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Tivemos no Brasil, durante o transcorrer do século 20, alguns períodos onde o autoritarismo imperou enquanto regime político. O primeiro período foi de 1930 a 1934. O segundo durou de 1937 a 1945. O mais recente, e provavelmente o mais trágico, foi o que durou oficialmente de 1964 a 1985. Depois disso o Brasil começou a viver um período chamado democrático.
 
Mas analisando o futebol brasileiro nesta perspectiva política fico em dúvida se realmente vivemos um período que possa autenticamente ser considerado como democrático.
 
Não obstante à evolução e progresso evidentes em muitos setores de nossa sociedade, a instituição futebol insiste, em pleno século 21, em continuar extremamente autoritária.
 
E este autoritarismo pode ser observado a todo momento nas atitudes dos dirigentes, dos treinadores e até dos jogadores de futebol.
 
E isso ocorre porque a mentalidade democrática não é algo que se instaura por decreto. Sabemos que a democracia, por si só, não faz milagres e nem surge do nada. É algo que tem que ser construido por todos, coletivamente, dentro de todas as contradições em que vivemos.
 
Em termos de futebol e rendimento, temos que reconhecer até que, em certas circunstâncias, é justamente a atitude autoritária que consegue resultados mais imediatos. Daí a dificuldade da implantação de propostas mais abertas, modernas e humanas para o futebol brasileiro.
 
Particularmente não vejo como as posturas autoritárias podem ser superiores às democráticas no sentido de se estimular as decisões grupais, as participações coletivas, a criatividade, a espontaneidade e a inovação, ingredientes tão essenciais para o futebol deste novo século.
 
Se quisermos manter a hegemonia do futebol brasileiro no cenário mundial temos que caminhar na direção do processo de democratização de nossas instituições, das quais o futebol faz parte.
 

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