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Caros amigos da Universidade do Futebol,

Tivemos essa semana a notícia dos episódios envolvendo a seleção da Coréia do Norte que chocou o mundo do futebol. Segundo as notícias veiculadas nos principais jornais do mundo, o governo ditatorial da Coréia do Norte teria punido, de forma desumana, a delegação que participou do último mundial da Fifa na África do Sul.

A Fifa pode suspender ou até desfiliar a Coréia do Norte dos seus quadros. A pergunta que se faz é a seguinte: na hipótese de os fatos terem mesmo acontecido, como dizem as notícias, e também na hipótese de a lei nacional da Coréia do Norte permitir tal conduta, estaria a Fifa correta em punir a Federação Nacional?

Em minha opinião, sem dúvida que sim.

Em regimes ditatoriais, a noção de justiça é de totalmente deturpada. Uma das formas de se ver a justiça é justamente olhar para o sistema legislativo e equiparar o justo ao lícito. Por exemplo, podemos com certa tranquilidade dizer que uma pessoa que tem um bem de sua propriedade subtraído sem sua concordância (eg, furtado), sem ter uma reparação à altura, é uma pessoa que sofreu uma injustiça. Ou seja, furtar é algo ilícito, e o seu ato gera uma injustiça.

Muito bem. No sistema ditatorial, como na Alemanha de Hitler, ou até na África do Sul do apartheid, a legislação é criada pelos representantes da ditadura de forma a legalizar condutas que são tidas no meio internacional como inaceitáveis. Isso gera a estranha sensação de que algo lícito pode não ser justo (ou mais do que isso, pode ser repugnável).

Dentro desse entendimento, a Fifa, na qualidade de representante e autoridade máxima do futebol perante todos os países, pode (e DEVE) atuar como um instrumento para que a democracia e o respeito aos direitos humanos sejam protegidos. Foi assim, por exemplo, com a exclusão da África do Sul dos quadros da Fifa.

O futebol sempre foi e sempre será um instrumento poderosíssimo para unir um povo em torno de seu governante. Uma verdadeira ferramenta de propaganda política, que inclusive foi muito utilizada por regimes antidemocráticos e segregacionistas. Mas, por outro lado, o futebol também pode ser usado como ferramenta igualmente poderosa para retirar a popularidade de um governo que faz mal à sua nação, e que vai de encontro aos direitos humanos e princípios democráticos.

Portanto, que sigam as investigações e, se forem comprovados os fatos que levaram os jogadores e treinadores à humilhação pública, que a Federação seja excluída. E que essa medida sirva como exemplo para outras organizações internacionais pressionarem a Coréia do Norte que qualquer forma de regime antidemocrático seja banido.

Ganhar é fundamental. Mas “o saber ser derrotado” deve fazer parte de todos os grande vitoriosos. A derrota não pode, nem deve, envergonhar nenhum atleta, nenhuma nação.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

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