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Já se passaram alguns dias da final da Uefa Champions League. Tal fato pode dar a falsa impressão que a discussão dos acontecimentos da decisão de Wembley já não é mais relevante. No entanto, profissionais do futebol que almejam sucesso em sua carreira precisam ver, rever e aprender em cada lance do belíssimo confronto entre Manchester United e Barcelona.

Alguns comportamentos de jogo da equipe espanhola são conhecidos por todos. A posse de bola no campo de ataque, a clareza para fazê-la circular com Xavi e Iniesta, os apoios constantes de Dani Alves e a imprevisibilidade com a bola nos pés de Lionel Messi são pronunciados desde a mídia especializada ao mais simples torcedor e admirador de futebol.

Sobre a final, quem acompanhou os noticiários esportivos ou assistiu à partida provavelmente observou os diversos comentários em relação à equipe inglesa, que iniciou o jogo pressionando o adversário, porém, aos poucos, esta pressão foi diminuindo e permitindo que o Barcelona conseguisse impor suas características de jogo.

Essas informações são suficientes para a grande maioria das pessoas. No entanto, são superficiais para quem pretende ser um bom profissional do futebol. Ler o duelo, realizar suas interpretações, pensar suas decisões caso você fosse um dos integrantes do corpo técnico das equipes e imaginar como construiria uma estratégia vencedora é um exercício trabalhoso, de certa forma utópico, porém, fundamental para seu aperfeiçoamento e crescimento profissional.

Vamos ao jogo:

O Manchester, assim como toda a imprensa afirmou, começou pressionando os comandados por Pep Guardiola. Para isso, a equipe de Ferguson subiu em bloco alto e realizou pressing zonais conforme exemplificado no vídeo abaixo:
 


 

Durante todo o primeiro tempo, a quantidade de ataques ao adversário (no centro do jogo), seja em ações defensivas ou em ações de transição defensiva, visando pressioná-lo em espaço e tempo para agir, foi:


 

Com o bloco alto e tentativas constantes de forçar o erro do Barcelona, a equipe inglesa teve com Park e Rooney os principais jogadores para aplicar essa forma de jogar. Giggs e Carrick, mais acostumados com a estruturação de espaço zonal sem ações de recuperação da posse, foram ineficientes nesta função defensiva e de transição defensiva.

Coletivamente, esta proposta dificultava a diminuição do espaço entre linhas da equipe. Com a subida dos atacantes e meias, implicava num posicionamento adiantado da linha defensiva que nem sempre acontecia. Em uma dessas indefinições, a linha não subiu, Carrick titubeou entre apressar e recompor, e após receber um passe de Iniesta, Xavi achou um espaço aberto no “muro inglês”, feito por Evra, e assistiu Pedro no lance em que o Barcelona fez 1 a 0. Veja toda a jogada:
 


 

Perdendo o jogo, teoricamente, a equipe inglesa deveria apresentar o mesmo comportamento do início da partida. Mas, no trecho abaixo, nota-se pela impaciência de Rooney que ele não acontecia.
 


 

Em contrapartida, a equipe catalã, em todo momento com seu característico jogo de recuperação da posse, pressionava o adversário, apressando-o e fechando suas linhas de passe, como pode ser visto no vídeo a seguir:
 


 

Para sobressair ao pressing dos comandados por Pep Guardiola, nenhum dos comportamentos padrão da organização ofensiva e da transição ofensiva do Manchester United ocorreram com frequência. Fábio e Evra tiveram dificuldades em ampliar o espaço efetivo de jogo, a bola nunca chegava ao campo de ataque com Valencia desmarcado, Carrick não abria linhas de passe para Ferdinand e Vidic e, consequentemente, a bola não passava por Rooney, que gosta de tê-la para gerenciar a fase ofensiva inglesa. Tampouco os passes longos de Van der Sar chegavam ao setor pretendido (à sombra de Valencia, sempre estava Abidal). Como resultado, inúmeros foras de jogo de Chicharito originários das transições ofensivas verticais ao longo do primeiro tempo.

Com 15 minutos de intervalo e igualdade no placar, uma pausa para recuperação física-técnica-tática-emocional e um tempo precioso para ajustes estratégicos e intervenções dos coaches. Na volta ao campo, as ações de pressing realizadas pela equipe inglesa reduziram-se consideravelmente, conforme pode ser observado no quadro abaixo:


 

Durante todo o segundo tempo, a confirmação do que tornou a equipe espanhola o melhor time do mundo e que foi esboçado nos primeiros 45 minutos. Os ingleses não entraram para a segunda etapa com um jogo em alta velocidade de recuperação da posse. Ao todo, foram 101 ações de pressing, contra 94 ações realizadas pelo Barcelona, porém, os ingleses tiveram somente 22min11seg de posse de bola (37%) contra 38min54seg (63%) do adversário.

No gol sofrido aos oito minutos do segundo tempo, em quase 30 segundos de posse de bola, o Barcelona desmontou as duas “linhas de 4” inglesas, em que Evra ficou marcando Villa individualmente e Giggs aberto e recuado demais, atento com a descida de Daniel Alves. Com isso, sobraram alguns metros para Messi conduzir, arrematar e fazer o seu primeiro gol em território inglês.
 


 

O restante da história todos já sabem: predomínio da bola com Xavi, Messi, Iniesta, Busquets e cia, e mais um gol para a definição do título, num jogo em que as ações inglesas em nenhum momento foram superiores à contra-estratégia espanhola. Seguramente, diversas lições ainda poderão ser tiradas deste confronto à medida que ele for assistido outras vezes.

Para terminar, Alex Ferguson afirmou que buscará melhorar para enfrentar a melhor equipe do mundo em outra oportunidade.

E você, leitor, como venceria o Barcelona?

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br  

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