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Eu deveria prestar uma homenagem ao Armando Nogueira.

Deveria, mas não vou. Não que eu não ache que ele mereça uma homenagem, muito pelo contrário. Ainda que eu não tenha acompanhado sua época de ouro, Nogueira foi fundamental para inspirar outros tantos que hoje servem para me inspirar.

Além do mais, qualquer homenagem a Armando Nogueira necessitaria ser feita em poesia. E realmente não sou muito bom com poesia. Não sou nada romântico. Quando alguém fala que daria a lua de presente para o seu amor, eu fico pensando que diabos o amor da pessoa faria com a lua que acabou de ganhar. Pra quê ganhar uma? Não é melhor uma caixa de bombons? Mas falar pro seu amor que você daria uma caixa de bombons também não me parece ser nada romântico. Enfim. Eu não gosto de poesia. Não sei fazer e não entendo. Logo, não tenho como gostar.

Não sendo uma pessoa poética, portanto, eu não poderia tentar ser um discípulo de Armando Nogueira. Porque pra fazer isso não se pode ficar pensando que se um lenço de papel fosse realmente um enorme latifúndio para o Mané Garrincha, o Brasil tem muita sorte de ele ter escolhido ser jogador de futebol ao invés de líder do MST. Elza Soares na Via Campesina seria o terror encarnado.

Eu posso, porém, tentar ser um discípulo da Mãe Dináh.

Isso porque eu acho que escrevi há um certo tempo que pra fazer dinheiro na Copa do Mundo de 2014 seria interessante investir na indústria contraceptiva, já que o Brasil é um dos maiores, senão o maior, destino de turismo sexual do planeta e o fluxo de turistas estrangeiros ávidos por fazer parte desse circuito sem deixar filhos para exigir heranças deve ser bastante grande. Ou isso, ou advogado de família, justamente para ajudar esses filhos a exigir as heranças correspondentes. Eu inclusive defendi essa ideia publicamente em um seminário realizado em Curitiba. Obviamente eu não fui levado a sério. Que nem a Mãe Dináh.

Entretanto, assim como a Mãe Dináh, tudo indica que eu tenho uma capacidade ímpar de prever o futuro. Nós, videntes, temos que conviver com a frequente descrença geral, mas o futuro nos prova verdadeiros. Eis que no começo de março eu comprovei não ser uma fraude. Afinal, o governo britânico anunciou que irá doar 42 milhões de camisinhas à África do Sul depois que o país fez um pedido formal de doação de 1 bilhão de preservativos.

Tudo bem que a questão não é necessariamente evitar a proliferação de herdeiros, mas sim a preocupação com a taxa absurda de 20% da população adulta sul-africana infectada pelo vírus HIV. Ainda assim, mostra que há lógica na relação entre a Copa do Mundo e as atividades sexuais. E, volto a dizer, ninguém no Brasil se preocupou com isso ainda. E nem vai se preocupar, afinal nem estádio tem ainda. Isso dá uma noção da confusão de medidas e necessidades que vai tomar conta do país nos próximos quatro anos. Vai ser uma zona. No bom e no mal sentido. Até a Mãe Dináh consegue prever isso.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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