Saudações a todos!
Com a nossa economia aquecida e devendo continuar neste ritmo acelerado pelos próximos anos, falar sobre retenção de profissionais virou assunto obrigatório em todas as rodas de conversas: seja qual for o tema principal, invariavelmente, em algum momento da conversa, fala-se sobre a dificuldade em contratar, manter e reter funcionários nas empresas.
Você já passou por isso? Sabe como reter seus profissionais?
Se é empregado, imagina o que a sua empresa precisa fazer para reter você?
Além do cenário de aquecimento que remete a este tema, resolvi escrever sobre ele nesta coluna por três motivos:
1) A quantidade de e-mails que recebo com esse tipo de assunto cresceu muito este ano.
2) Apesar de existirem dúvidas muito variadas, todos mencionam não saber como lidar com retenção de funcionários. É explicável, pois no Brasil nunca foi preciso fazer isso, é um assunto novo para todos.
3) Esse assunto afeta todo o mercado: está presente nas empresas gigantes, nas grandes, médias, pequenas e micro empresas e até nos lares de cada um de nós, onde se tem que fazer exercícios diários para reter os profissionais na área doméstica.
Portanto, a notícia ruim e já conhecida pela maioria das pessoas, seja por ouvir o assunto ou por estar inserido nele é que, de fato, o problema existe, está em todos os níveis e em todos os segmentos do mercado, e se você ainda não passou por ele como empresário ou funcionário, tenha certeza de que em algum momento passará, pois o chamado “apagão de mão de obra” que influencia diretamente na retenção de pessoas está apenas começando. Isso mesmo, apenas começando!
Não cabe aqui aprofundar neste tema sobre o “apagão”, pois alertei acerca do fenômeno em 2008.
A notícia boa – sempre tem um lado bom em tudo, acredite – é que existem alternativas para minimizar a questão e mesmo que você não seja uma empresa gigante, encontrará formas de reter seus talentos e terá oportunidade de rever seu cotidiano e se reinventar.
No entanto, antes de falar em soluções, é necessário entender o que está acontecendo, e uma maneira simples é nos relembrar do passado. Antigamente, as profissões eram passadas dos pais para os filhos; por exemplo, a costureira da família era chamada assim pois cuidava das vestimentas de toda a família, sabia o manequim de cada um, as cores preferidas, etc., e, além disso, as costureiras passavam os conhecimentos da profissão para suas filhas que continuavam na profissão e atendendo os familiares. Hoje uma família ficaria literalmente nua se dependesse de uma costureira de família!
E como era buscar um emprego no passado? Há uma década, quando se anunciava uma vaga de emprego, formavam-se filas de candidatos interessados. O empregador escolhia a dedo quem desejava contratar, exigia várias qualificações e ditava o salário e os benefícios que daria em troca. Restava aos candidatos concordarem com o que era proposto. E os que já estavam nas empresas rezavam para não existir uma crise, um corte e correrem o risco de ser demitidos.
A conclusão óbvia é que não era necessário nenhum tipo de ação para reter pessoas, a retenção era natural, uma necessidade do funcionário para sobreviver!
E hoje? A realidade é oposta, com o aquecimento da economia e a grande geração de empregos. Quando uma empresa anuncia uma vaga, existem várias empresas anunciando vagas com perfil muito parecidos. Por isso, os candidatos é que escolhem em que empresas trabalharão nos dias de hoje.
Com isso, a dança das cadeiras teve início, as gigantes “roubaram” bons funcionários das menores, o varejo que exige trabalho de fim de semana vem sofrendo muito, a indústria absorveu grande parte dos trabalhadores domésticos, etc.
E com o cenário atual de Copa do Mundo em 2014, das Olimpíadas em 2016 e o Pré Sal, a “briga” ficará ainda mais voraz, pois a mão de obra que está escassa sumirá em poucos anos; o pleno emprego que já é realidade em várias cidades do Brasil estará presente na maioria delas.
Mas, então, existe solução para este caos? Sim, sempre existe!
Mas não existe uma solução tipo “cura única”: há remédios diferentes para cada tipo de dor.
Sabemos que existem dificuldades, temos que identificar as “dores” e buscar possíveis remédios para curá-las.
Tenho algumas sugestões, mas antes é importante saber que os candidatos tem metas distintas, a saber:
1) Alguns procuram vagas que oferecem melhores salários, que tenham mais benefícios, melhores planos de carreira e ascensão rápida.
2) Outros querem aprender, ter oportunidades de viajar, fazer intercâmbios em outras regiões.
3) Outros preferem ensinar, atuar em posições mais consultivas, etc.
