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Dias atrás, Sílvio Torres sugeriu fazer da seleção brasileira um patrimônio cultural nacional. Ontem, Ronaldo falou que quem manda na seleção brasileira é o povo brasileiro. Um ditado diz que todos os brasileiros, inclusive a minha avó de 95 anos, são técnicos da seleção. Afinal de contas, de quem é a seleção?
 
Da CBF, óbvio. Quem manda e desmanda, quem assume as responsabilidades, os contratos, os lucros e tudo mais é a organização que comanda o futebol no país. Na verdade, olhando de uma forma mais ampla, quem manda mesmo na seleção brasileira é a Fifa. A CBF é uma espécie de governadora. Mas, de qualquer forma, quem atua mais diretamente é de fato a Confederação Brasileira de Futebol.
 
O argumento para a defesa do domínio público do selecionado nacional vem da importância histórica da marca para os ideais da unificação nacional ao longo do século XX. Por ser mais barata do que qualquer outra coisa que tivesse o mesmo efeito de propaganda, o poder público investiu muito na seleção. A marca se tornou, assim, um dos pilares da construção da cultura brasileira, fato que por mais incomodante que seja, é inegável.
 
Entretanto, a seleção jamais deixou de assumir o seu status de uma equipe de futebol vinculada ao campeonato promovido por uma organização internacional que é representada aqui por uma confederação nacional. A seleção sempre foi um elemento privado, e sempre continuará sendo.
 
A peça chave dessa discussão entre as esferas públicas e privadas está no erro histórico da política governamental de apostar tanto no uso de um bem que não lhe cabia o controle pleno de fato, por mais que algumas decisões do Estado tivessem sido empurradas goela abaixo durante o período militar. Hoje, não cabe mais imaginar a seleção como um bem público, assim como não se pode mais entender a seleção como um símbolo nacional.
 

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