A leitura de alguns textos e livros que retratam o desenvolvimento do esporte no Brasil e no mundo são sempre apaixonantes. Acompanhados de histórias curiosas e inovações de suas épocas, que parecem banais nos dias de hoje, eles tiveram contribuições significativas para a transformação da indústria do esporte como negócio tal e qual conhecemos atualmente.
No futebol, as chuteiras, com transformações graduais em seu formato e leveza; as camisetas, que foram se moldando para facilitar a transpiração dos atletas; e os patrocínios, que marcaram os primeiros passos para a construção do esporte como negócio.
Em todos os casos, as mudanças foram tratadas como devaneios ou afronte de quem os propunha perante a sociedade da época. É interessante pensar que Adidas e Nike, entre as décadas de 1940 e 1970, se desenvolveram em um mesmo período por caminhos distintos, em diferentes territórios, sem que nenhuma soubesse da existência da outra até se encontrarem na luta pela liderança do mercado global esportivo a partir da década de 1980-1990.
Em um mundo globalizado, como este em que vivemos, isso é de fato impensável. As inovações custavam a ser aplicadas na íntegra, levando algumas vezes décadas até o seu efetivo reconhecimento.
E é no cerne desta questão, de mundo globalizado em relação à gestão do esporte, que queria levantar algumas reflexões, especialmente relacionadas à velocidade da mudança em termos de modernidade e inovação aplicada às organizações esportivas.
Será que temos que esperar tanto para ver algumas inovações que, uma vez aplicadas com sucesso no exterior, poderiam ser reproduzidas na realidade local? Desde a gestão de patrocínios até as arenas, passando pela relação entre atletas e a mídia. Muitas destas coisas, principalmente no ambiente do futebol, possuem uma forte raiz amadora, que não combina com a projeção, a movimentação financeira e a amplitude da modalidade praticada no Brasil.
Se desconhecêssemos outros exemplos, até entenderia o percurso por outros rumos. Mas sabendo como o mundo trata a gestão e os negócios do esporte, percebemos o quanto é possível mudar e inovar com mais velocidade e inteligência, melhorando inclusive estas inovações.
Por incrível que pareça, em pleno século XXI, ainda tomamos decisões e lidamos com as mudanças no âmbito da gestão aplicada ao esporte como se a distância entre o Brasil e os grandes centros do esporte mundial estivessem a vários quilômetros de distância ou separados por um oceano, quando na verdade estamos a pouco menos de um clique.
Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br