O título desta coluna é apenas uma livre tradução de um artigo que li recentemente e gostaria de compartilhar com os leitores do Universidade do Futebol. “More Than Just a Game? Corporate Social Responsibility and Super Bowl XL” (Mais que apenas um jogo? Responsabilidade Social Corporativa e o Super Bowl XL), de Kathy Babiak e Richard Wolfe (Sport Martketing Quarterly, 2006 – West Virginia University), conta a história do quadragésimo jogo final do futebol americano realizado na cidade de Detroit em 2005 e o impacto social causado por este multimilionário evento esportivo.
Lá, como cá, há a crítica recorrente das pessoas perante o investimento de altos montantes em estruturas para receber um megaevento, sendo que outras áreas poderiam ser prioritárias para investimento público ou mesmo privado, como a saúde e a educação.
A resposta, em alguma medida, passa justamente pelas ações sociais implementadas, com o cuidado de atender uma demanda reprimida e deixar um legado significativo do Super Bowl naquele ambiente. Tal análise, por óbvio, tem reflexo naquilo que esperamos de legados para a Copa e as Olimpíadas no Brasil.
O que chamou a atenção e motivou o levantamento destes dados é que a organização “Super Bowl” trabalhou (e trabalha) em inúmeras frentes, buscando o engajamento de parceiros governamentais, corporativos e organizações sem fins lucrativos, incluindo aí ONGs, escolas e fundações. O impacto de tais ações se baseiam no componente da ética, elemento base e chave dentro de itens relacionados à responsabilidade social.
Destaca-se, assim, itens relacionados com o meio-ambiente a partir do implemento de programas de reuso de alimentos, reciclagem de lixo do jogo e a plantação de árvores para neutralizar a emissão de gases de efeito estufa decorrentes do aumento do tráfego de veículos. E nós, com a “Copa Verde”, o que temos de projetos efetivamente sendo desencadeado neste sentido?
O programa de combate a práticas injustas de negócios, abrindo oportunidades para pequenas empresas se tornarem fornecedoras do Super Bowl, contribuindo sobremaneira para a comunidade em que o evento se instala. Na ocasião, 750 empresas puderam se inscrever e 250 delas receberam contratados que giraram em torno de 5,8 milhões de dólares.
Ações filantrópicas igualmente foram observadas: doação de livros para escolas públicas de Detroit; construção de casas para desabrigados; ações culturais e algo em torno de 8 milhões de dólares investidos em benefícios diretos para a comunidade local.
Todas as ações, em alguma medida, utilizam o potencial midiático e de relevância social que o esporte proporciona. Todas as ações, em certos casos, são de simples execução e, por conta disso, acabam tendo um respaldo comunitário importante para a sua consecução.
Finalizo para uma reflexão final: o atendimento aos inúmeros interessados e não só aqueles que se ligam por um número “X” de horas para ver os jogos é o grande diferencial de negócio implementado pelo Super Bowl. E nós, como conseguiremos alcançar todo potencial competitivo dos maiores eventos mundiais, deixando legados sociais significativos para as regiões de abrangência e o país? Será que estamos nos preparando efetivamente para isso? Ou só teremos atitudes pontuais, com reflexo único e exclusivo durante os dias de jogos?
Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br