Dependência excessiva dos direitos de televisão, pouca qualidade em campo, poucos jogadores de renome internacional e, acima de tudo, péssima estrutura comercial dos estádios.
E um relatório mostrando tudo isso e pedindo mudanças por longas cento e sessenta e algumas páginas.
Poderia parecer algo da Itália, mas não é. Poderia também parecer alguma coisa do Brasil. Também não é.
O relatório é um panorama geral do estado atual do futebol francês. É. Francês. O país que sediou a Copa do Mundo há dez anos atrás. O país que remodelou seus estádios para hospedar o maior evento futebolístico do planeta. Esse mesmo país clama hoje por reformas em seus estádios.
O documento, entitulado “Accroître la compétitivité des clubs de football professionnel français”, foi escrito por Éric Besson, Secretário do Estado de Prospecções e Avaliações de Políticas Públicas da França. Lá, ele fornece números para provar que o futebol francês precisa de mudanças urgentes. Além dos estádios, ele reclama dos patrocínios, do desequilíbrio do campeonato e da baixa qualidade de performance das equipes francesas nas competições européias.
Em determinado momento, ele disserta sobre o fato dos impostos afastarem jogadores mais qualificados do território francês, o que possui reflexo direto na performance das equipes nos campeonatos europeus. Mas chega à conclusão de que não tem como mudar isso.
No fim das contas, o relatório é muito semelhante a qualquer outro relatório produzido em qualquer outro lugar do mundo que não Inglaterra e Alemanha. Sinal de que não basta estar em um país rico para se ter um futebol aparentemente saudável, ainda que existam incontáveis reclamações da comunidade local.
Faça-se ressalva, porém, à importância do futebol na cultura francesa, que nem chega perto de países como a Espanha e as supracitadas Alemanha e Inglaterra. O fato de Paris ser uma cidade com pouca cultura futebolística também não ajuda em nada o desenvolvimento do futebol local.
De qualquer maneira, é uma leitura elucidativa. Para achar o documento, basta colocar o nome no Google. É tão bom quanto qualquer documento público sobre o futebol. Vários dados e inúmeras informações. Resta saber se servirá para alguma coisa.
Na Inglaterra, um documento público mudou o rumo do futebol local. No Brasil, nem tanto.
É a vida.
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