Um das máximas mais limitantes que conheço no futebol é aquela que nos diz que em time que ganha não se mexe. Ter este pensamento como norteador de nossas ações é um primeiro passo para que, após termos conquistado algo, comecemos a conspirar contra o próprio sucesso.
Talvez esta idéia seja fruto de nosso conservadorismo e da falta de um melhor entendimento sobre a complexidade humana e social. Diante deste cenário parece que o mais lógico seja mesmo simplificar, não mexer naquilo que está dando certo ou funcionando.
Entretanto no futebol como em tantas outras atividades que envolvem seres humanos é preciso entender o caráter dinâmico, transitório e provisório das coisas. Algo pode ser significativo hoje, mas não sê-lo amanhã.
Os jogadores que ganham um jogo não são exatamente os mesmos no jogo seguinte. Mudam os humores, os hormônios, a motivação, os sonhos, os relacionamentos. Num jogo também muda-se o clima, as expectativas, o adversário e as dificuldades. A estratégia e a mobilização devem ser reconstruídas em todos os seus detalhes.
Isso não quer dizer, contudo, que a mudança seja sempre benéfica ou positiva por si só. Estão aí os clubes sem projetos, sem princípios, sem filosofia e que demitem três, quatro, cinco treinadores por ano, para provar que mudança por mudança em nada contribui para o desenvolvimento do nosso futebol.
Procurar compreender o real significado das mudanças parece essencial para os líderes que conduzem seus trabalhos junto aos diferentes grupos, seja este líder um treinador, um atleta, um dirigente ou um médico.
A forma como encaramos a mudança vai determinar a qualidade do caminho que traçamos para as nossas profissões e para as nossas vidas.
Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br