci.

Não é preciso ser Palmeiras para entender uma tradição de família. Basta ser torcedor para sacar que o código genético ainda não foi decifrado. Mas a genética futebolística não precisa de explicação.

É só ir a um estádio. Qualquer um. É só ensinar uma camisa, um hino, uma bandeira, alguns nomes.

O seu bastão foi passado. Basta.

Obrigado, vovô Haroldo, pelo Haroldo e pelo Henrique. E, também, por ter chamado ontem o Oberdan Cattani e o Fábio Crippa para ajudarem o Prass a defender aquele chute do Fred no final do jogo.

Ali é Palmeiras. Aqui é a memória.

 

00

 

29 de novembro de 2012.
Uma quinta-feira pela manhã.
Dois palmeirenses me deram essa bandeira que coloquei aos pés do meu pai. A oficial veio logo depois, entregue pelo presidente do clube.
Dezoito dias antes, o Fluminense foi campeão brasileiro ganhando da gente com um show de Fred.
Exatamente (e erradamente) uma semana antes da nossa queda definitiva contra o Flamengo.

Uma semana depois, meu pai teria um rebaixamento de consciência com o AVE que o levaria naquela madrugada de 29 de novembro.
Minha queda definitiva.

Não lembro ter chorado quando meu pai nos deixou naquele 29 de novembro. Disse ao mundo que ele partia. Eu estava ao vivo, na rádio.
Dei entrevistas nas TVs durante o dia. Beijei e abracei muita gente, a família foi abraçada e reconfortada por muitos brasileiros.

Minha mulher sempre esteve comigo.

Também não lembro quando fui abraçar meus filhos. Só sei que eles souberam pela internet do avô. Não sei dar notícias ruins. Apesar de eu ter dito a todos que ele tinha partido, aos meus não disse.

Nem conseguiria.

Dois anos e exatos 11 meses depois, em uma madrugada de 29 de outubro, também não estou chorando pela vitória nos pênaltis contra o Fluminense.

Comentando o jogo pelo Fox Sports, não se sofre – apenas se trabalha. Não se torce – apenas se observa.

Mas quando o microfone é desligado, quando se celebra depois pelo celular com os filhos, a mulher, primos e amigos a classificação suada e sofrida desse Palmeiras “que ainda nos mata mas nos faz cada vez mais vivos”, nas palavras do amigo Vítor, não tem como não imaginar como o velho JB estaria vendo o jogo.

Quer dizer, como ele não estaria vendo.
Ele não via. Nem ouvia.
Ele não torcia, apenas sofria.

Um dos caras mais otimistas que vi não conseguia ser otimista vendo o Palmeiras. Fosse Academia de Ademir ou qualquer porcaria sem ter onde cair, meu pai não via mais jogo. Não ouvia mais partida.

Ele desligava. Fingia estar. Mas não estava.

Agora, eu só queria estar com ele ao telefone contando mais um jogo que ele não viu. E, mesmo assim, ele bolaria uma partida heroica a partir do que ele não sabia.

Ele criaria algo do tipo de um pênalti perdido e depois convertido, de um atacante rival quebrado marcando gol, de um gol anulado no último minuto, de um milagre de Prass no último segundo.

E, claro, aqui é Palmeiras, de um goleiro defendendo o pênalti decisivo.

Esse é o jogo que meu pai inventaria sem ter visto.
Esse é o jogo que Deus inventou para a gente continuar convivendo com quem a gente não pode mais ver.

Se você também perdeu o seu pai, estamos juntos.

Se você ainda pode torcer com seu pai, vá por mim: acorde ele agora mesmo, 3h12 da manhã, e comente todos os lances da partida.
Até ele cair no sono do outro lado do telefone.

Vá por mim. E faça por você.

Boa noite, Palmeiras.
Obrigado por cobrir o sono do meu pai, e os sonhos dos filhos e netos.

Mata-mata o sócio-torcedor joga junto

por Mauro Beting em 30.out.2015 às 10:39h

Os dados são do Palmeiras. Mas batem com o de outros clubes. Não é um libelo a favor do mata-mata 100%. Mas é interessante: na Copa do Brasil, no Allianz Parque (ou Arena Palestra, como exigem alguns diretores comerciais de empresas de comunicação que não podem exigir nada por estes dias), a venda de ingressos pela internet aumenta e presença de STs é maior.

Sem contar com os números de quarta-feira, com exceção do jogo contra o Atlético Paranaense pelo BR-15 que vendeu 100%, o recorde foi o jogo citado abaixo contra o Botafogo de Ribeirão Preto, pelo SP-15, como o maior em venda pela internet.

Os jogos citados abaixo, contra o Santos, pelo SP-15, e ASA, Internacional e Cruzeiro, pela Copa do Brasil, foram os recordes com presença de Sócios-torcedores no estádio em 2015.

