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Demorou, mas aconteceu. Finalmente a Uefa baixou a bola e resolveu aceitar os fatos como eles são. Aconteceu aquilo que todos nós grandes nacionalistas sempre soubemos. Valeu a pena não desistir. Nunca. Jamais!
 
O futebol brasileiro é um exemplo para o mundo.
 
E não sou eu quem tá dizendo, é a Uefa.
 
Sim. Arregale os olhos e continue lendo, pois vou me repetir: a Uefa admitiu que o Brasil é um exemplo a ser seguido pelo mundo do futebol. Sério. Quem disse isso, na verdade, foi Andy Roxburgh, diretor técnico da Uefa, no editorial da quinta edição da Uefa Grassroots Newsletter.
 
Para contextualizar, Andy Roxburgh é diretor-técnico da Uefa desde 1994, cargo que começou a desempenhar um ano depois de ter largado o papel de técnico da seleção escocesa de futebol, que havia assumido em 1986, sucedendo o hoje Sir Alex Ferguson. E sim, as datas estão corretas. Andy Roxburgh foi de fato o técnico da seleção escocesa na Copa de 90, aquela que tinha sete titulares com o sobrenome MacAlgumacoisa, que enfrentou o Brasil de Lazaroni e foi derrotada por 1 a 0, gol de Muller aos 37 do segundo tempo.
 
Curiosamente, Andy Roxburgh enfrentou uma seleção que muitos consideram como a pior seleção brasileira da história do futebol moderno, que jogava de uma maneira extremamente desfigurada daquilo que se entende como o padrão brasileiro de futebol. Ainda assim, Roxburgh mostra-se um apaixonado pela capacidade nacional de revelar grandes talentos. Ou, pelo menos, mostra-se apaixonado pelo país. Diz ele no começo do seu texto:
 
“Pense no Brasil: sol, mar, samba e futebol. Pense no sorriso do Ronaldinho – um sorriso que epitomiza o amor do brasileiro pelo jogo e a alegria de jogar futebol. Pense no fato direto para o futebol europeu de que o país com o maior número de representantes na primeira rodada da Liga dos Campeões da Uefa desse ano foi o Brasil. Como reportado por um jornal alemão, a equipe titular das 32 equipes incluíam 65 brasileiros, 37 franceses, 24 portugueses, 22 italianos, e apenas 12 alemães. O Brasil pode não ter ganhado a Copa de 2006, mas sem dúvida alguma continua como o maior exportador de talento futebolístico do planeta. E, com o seu ambiente natural e sua população apaixonada, é um modelo para o desenvolvimento do futebol de base”.
 
Aí ele disserta sobre como é bacana estar na beira do mar e ver as pessoas com roupas de praia e jogando futebol por brincadeira. Depois pondera sobre a influência do futebol de praia e do futsal no jeito de jogar brasileiro. Nada lá de muito brilhante.
 
Mais pro final do editorial, Andy Roxburgh diz que – obviamente – “(…) poucos países na Europa podem reproduzir as condições do ambiente natural brasileiro. Mas, de qualquer maneira, lições podem ser aprendidas. Associações de futebol que são sérias quanto à saúde e o crescimento do jogo são necessariamente obrigadas a promover a participação e o interesse em massa. Futebol de base que age como veículo de integração social, saúde e alegria é o objetivo. Por conseqüência, talentos irão emergir. No Brasil, o amor pela bola, expressão pelos jogos em campos diminutos, e a alegria absoluta de jogar foram tão cultivados que a paixão e criatividade do futebol começaram a fazer parte do DNA da nação. A Europa pode ter tido os quatro finalistas da Copa de 2006, mas em um mundo altamente competitivo, complacência não é uma opção. É imperativo o desenvolvimento constante do jogo e a fundação de todo o crescimento e desenvolvimento do futebol está na sua base”.
 
Basicamente, Andy Roxburgh sugere que o Brasil tem tantos jogadores de futebol de qualidade por causa dos campos pequenos, das praias e da alegria do povo. Obviamente, não se preocupa em ver exatamente o que está por trás de todo esse processo. Mas tudo bem, afinal o cara é diretor-técnico da Uefa. Merece, pelo menos, algum respaldo em suas ponderações, leviandades ou não.
 

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