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Aconteceu há alguns anos, e o leitor amigo lembrará do famoso gol de Ricardinho, então jogador do Corinthians, sobre o Santos, nos minutos finais do jogo que decidiu a classificação da equipe da capital à final do Campeonato Paulista de 2001.

Um ponto, literalmente o ponto eletrônico de Ricardinho, chamou a atenção e trouxe à tona a discussão dos benefícios e prejuízos da tecnologia colocada no atleta.

Dez anos depois, retomo o assunto para despertar um debate a respeito de recursos que poderiam ser autorizado pela Fifa para melhoria dos processos de treinos e jogo.

É fato para quem estuda e trabalha com o futebol que os treinos devem ser fiéis ao jogo, ou pelo menos tentar criar o máximo de similaridades com as situações reais de uma partida. Já é um discurso superado a questão de que analises e intervenções baseadas no jogo são mais incisivas.

Assim, reflito sobre que recursos poderíamos pensar para auxiliar na busca de informações mais precisa sobre desempenho e dados fidedignos ao jogo.

Hoje existem no Brasil e pelo mundo algumas tecnologias baseadas em câmeras que filtram informações diferenciadas de um atleta como, por exemplo, seu deslocamento e faixas de velocidade em uma partida oficial.

No geral, esses métodos são indiretos, no sentido de não estarem os recursos implantados no atleta. Já existem alguns recursos que conseguem coletar informações significativas com base em tecnologia que utilizam algum item vinculado ao atleta, como, por exemplo, frequencímetros, GPS ou mesmo sistema de rastreamento via RFID.

 

A utilização do GPS na prática de treinamentos e jogos de futebol

 

Ë nesse ponto que gostaria de levantar uma discussão para os próximos anos. Provocando os dois lados envolvidos.

Para quem analisa e investe no futebol, tais recursos podem ser importantes na melhoria do espetáculo, e sob o ponto de vista dos custos, o amigo mais interessado vai perceber que sai relativamente mais em conta análises diretas do que indiretas, porém os trâmites legais e proibições da Fifa impedem que sejam compatíveis com a realidade do futebol.

A entidade máxima do futebol deve, sim, preservar a segurança do atleta e garantir condições humanas ao jogo, porém poderia fiscalizar e definir parâmetros sem, no entanto, vetar por completo tais melhorias. Ao invés de vetar o ponto eletrônico como em 2001, poderia incentivar com vistas à melhoria do espetáculo (imaginem ouvirmos dentro do possível a conversa de um técnico com o jogador nos moldes do que acontece hoje com o rádio entre equipe e piloto na Formula 1?) – isso seria fantástico, embora alguns técnicos com certeza contestariam.

Por outro lado, com tal intervenção e fiscalização regulamentada pela Fifa, as empresas teriam mais certezas e motivações para investir cada vez mais em recursos que não agredissem. Se hoje a justificativa pela falta de inovação esbarra na limitação imposta, seria proveitoso e estimulante desenvolver com base na nanotecnologia aparatos seguros, leves e confortáveis capazes coletar informações valiosas sobre desempenho em jogo, cada vez mais aperfeiçoando o treinamento esportivo.

Informações de aceleração em curto espaço de tempo, deslocamentos, movimentação da equipe em função do centro de jogo, para vincular, por exemplo, com os princípios táticos fundamentais do futebol.
 

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Tornaria a ciência mais rica e consequentemente o espetáculo mais grandioso. O que difere o Circo di Napoli tradicional e mágico nas nossas memórias em comparação ao Cirque du Soleil, senão a modernização e “tecnologização” das emoções circenses?

O espetáculo só tem a ganhar com a tecnologia, a ciência também, mas são precisos critérios bem estabelecidos. Talvez por isso seja mais fácil para a Fifa vetar do que estabelecê-los.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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