A opinião de treinadores sobre a formação de jogadores

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O tema formação de jogadores vem nos últimos anos despertando reflexões constantes a todos profissionais. Formar é uma palavra que carrega fortes significados. Também, ao mesmo tempo, abre um leque para diversas interpretações. O que é realmente formar? Há um modelo único e mirabolante para formar jogadores? Os jogadores podem ser formados em séries feito indústrias? Se ensina ou se aprende na formação? Se forma ou se deforma?

A diferença cultural de cada região, a forma como se olha para a vitória, a forma de jogar do clube, a forma de jogar que o treinador quer, o perfil de captação, os critérios de dispensa, o uso de um padrão ou não metodológico uniformizado para todas as categorias, o perfil dos jogadores, períodos de desenvolvimento, indicadores evolutivos; vários são os fatores que influenciam na construção do jogador, todos importantes. Mas o que é mais importante realmente?

Esses aspectos, até certo ponto, criam várias escolas formativas distintas. E há dilemas em cima disso: formar por formar? Formar para o clube? Formar para o mundo do negócio? Ou formar para o jogo?

Será que entender o jogo de maneira rica e variável não abarcaria todas essas possibilidades acima abrindo o leque?

É aí que entra o treinador, que é simplesmente um facilitador. A liberdade para os jogadores interagirem, o poder intrínseco camuflado de sua atuação, suas competências evolutivas, seus desafios diários, a forma de transmitir a paixão pelo jogo em cada exercício, a exigência diária e a sensibilidade formativa, marcam os jogadores, mais que muitos traços culturais, metodológicos ou filosofias sagradas tidas como manuais formativos.

Por isso, nada melhor que ouvir a opinião de 4 treinadores que trabalham com futebol formativo para ajudar entender a complexidade desse conceito:

“Quando se fala em futebol de base ou de qualquer outro processo específico de formação desportiva é falar de um conjunto de fatores, complexos, que podem assumir diferentes ângulos de visão e entendimento por parte de diferentes agentes. O treinador Português Carlos Queiroz fala que o futebol de base é fundamentalmente falar do futebol de amanhã. Se formos partir desse princípio no qual também acredito, se queremos para “amanhã” um futebol evoluído,  em constante aperfeiçoamento, com melhores jogadores, melhores equipes e melhores resultados, precisamos começar um trabalho “hoje”, porém sempre pensando à longo prazo”. (Fernando Gil, treinador da equipe Sub 20 e Auxiliar do Profissional do Tubarão)

“A base deve desenvolver o atleta de forma que, o mesmo tenha autonomia dentro do contexto do jogo, através das melhores escolhas e respostas, que aquele instante/momento exija. Potencializar a técnica, tática individual e coletiva, como um todo (sistêmica) e não em partes, esses são pontos essenciais ao meu ver no processo de formação de jovens atletas”. (Fabio Matias, treinador da equipe Sub 17 do Internacional)

“Penso que na formação devemos, usando diversos recursos didáticos diferentes, buscar que o atleta conheça o jogo de futebol em profundidade, as suas possibilidades, vantagens, a lógica e que desenvolva confiança e criatividade para experimentar e buscar soluções para os problemas. É fundamental desenvolver os recursos técnicos e motores, que são as ferramentas do jogo, mas contextualizadas de forma a dar independência para o atleta. A velocidade nas ações e nas decisões são tão importantes quanto à qualidade delas. A educação e o caráter também são indispensáveis, pois antes do jogador lidamos com a pessoa”. (Gustavo Nabinger, treinador da equipe Sub 15 da Ponte Preta)

“O mais importante na formação de jovens jogadores não é o ensino intelectual, relacionado com a lógica e a razão, mas sim o ensino emocional, o que afeta as nossas emoções. A lógica e a razão vêm depois para explicar ou justificar o que as emoções expressam livremente. Dizia Johan Huizinga que “o jogo é anterior a cultura”. Em minha opinião, o importante na formação de jovens jogadores é a liberdade, entendida desde o amor que surge quando não há limites, quando se aceita una convivência igual entre todos no processo”. (Kevin Vidaña, treinador Espanhol)

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As diferenças de conceito são nítidas, e isso é bom. A unanimidade sempre obscurece a natureza desse mundo diverso e singular. Cada contexto e cada momento exigem possibilidades distintas ao longo de um processo.

A formação, num contexto geral, está muito condicionada a ideias artificiais e mecanizada, negligenciando o fato que todos os jogadores possuem capacidades diferentes. Todos são diferentes, e o jogo demonstra diferenças, simplesmente. Então não adianta ser especialista ou generalista se não se perceber “a natureza natural do processo”.

Será que a formação formal e feita por conceitos sofisticados com abuso de recursos não tira a natureza interativa dos jogadores com o jogo e seus companheiros?

Frade fala que “a formação deve estar balizada por uma determinada qualidade que é o jogar futebol e, se o futebol for rico, tiver uma visão rica, tem invariância e tem diversidade”.

É claro, cada processo tem a sua riqueza potencial, mas muitas vezes a maior riqueza está na aparente pobreza que é jogar o jogo sem adornos, se reconhecer dentro dele e interagir dentro dele.

É, os treinadores não jogam mas podem fazer jogar para um melhor formar.

Afinal, o que é realmente formação de treinadores?

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