SP-15

Palmeiras 1×0 Botafogo-SP, semi-final

Internet: 82,4% (Dos 35.436 pagantes, 29.202 compraram pela internet)

Presença de ST: 68,3% (Dos 35.436 pagantes, 24.233 eram sócios-torcedores)

Palmeiras 1×0 Santos, final

Internet: 73,5% (Dos 39.749 pagantes,29.023 compraram pela internet)

Presença de ST: 70,4% (Dos 39.749 pagantes,27.849 eram sócios-torcedores)

Copa do Brasil

Palmeiras 5×1 Sampaio Correa, 2ª.Fase

Internet: 79,1% (Dos 24.482 pagantes, 19.336 compraram pela internet)

Presença de ST: 64,5% (Dos 24.482 pagantes, 15.746 eram sócios-torcedores)

Palmeiras 0x0 ASA, 1ª.Fase

Internet: 77,3% (Dos 17.558 pagantes, 13.587 compraram pela interner)

Presença de ST: 71,7% (Dos 17.558 pagantes, 12.590 eram sócios-torcedores)

Palmeiras 2×1 Cruzeiro, oitavas-de-final

Internet: 76,8% (Dos 24.885 pagantes, 19.131 compraram pela internet)

Presença de ST: 69,9% (Dos 24.885 pagantes, 17.397 eram sócios-torcedores)

Palmeiras 3×2 Internacional, quartas de final

Internet: 78% (Dos 33.988 pagantes, 26.507 compraram pela internet)

Presença de ST: 68,1% (Dos 33.988 pagantes, 23.163 eram sócios-torcedores)

Santos 3 X 1 São Paulo – Sem Ceni, sem senso

por Mauro Beting em 29.out.2015 às 7:27h

O maior vencedor de títulos mundiais do Brasil. Todos com ele no elenco. Três Libertadores. Idem. 

Seis vezes campeão brasileiro. Quatro delas com ele como atleta do clube. 

Mas, desde 1989, um ano antes dele chegar ao Morumbi, o São Paulo não sabe vencer a Copa do Brasil. 

Também não soube conquistar a Taça Brasil, que jamais disputou. Nem o Robertão, que durou até a inauguração completa do estádio, em 1970. 

Mas a Copa do Brasil é daqueles campeonatos que um vencedor como o São Paulo tinha mais é de ter ao menos um caneco na galeria. 

Vão saber os deuses, juvenais, aidares e juvenis o porquê de não ter. 

Eu não sei. 

O que soubemos na Vila é que o Tricolor não só perdeu feio mais uma vez para o Santos que tem jogado lindo. Em 23 minutos definiu tudo. Em 23 minutos fez de novo mais que o rival em 23 jogos. Ou mais. 

O São Paulo voltou para o segundo tempo já virtualmente eliminado sem a referência. Ainda mais perdido em campo e na Copa. Voltou perdido e mais partido do que está como instituição. 

Voltou sem o 01. 

O HER01. 

O São Paulo que não mais se reconhece como clube fidalgo (apenas figadal) estava sem Rogério na meta. Estava sem as metas cumpridas. Desconhecidas. Na base do não sabemos quais são. Mas, quando chegarmos a elas, iremos dobrá-las. 

Não. Mais uma vez se curvou. Até fez um gol que repetiu o placar do Morumbi, na segunda etapa. 

Mas, uma vez mais, não se repete mais o São Paulo soberano. Sabedor do que faz e do que os outros não conseguem repetir. 

Nau à deriva. Doriva não é solução. Muito menos o problema criado por um ex-presidente autoritário e continuísta que se perpetuou perpetrando manobras políticas que criaram monstros que destruíram um passado recente vitorioso. Valoroso. 

O são-paulino não merece esse momento ruim. Ainda que semifinalista da Copa do Brasil. Ainda que com chances de chegar até a Libertadores pelo G-4 do BR-15. 

O torcedor não está acostumado a sofrer. Por isso também está perdido. O tricolor está acostumado a Rogério. Por isso estará ainda mais órfão sem o maior nome do clube fora de campo, do vestiário, do CT e do Morumbi. 

É inominável é indescritível o que será o São Paulo sem Rogério. É tudo isso é mais 10% o que fizeram com o clube no mandato ampliado de Juvenal e no desmandado abortado de Aidar.

Leco terá tarefa dificílima de reconstrução institucional, de reformulação no elenco, de reforma financeira.  

Mas o que pesa ainda mais é o que se viu na Vila. Um bando desorientado que vai ao vestiário perdendo por 3 a 0 para a máquina de gols de Ricardo Oliveira, Lucas Lima e até Marquinhos Gabriel e volta sem Rogério.

Antes fosse só no Sansão. Não será. Antes fosse ainda o São Paulo. Não tem sido. 

O Clube da Fé vai precisar honrar a tradição. O clube. A fé. 

Vai ter de reformar o Morumbi. E não só na estrutura e na cobertura. Vai ter de reformar o clube. Se não será necessário refundá-lo como em 1935, será preciso varrer o entulho totalitário e os esbulhos presidenciais. 

Rogério merecia um momento melhor para dizer adeus.

