Há três anos que a comissão técnica do São Paulo é a mesma. Há três meses, sequer os treinadores de Ipatinga, Vasco e Figueirense eram aqueles que, no último domingo, disputaram a rodada derradeira do Brasileirão-2008. O que dirá da comissão técnica!
Até agora, parece que apenas o São Paulo entendeu que, para ter bom desempenho na era dos pontos corridos, é preciso ter o mínimo de seguimento ao trabalho. Num torneio em que o importante é ter constância, em que os erros devem ser minimizados pelo trabalho de longo prazo, trocar de treinador é o primeiro dos deslizes que se comete.
No início da competição, em maio, dois times eram apontados como francos favoritos à conquista: Palmeiras e Internacional. A vitória poderia ser justificada pela pujança do elenco das duas equipes. O Inter, aliás, se reforçou com D’Alessandro e Daniel Carvalho no meio do caminho, ficando ainda mais forte. Mas por que não ganharam?
O Inter trocou Abel Braga por Tite no andar da carruagem. O Palmeiras, a pedido de Vanderlei Luxemburgo, foi desmantelando a base montada por Caio Junior no ano anterior e criando um time à imagem e semelhança (cada vez mais disformes) do seu comandante. O resultado foi óbvio. Os times se perderam ao longo da competição, apesar de os gaúchos terem se encontrado na disputa da Copa Sul-Americana (com toda a imprevisibilidade do mata-mata).
Ao mesmo tempo, São Paulo e Grêmio mantiveram a linha de trabalho. Os tricolores não fizeram grandes mudanças, reforçaram os elencos que tinham em algumas posições, seguiram a linha de trabalho que já vinha sendo traçada.
Não à toa, no último domingo foram os dois que duelaram pela conquista da taça. E também não foi coincidência, sorte ou qualquer coisa do gênero o título continuar no estádio do Morumbi. Muricy Ramalho e companhia conhecem há três anos o grupo que lá está. Não precisam tirar coelhos da cartola para buscarem um resultado, basta seguir o trabalho.
No ano que vem, de partida já se pode dizer que o São Paulo é favorito ao título. Os outros candidatos à conquista nós teremos de esperar um pouco para dizer: não duvidem do Corinthians (que manteve Mano e a base construída no calvário de 2008). Ou do Inter (agora com Tite assegurado e o grupo mantido). Mas Palmeiras, Flamengo, Cruzeiro e Grêmio, para fazerem parte da lista, terão de fazer o básico neste ano que se encerra. Continuar o trabalho que teve início em 2008.
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