A aquisição de informação é quase que inevitável. O simples fato de estarmos vivos já nos permite passar por experiências que de certa forma vão compondo os nossos saberes.
Saber significa experimentar. Experimentar significa viver novas experiências a cada dia. Muitas são as experiências pelas quais passamos ao longo de anos de vida. Algumas vezes nos deparamos com problemas pelos quais já passamos, e o fato de tê-los vivido anteriormente nos ajuda na elaboração de soluções mais apropriadas para encará-los novamente. O fato é que por algumas vezes nos cegamos alicerçados pela tal “experiência” e nos fechamos a novas opiniões, novas sugestões, novos conhecimentos.
O conhecimento também é algo que também adquirimos, mas advém de outra fonte, não da experiência vivida, saboreada. O conhecimento vem dos livros, vem dos debates, vem das discussões, vem das observações. O conhecimento nos permite entender certos fenômenos sem que eles sejam “saboreados”. Então podemos conhecer o gosto de uma maçã mesmo sem nunca ter comido uma. Mas nunca saberemos de verdade o gosto dessa fruta se não a saborearmos. Para conhecermos sobre o gosto de uma fruta que nunca comemos basta perguntar a alguém que já a comeu e teremos uma descrição do seu sabor. Para sabermos qual o gosto dela, devemos comê-la.
E é daí que parece um grande problema, principalmente ao observamos o Futebol (mas que está presente na política, na universidade, nas grandes empresas, enfim em diversos contextos do dia-a-dia das pessoas): a distância entre o conhecimento científico e a prática experimentada e vivenciada por aqueles que tem de vida quase a mesma idade que tem de Futebol.
O fato é simples, por vezes a Universidade produz conhecimento que não alcança a prática, o campo (ou chega nele atrasado), e portanto não contribui como poderia para o desenvolvimento maior do Futebol (nos seus mais diversos aspectos). Por outro lado, paira por vezes uma certa desconfiança daqueles que sabem sobre o Futebol (por que o experimentaram em suas diversas manifestações) a cerca do conhecimento científico que a comunidade acadêmica pode trazer à prática deste desporto (afinal será realmente que a Universidade conhece os problemas da prática?).
A Universidade poderia aprender, crescer e construir mais e mais conhecimento se pudesse estar presente na prática do Futebol, pois conhecimento e sabedoria juntos podem estruturar informações mais aplicadas e concisas.
Clubes, equipes, técnicos, jogadores são as pedras mais preciosas que as Ciências aplicadas ao Futebol podem estudar.
E é esse o ponto.
Infelizmente, movida muitas vezes por uma soberba sem sentido, a Universidade certa daquilo que pode ensinar aos “homens do Futebol” se descuida e não percebe que é ela que tem muito a aprender.
E se os “homens da Ciência” têm coisas imediatas que podem ensinar (e claro, tem muito!), mas não são ouvidos, que não reclamem, e que tratem logo de fazer aquilo que deveriam estar habituados em seu ofício: provar (provem e serão ouvidos; mas que falem em uma língua que possa ser entendida)!
Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br