O são-paulino que aproveite os últimos jogos do M1T0 antes que acabe. Antes que acabem com a imagem do clube “diferenciado”. São Paulo que perde o goleiro-artilheiro batedor de tudo e que não perdia um só jogo e que agora perde um tempo de jogo por ter se lesionado batendo tiro de meta. 

O santista que aproveite o momento iluminado de 14 vitórias em 14 jogos em casa com Dorival para bater no peito e seguir batendo bola bonito. Dá pra chegar na Libertadores pela Copa do Brasil e pelo BR-15. 

Dá pra fazer ainda mais. 

Palmeiras 2 X 1 Fluminense – 4 X 1 nos pênaltis – Fred e Prass

por Mauro Beting em 29.out.2015 às 0:43h

Fred não merecia perder o jogo. E ele foi à luta. Foi ao Allianz Parque lotado e encantado pela torcida que cantou sempre e vibrou quase todo o tempo com 60% de suas condições físicas. Ainda assim, Fred é melhor meia-boca que outros jogando 200% meia-bola. Mesmo perdendo o jogo e sendo eliminado nos pênaltis, Fred foi um vencedor. É o que é. Um predestinado. Um jogador. Um guerreiro. Um torcedor. Um Fred. O Flu.

O cara que aproveitou a bola cruzada da direita depois de erro de Dudu no contragolpe e fez o gol que o Fluminense merecia marcar, aos 24 do segundo tempo. O goleador bicampeão do Brasil que salvou o clube do rebaixamento em 2009 e que quase faz mais uma vez algo além da própria história aos 47 finais. Quando finalizou uma bola que ele, provavelmente, em condições ideais, teria empatado e classificado o Tricolor.

Chance, porém, que Fernando, mais uma vez, não deixou entrar. Como em Itaquera, pelo SP-15, o arqueiro alviverde defendeu em nova semifinal a hashtag #PrassFinais. Foi a terceira grande defesa de mais um daqueles jogos bem definidos pelo amigo Vitor Galvão: “O Palmeiras ainda me mata. Mas, até la, ele me faz viver”.

Foi isso. Em 3min59s fez um gol com Barrios em passe de Robinho (retorno importante ao meio-campo), e ampliou com o paraguaio em pênalti sofrido por Gabriel Jesus e muito bem marcado pela arbitragem (a falta começa fora e acaba dentro). Tudo isso com apenas 17 minutos. O que o apito foi mal no Maracanã com Leandro Vuaden (um pênalti que eu não daria em Zé Roberto e um gol que eu não anularia de Amaral), Anderson Daronco e os assistentes acertaram muito. Inclusive anulando o que seria o terceiro gol paulista, de Dudu, aos 44 finais, em posição de impedimento. Embora o árbitro pudesse ter deixado o Tricolor bater o escanteio quando faltavam menos de 10 segundos para acabar o jogo. Regra 18 que colegas viram como erro capital.  Um escanteio…

O Palmeiras mais uma vez não soube segurar a vantagem e a bola na frente e enfrentou um Fluminense que mais uma vez ficou com a bola –  mas faltou concluir mais e melhor. Bem definiu meu colega de transmissão no Fox Sports: “O Palmeiras é vertical demais; o Fluminense é horizontal demais”. É isso, Mário Sérgio, craque tricolor em 1975, e palmeirense em 1984-85. Também por isso os 180 minutos pediram os pênaltis decisivos.

Se, em momentos das últimas partidas, parecia que os dois times mereciam ser eliminados pelos erros defensivos, no frigir das bolas, acabaremos tendo uma grande decisão –  com um grande favorito da hora: o Santos (resta saber se, até dezembro, na mesma condição).

Afinal, o futebol prega peças e desconstrói outras. O maior vencedor de títulos nacionais nunca será uma zebra em decisão. Ainda mais com Prass iluminado nos pênaltis. Pegou o de Scarpa que escorregou com felicidade e qualidade de goleiro que sabe pegar pênaltis. No de Gum, nem precisou acertar nada com o erro do zagueiro. Erros que, no Allianz, nos pênaltis, o Palmeiras não cometeu. Até “golaço”  marcou com Rafael Marques. Até zagueirão bateu bem com Jackson. Até os outros reservas como Cristaldo e Allione decidiram.

Veio do banco a classificação palmeirense. Ainda que nem sempre de Marcelo Oliveira venham as melhores ideias para o time.

Mas como discutir um tetra finalista de Copa do Brasil nos últimos cinco anos? Sim, ele perdeu três delas. Mas, sim, chegou até elas. Melhor que o desempenho até de alguns dos campeões desde 2011.

Merece respeito como um perdedor que merecia melhor sorte. Como Marcelo. Como Fred.

Futebol também é assim.

O perdedor do pênalti no tempo normal (Zé Roberto) acabou também vencedor com o rebote convertido por Barrios, na falha de Marlon, no segundo gol verde. O jogo vira e muda rápido. A gente que é meio devagar para entender.