4) Outros querem estar mais próximos de sua casa e ter mais flexibilidade de horários.
5) Outros querem expediente de segunda a sexta em horário comercial.
Ou seja, existem diversos tipos interesses dos candidatos e, claro, existem aqueles que querem tudo junto!!
Aqui cabe um parêntese, principalmente para quem é do futebol: o caso Neymar e Santos.
Este é um bom exemplo de adequação aos novos cenários e um enorme caso de retenção. O Santos, ao não sucumbir às milionárias ofertas da Europa, e reter um enorme talento como Neymar, que será benéfico inclusive para a seleção brasileira, conseguiu aumentar as rendas em jogos, aumentar o valor da marca, etc.
Agora, com a regra do jogo mais clara e sabendo que existem vários tipos de preferências entre os candidatos, vamos a algumas sugestões e cuidados:
-Saiba bem os diferencias que sua empresa tem para oferecer. Como citei, existem preferências variadas que fazem com que um candidato opte por uma ou outra empresa, que vão desde salário até flexibilidade de horários ou proximidade da residência, etc. Portanto, é preciso saber claramente qual é seu “diferencial” para criar estratégias para atrair e manter profissionais em sua empresa.
-Venda os diferencias para os candidatos e funcionários. Conhecendo bem seus diferenciais, é hora de vendê-los aos funcionários e candidatos; nessa hora, seja extremamente realista, não exagere (pois se não cumprir o que promete, a retenção irá por água abaixo), mas também não seja modesto: se tem algo bom, fale, divulgue e ressalte seus diferenciais.
-Pratique a meritocracia. A primeira comparação do funcionário é sempre com quem “está na cadeira ao lado”; portanto, deixe claras as metas a todos e recompense quem tiver melhor desempenho e mais dedicação. Seja justo, valorize quem supera as expectativas, premie, elogie!
-Não pague mais do que pode, mas também não pague menos. Pague valores possíveis e compatíveis com a função. Se tiver fôlego e puder dar os aumentos necessários para ser competitivo, não economize, pois propor aumento no momento em que o funcionário pediu demissão é o pior dos mundos.
-Se o tamanho de sua empresa permitir, crie um plano de carreira; se sua empresa tiver como crescer, crie planos de carreira, com metas e objetivos claros e formalizados. E, acima de tudo, quando surgir novas oportunidades de contratações ou promoções, olhe primeiro para dentro de “casa”.
-Tenha um ambiente agradável. Manter um bom ambiente no dia a dia é fundamental. Regras são necessárias, mas os cuidados na manutenção das regras, como falar, como agir, como dar broncas, como dizer não, são fundamentais para manter o bom ambiente de trabalho. Saiba que um dos pontos mais impactantes para retenção de pessoas é justamente o ambiente na empresa.
-Mantenha as pessoas informadas, comunicadas. E-mails, reuniões, mesmo que informais (dur
ante o café, por exemplo) são importantes para manter as pessoas informadas sobre as novidades, novas conquistas, possíveis barreiras e soluções, etc. Sabendo onde está e o que está acontecendo, o funcionário tem mais segurança.
-Se puder, ofereça horários flexíveisl se sua empresa trabalha por projetos ou não existir a extrema necessidade de horários fixos, ofereça a flexibilidade de horários, cobre por metas. Seja razoável sempre e, claro, coíba abusos.
-Seja sempre honesto, fale sempre a verdade. Quando questionado sobre desempenho, salários, crescimentos, situação da empresa, etc., assuntos que de certa forma são “um tabu”, não minta e não omita, nunca. Ser honesto faz total diferença e pode ser decisivo para um funcionário ficar ou sair da empresa.
É isso, pessoal!
Reflitam sobre essas questões e lembrem-se que estas são apenas algumas dicas para você, empregador, praticar. E se você for empregado, influencie seu empregador para praticar: tenho certeza de que cada um de vocês, conhecendo suas realidades, podem criar “medicamentos” eficazes para cada tipo de “dor”.
Agora, intervalo, vamos aos vestiários e nos vemos no próximo mês.
Abraços a todos!
PS – Como toda mudança, essa “revolução das costureiras” não aconteceu de um dia para outro; aliás, todas as profissões dos artesãos, como: pintores, pedreiros, carpinteiros, lavadeiras, passadeiras, padeiros, confeiteiros, etc. estão super valorizadas, pois com o país em crescimento, os pais vislumbram melhores cenários para seus filhos e os direcionaram para novas profissões.
Hoje posso assegurar que estas serão profissões cada dia mais valorizadas no Brasil. Mas este também é assunto para outra dia…
Para interagir com o autor: ctegon@universidadedofutebol.com.br