Semana passada, Luiz Gonzaga Belluzzo e Fabio Koff acenaram com a possibilidade de instituir um teto salarial para os clubes de futebol do Brasil, proporcional à receita de cada clube. Eles não explicaram muito bem como funcionaria isso, mas imagina-se por teto salarial um valor máximo que possa ser pago a um determinado jogador.
O discurso em prol do teto salarial é recorrente no mundo todo. Pudera, afinal, o maior custo de um clube de futebol sempre é, invariavelmente, o salário dos jogadores. Conseguir controlar essa despesa é essencial para o bom funcionamento financeiro de um clube.
O problema é que nunca dá certo.
Uma vez, tentaram instituir o teto salarial no Brasil. Foi no começo do século XX, quando havia a regra de que todos os jogadores deveriam permanecer amadores. Não deu certo. Começaram a pipocar os casos de pagamento por fora, para a família do jogador, entre outros benefícios, naquilo que ficou conhecido como ‘amadorismo marrom’. Deu no que deu.
Além da chance de pagamentos por fora, o teto salarial também implica na perda dos jogadores mais talentosos. Como o teto será só no Brasil, outros países poderão adquirir jogadores brasileiros ainda mais facilmente. Basta oferecer um valor um pouco acima do teto.
De qualquer maneira, a idéia é boa. Mas é inaplicável.
Se a intenção é controlar os gastos dos clubes, o melhor é instituir um sistema de licenciamento para as competições, como fazem a Bundesliga e a Uefa, que determinam um percentual da receita que pode ser gasto com salários e transferências.
Logicamente que isso afeta a competitividade do campeonato, uma vez que clubes mais ricos ficarão ainda mais em vantagem em relação aos clubes mais pobres. E também não é garantia de nada, ainda mais no Brasil.
Mas pelo menos estão se preocupando em controlar os gastos coletivamente. Já é alguma coisa.
Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br