O futebol será o catalisador de uma belíssima iniciativa visando a inclusão de pessoas que passaram parte de suas vidas à margem da sociedade.
É o que promete o acordo firmado entre Fifa, CBF e Conselho Nacional de Justiça, no último dia 3 de abril.
Basicamente, ex-presidiários se juntarão ao contingente de trabalhadores envolvidos na execução de obras públicas referentes à realização da Copa do Mundo em 2014 no Brasil.
Gilmar Mendes, que preside o CNJ e também o Supremo Tribunal Federal, destacou esta importante medida de ressocialização de pessoas que já cumpriram com suas obrigações perante o Judiciário em todo o país.
O Ministro-Presidente também fez questão de mencionar o exemplo dado pela casa que comanda, na qual cerca de 50 ex-apenados fazem parte do seu rol de funcionários, sendo dois deles em seu gabinete. Fruto de um programa lançado em 2008, o “Começar de Novo”.
Já se tinha conhecimento de iniciativas de envolvimento de detentos nos presídios brasileiros na confecção de bolas de futebol, especialmente voltada para projetos sociais esportivos. No Paquistão, maior produtor mundial de bolas oficiais de futebol, os apenados formam a maioria do quadro de pessoas envolvidas na produção deste artigo esportivo, sendo até mesmo exportados para o mundo desenvolvido.
A idéia é extremamente bem-vinda num país como o Brasil, carente de projetos de inclusão social, não só de ex-presidiários, como também portadores de necessidades especiais e idosos. Ainda mais porque ultrapassa os muros dos cárceres abarrotados de pessoas que vivem em condições desumanas.
Além disso, a iniciativa privada torce o nariz para ex-detentos. Questão realmente delicada de se contornar no mercado de trabalho competitivo.
Se bem conduzido o projeto pelo poder público brasileiro, CBF e Fifa, inclusive no período pós-Copa 2014, envolvendo a gestão do legado esportivo para o país, teremos um grande avanço social, com o futebol como alavanca desta verdadeira ação afirmativa de igualdade de oportunidade para todos.
Seguramente, o número de pessoas beneficiadas no país é significativo – e isso representa, infelizmente, o grande universo da população egressa dos presídios e penitenciárias.
Méritos para o governo brasileiro se conseguir canalizar parte das verbas do PAC destinada às obras de infra-estrutura e melhoria das sedes da Copa de 2014 para consolidar esta idéia e, porque não, esperar que seja encampada pelo Ministério do Esporte na construção, reforma e manutenção de praças esportivas espalhadas pelo país.
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