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Olá amigos,

Na última semana, o goleiro Marcos, do Palmeiras, voltou a ser notícia de destaque, após pegar um pênalti contra o Atlético-MG, e, principalmente, pelo que disse após defender a cobrança.

Marcos disse: “Estudamos o que cada um faz. Quando a paradinha era novidade, tudo bem. Era bom para os atacantes, mas hoje em dia não é. Hoje existe internet, YouTube e nós podemos observar os batedores”.

Pode-se dizer que não é um fato extremamente novo no futebol. É curioso e, talvez, inédito no Brasil, mas existem outros exemplos de goleiros que se utilizam de recursos tecnológicos para mapear os estilos e cobranças de seus adversários.

No fim do ano passado, o goleiro Marco Amelia, do Palermo, da Itália, após defender uma penalidade de Ronaldinho Gaucho, afirmou que, no momento da cobrança, o atleta brasileiro executou movimentos muitos similares aos de um jogo de videogame.

“Foi como se estivesse jogando contra Ronaldinho no Playstation. Ele fez o mesmo movimento, a mesma corrida para a bola, muito estranho. No último instante, vi que ele havia mudado o canto e, então, mudei também o movimento, indo na bola e fazendo a defesa. Olhei nos olhos dele e pensei que ele iria bater no outro canto, mas quando o vi mudando a posição do pé, percebi que ele decidira mudar a batida”. Amelia quase defendeu outro pênalti, no mesmo jogo, também cobrado por Ronaldinho.

No começo deste ano, na final da Copa da Liga Inglesa, o goleiro Foster, do Manchester United, disse ter utilizado vídeos, desta vez por meio de um Ipod, para identificar o estilo dos batedores.

“Tentamos descobrir tudo sobre o adversário. E pouco antes do início das penalidades, eu olhei vídeos em um iPod com Eric Steele, treinador de goleiros. Acompanhei algumas cobranças de jogadores do Tottenham, inclusive, de O’Hara”.

Devemos espetacularizar a iniciativa de Marcos, e desses outros goleiros?

Por um lado podemos dizer que sim, que mostra o quão envolvidos os atletas estão com o jogo, estudando os adversários, se preparando com vídeos, colhendo informações e o que for possível sobre determinado jogador. Isso ressalta a qualidade e justifica o porque de um goleiro como Marcos ter o sucesso que tem, para além do carisma, sustentado por resultados.

E, porque eu acredito que, por outro lado não deva ser encarado como um aspecto positivo? Única e exclusivamente por se restringir a profissionais e craques de futebol que fazem de sua dedicação o diferencial.

Seria riquíssimo se todos os atletas agissem como Marcos, mas muito mais do que isso, que os clubes tivessem uma estrutura e os profissionais que gerenciam, planejam e desenvolvem os trabalhos nas equipes dessem valor a questões como essa que, conforme defendemos em outros textos, fazem parta de uma Central de Inteligência de Jogo (CIJ).

A CIJ deveria ser uma estrutura do clube, assim como os aparelhos de musculação. Uma estrutura que permitisse coletar, armazenar e interpretar as informações de jogo, sejam elas vídeos, estatísticas, scout, relatórios, depoimentos, ou o que quer que possa ser transformado em estratégia. Talvez seja a falta de um profissional com a qualidade de observar fatos e transformá-los em informações, mas enfim, investir em capacitação profissional é também investir na estrutura do clube.

Algumas agremiações, que justiça seja feita, já possuem um Data Center, ou uma central de vídeos. Mas, mais do que isso, é importante que essa estrutura seja realmente aplicada, que faça parte da “filosofia de jogo” das comissões técnicas.

Ouvi, certa vez, o professor João Batista Freire (não me recordo os atores referenciados à época), falando sobre pedagogia do movimento, explicar que uma empresa ou um adulto podem construir um belo e dinâmico brinquedo, mas que esse só vai se tornar realmente um se a criança utilizá-lo e transformá-lo em objeto de sua brincadeira. É ela que vai fazer o uso, que quase sempre difere daquela ideia bruta e inicial de quem o desenvolveu.

É imprescindível que os técnicos queiram brincar. Um dado, um fato, só se transforma em informação quando é utilizado por quem interfere no jogo, por quem brinca.

E para não assustar aqueles que ainda acham que o futebol corre o risco de ficar extremamente tecnológico e sem graça, lembramos que o papel que o Youtube ou o Ipod desempenharam para Marcos e Foster era muito bem desempenhado pelo preparador ou goleiro reserva que ficava atrás do gol com um papel com as anotações sobre os batedores. Só que hoje, além da informação, é mais fácil memorizar o estilo com a facilidade de armazenamento da imagem.

Sobre o Youtube existem ainda outras possibilidades já em uso, abordaremos num próximo texto.

[i]
Marcos revela que Youtube é sua arma para estudar cobranças de pênaltis

[ii]
 
https://seguro.lancenet.com.br/noticias/09-03-02/498406.stm

[iii]
http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/italiano/0,,MUL884541-9848,00-GOLEIRO+QUE+PAROU+RONALDINHO+USOU+VIDEOGAME+PARA+DEFENDER+O+PENALTI.html

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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