Ocupar uma posição destacada e de hegemonia no cenário do futebol mundial é algo que deixa uma grande parcela de brasileiros orgulhosos, mas paradoxalmente nos faz muito mal.
A prepotência e auto-suficiência que em certas ocasiões tomam conta de jornalistas esportivos, torcedores, profissionais, dirigentes e atletas de futebol, muitas vezes criam um clima que impedem o melhor desenvolvimento desta modalidade esportiva entre nós.
Como nos ensina Bernardinho, o nosso hexacampeão do vôlei, uma equipe vitoriosa é aquela formada por pessoas permanentemente insatisfeitas e inconformadas. A busca da superação é sempre o grande combustível que as leva para frente em busca de novas conquistas e que requer também certa dose de humildade.
Quando vamos entender que além dos talentos que possuímos em grande quantidade, precisamos de organização, planejamento e pensamento interdisciplinar? Enfim, uma abordagem capaz de integrar, com sabedoria, os esforços de todos: atletas, comissão técnica e responsáveis administrativos.
Hoje em dia são muitas as áreas que interferem e podem contribuir no rendimento esportivo de um atleta e da equipe como um todo.
O Milan, por exemplo, inaugurou em 2002, o chamado Milan Lab, um centro de pesquisa, acompanhamento e orientação para otimizar a performance esportiva e prolongar a vida útil de seus atletas. Não é por acaso que atletas como Inzaghi, 33, Serginho, 35, Cafu, 36, Maldini, 38 e Costa Curta, 40 anos, têm participado de conquistas importantes do clube nestes últimos anos.
A idéia básica é integrar, dentro de um pensamento interdisciplinar, os conhecimentos disponíveis nas áreas da fisiologia, bioquímica, medicina esportiva, psicologia, nutrição, tecnologia, além das questões técnico-táticas evidentemente.
Mas idéias como estas, infelizmente, soam como estranhas em nosso meio. Apesar de possuirmos grandes profissionais em diferentes áreas que dão apoio ao trabalho da comissão técnica no futebol, ainda estamos muito longe de conseguirmos realizar atividades que integrem verdadeiramente todas estas áreas em busca de melhores resultados.
Tomara que não esperemos perder a hegemonia para começarmos a agir.
Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br