Não há mais paciência no mundo em que vivemos.
Todos desejam que as coisas aconteçam antes do tempo.
Ou que elas ocorram exatamente segundo nossas expectativas.
Mínimos desvios nos resultados esperados geram gigantesca frustração.
Mal nos acostumamos com a geração X, já vem a Y e agora a Z.
O futebol, pelo alcance e popularidade, é espelho bem visível desse fenômeno.
Treinador perdeu 3 partidas: demissão já!
Zagueiro não está em boa fase: manda embora.
Presidente não faz contratações caras e vultosas: fora presidente!
Jovens promessas que entram na equipe e não correspondem no primeiro jogo: não servem.
Na vida, é necessária a maturação das coisas, para que sejam sustentáveis.
Maturação é sinônimo de tempo. Tempo que nos submete a experiências boas e ruins, cujo saldo delas é que nos faz alcançar maturidade.
Dois grupos de pressão muito relevantes no futebol deviam levar isso em conta.
Os meios de comunicação e a torcida.
O primeiro segmento deveria ser um tanto tranquilo de entender a necessidade do exercício da paciência. É algo profissional, racional.
O segundo faz uso – às vezes, mau uso – da prerrogativa da paixão.
De toda sorte, duvido que ambos aplicariam o excesso de energia em sua vida pessoal, em alguns exemplos.
Sua mulher não lhe dá mais atenção: manda embora.
Seus filhos não obedecem mais: troca por outros.
Quer aumentar a casa, contraindo empréstimo bancário que não sabe se terá condições de pagar: sem problema se for despejado.
O chefe é muito exigente no trabalho: cria um movimento pra depor o cara e trocar por outro – aqui se recomenda o uso de redes sociais, pra pressão ficar insuportável.
Paciência é o primeiro passo para discernir se as coisas estão acontecendo na hora certa, e da maneira esperada.
Não há como ser maduro e impaciente. Assim como não se pode esperar da vida apenas a parte boa.
Como disse Lars Von Trier, citando Marilyn Monroe, ao ser perguntado se mudaria seu jeito de ser e fazer filmes, uma vez que é tido como cineasta polêmico:
“Se não aguentam o meu pior, não merecem o meu melhor”.
E a Marilyn era linda, além de boa atriz.
Eu acho.
Quem discordar de mim, paciência…
Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br