O luto pela derrota brasileira para a Holanda foi grande, comentado por todos, um misto de tristeza e revolta. Muito provavelmente o amigo deve pensar: “mais um comentando o fracasso, não agüento mais, é como se alguém que vem no velório de um ente querido e ao chegar fala ‘olá, tudo bem?’ Como se a própria situação já não deixasse claro que não está tudo bem”.
Mas vamos lá, o que gostaria de mostrar para o amigo é que mais do que achar vilões e culpados, precisamos aprender a reconhecer a superioridade do adversário, seja em situações de jogo, ou na análise do mesmo. O Brasil sempre culpa a si, pela arrogância de não se achar inferior aos outros.
Assim faço uma análise sobre os dados do jogo. E que não fiquemos na discussão de que analisar depois é fácil porque esses dados puderam ser acompanhados durante o próprio jogo, portanto, possível de serem prontamente interpretados.
O Brasil começou o jogo marcando bem a principal jogada holandesa, que eram os lançamentos de Sneijder para Robben.
Vejam como do primeiro tempo para os primeiros 20 minutos do 2º período, o técnico holandês, Bert Van Marwijk, percebe a marcação brasileira e muda a forma de jogar da equipe, o que surpreendeu a seleção brasileira.
Vejam que Sneidjer, o camisa 10 holandês, que atuou numa posição centralizada mais a esquerda no primeiro tempo, onde costuma realizar seus lançamentos para Robben durante a Copa, aproximou-se do setor direito para jogar mais próximo do camisa 11.
E não apenas isso, o técnico holandês posicionou Van Persie (9) por aquele setor. Criando uma triangulação para anular o forte trio de marcação que estava “treinadinho” para anular os lançamentos longos de Sneidjer para Robben, e também a penetração deste último trazendo a bola pelo meio.
Entre Felipe Melo, Michel Bastos e Juan, dois jogadores sempre marcavam o corte para dentro do Robben, um tentava o “bote” logo quando a bola chegava e outro ficava na cobertura do drible. Porém, quando Sneidjer e Van Persie se aproximam e o jogo fica curto e rápido, o Brasil se perde, chega atrasado nas jogadas e começa a cometer mais faltas, levando à substituição de Michel Bastos e expulsão de Felipe Melo.
Outro jogador ganha importância no jogo, embora tenha passado desapercebido, muito também pela sua fama de agressivo. Esse jogador foi o camisa 6, Van Bommel.
Confesso que sou fã desde jogador desde o PSV e também na época do Barcelona, quando fazia parte do meio-de-campo da equipe. Um jogador forte e viril, sem dúvidas, mas muito mal analisado por muitos como um jogador sem recursos. É um jogador com bom passe e cadência, um jogador tático. Nos primeiros minutos do 2º tempo vejam como ele recua para dar liberdade para Sneidjer.
Outro ator importante é a participação de Van Bommel no próprio jogo. Vejam, em termos de passes, ele assume importante papel na distribuição de bola da equipe no momento da virada holandesa.
Enfim, poderíamos alongar nossas discussões, mas creio que o texto já ficou longo. Porém, espero ter ilustrado para os colegas leitores o quanto um recurso de análise pode mostrar situações que podem ter sido determinantes no jogo.
Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br