O título da coluna pode parecer um tanto quanto filosofia existencial, mas quero transportar essas questões para a prática e para o momento vivido pelo nosso futebol perante o cenário internacional.
Como de praxe, o final de ano é marcado por grandes reflexões.
Esse ano em específico um fato trouxe luz a uma questão que muitos não queriam e não conseguiam ver sobre o nosso futebol: não somos os melhores do mundo e nossos jogadores não resolvem individualmente os problemas do jogo!
Alguns podem concordar, outros não…
Mas o fato é que o Barcelona nos deu, como disse Neymar, uma aula de futebol.
Aula que nos mostrou – na verdade vem nos mostrando há muito tempo – que nosso futebol ainda está preso no paradigma cartesiano, onde as partes e sua soma são mais importantes que o todo complexo.
Na final do Mundial, vimos um choque de paradigmas, no qual de um lado os elementos se integravam, interagiam e formavam um todo complexo, já do outro as partes tentavam se sobressair ao todo do adversário e no fim vimos o resultado.
Depois do jogo vimos ainda que as respostas para a derrota ainda se focavam nas partes, onde o esquema tático foi a parte eleita como preponderante para a resultado…
E o restante do modelo de jogo?
Enquanto tentamos explicar a derrota da equipe santista através da utilização ou não de dois ou três zagueiros, uma revista espanhola apresentou um dossiê com os pontos fortes e fracos de todo o modelo de jogo do Santos.
Onde estamos, então?
Estamos em um momento de mudança, em que o mundo está nos mostrando que a qualidade individual é importante, mas já não resolve os problemas do jogo por si só.
Precisamos olhar o jogo com um olhar complexo! Precisamos aprender mais!
Não podemos deixar esse confronto entre Barcelona e Santos se perder ao longo do tempo, pois o resultado nos mostra que nosso futebol precisa evoluir e buscar uma nova forma de organização.
Não podemos mais jogar, nem treinar como há 20 anos!
E, vejam, o Barcelona há alguns anos não jogava desta maneira, nem formava jogadores como agora. Em determinado momento de sua história eles sentiram a necessidade de mudar e transformar o seu modo de jogar e como o processo de formação era elaborado.
Hoje eles colhem os frutos dessa mudança…
O que faremos, então?
Mudanças…
Para onde vamos?
Não sei. Espero que para frente, para um novo momento de nosso futebol…
Um momento nosso, onde nossa cultura de jogo se manifestará complexamente em nossas equipes. Onde o futebol bonito será nossa marca, mas sem copiar o Barcelona ou quem quer que seja, pois podemos, sim, ser novamente o número um do futebol, tanto na questão individual como coletiva como fomos um dia.
Mas infelizmente esse é um processo lento. Temos que lutar e fazer de tudo para contribuir com a evolução de nosso futebol.
O que podemos fazer?
Cada um terá suas respostas e poderemos refletir, ou não, neste final de ano.
Por fim, desejo um feliz Natal e um ano novo cheio de sucesso!
Até a próxima!
Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br