Com a cultura do futebol impregnada na transmissão esportiva, entender uma “nova” modalidade é cada vez mais complicado para o torcedor que quer apenas sentir a vibração que é a realização das Olimpíadas.
O ufanismo aflora em cada disputa brasileira e, para piorar, deflagra o despreparo que o país tem em tratar de qualquer esporte como objeto da informação. Até mesmo do futebol!
Sim, porque durante Brasil x Coréia do Norte, no futebol feminino, todas as emissoras que exibiram a partida só se “esqueceram” de lembrar que o time norte-coreano era o mesmo que foi campeão mundial sub-20 em 2006. E daí o 2 a 1 ter sido encarado como uma vitória “magra”.
E o que fazer quando saímos do campo e vamos para as águas? Tudo bem, o mundo inteiro sabe que o Michael Phelps é um absurdo. Só que parece que isso não é levado em conta quando Thiago Pereira cai na mesma piscina que o americano…
Da mesma forma que as competições do judô, em que muitas vezes nos pegamos torcendo tão bem quanto quem está narrando as partidas.
O fato é que, a cada quatro anos, fica ainda mais claro que o país não tem uma cultura esportiva. Desde pequenos não somos ensinados a entender todos os esportes, a estudar regras e maneiras de praticar, a conhecer movimentos, estilos, performances.
Isso tudo fez do Brasil o “país do futebol”, mas que até mesmo quando trata desse assunto vê a imprensa cometer exageros e realizar análises superficiais, muitas vezes deturpadas por uma falta de conhecimento técnico do assunto.
Nas Olimpíadas, não ter ex-atleta como comentarista é uma espécie de heresia para os veículos de comunicação. Afinal, parece que quando o assunto é outra modalidade além do futebol, torna-se obrigatória a presença de um “especialista”.
Enquanto isso, numa partida de tênis, só falta o narrador, depois de gritar “pra foooora” num erro do tenista, se esbaldar no grito de “goooool” quando a bola estufar a rede!
Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br