Com o alto número de jogos somado à grande área de sombra proporcionada pela cobertura do Engenhão, os problemas do gramados são duros de combater. A alta frequência de jogos desgasta, enquanto a falta de luz natural faz com que pragas se proliferem.
Recentemente, o estádio adquiriu um equipamento moderno, de iluminação artificial a fim de suplementar a iluminação no gramado, principalmente nos pontos mais críticos. No entanto, os problemas não serão resolvidos sem um calendário de jogos mais coerente e consciente.
Aí é que o Botafogo entra em um impasse: como aumentar as rendas diminuindo os jogos?
Com jogos com frequência de quatro a seis mil torcedores, aumentando somente com a presença de Seedorf, e ainda somente nas primeiras partidas (com cerca de 23.500 espectadores), o time não conseguiu, nem mesmo, lotar o estádio (com capacidade atual de 47.000).
Três motivos podem estar diretamente ligado com o baixo público: o rendimento do time em campo, a forte ligação do clube com o torcedor e a localização do estádio.
Todos os itens são trabalháveis. O primeiro, com trabalho direto no campo; o segundo, com uma boa equipe de marketing e espelhamento em grandes times europeus, ou até mesmo no Internacional; já o terceiro é um item mais complicado. Daí a importância da escolha do local onde se construir um estádio. Temos locais da Copa, mesmo, com problemas e duvidosos da eficiência. Mas, voltando ao Engenhão, algumas coisas podem ser facilitadas.
A localização do Engenhão não é das melhores, próxima ao Complexo do Alemão, recentemente alvo de tentativa de pacificação e atuação da polícia. Esse fator não traz segurança total de acesso. É um problema social que interfere diretamente na frequência.
O medo atinge diretamente famílias que vão ao estádio juntos, os mais precavidos, a presença de crianças, mulheres e idosos. E com certa razão. Quem sai de casa para ir com dificuldade ao estádio, com riscos e ver o time do coração perder?
Além disso, o transporte público é complicado. Além de distante, o estádio não conta com metrô, o estacionamento é complicado, e não são tantas linhas de ônibus que passam ali. Ou seja, o custo, indo de carro ou táxi, também é grave e não é democrático.
A Prefeitura do Rio de Janeiro poderia muito bem melhorar o transporte até a região, não só pelo futebol, pelo Botafogo, pois não seria justificável, mas pela sociedade, mesmo. Iluminação na região é essencial para a segurança, assim como fiscalização, para quem for de carro ter o mínimo de tranquilidade.
São coisas simples, mas que podem trazer mais público ao Engenhão.
O estádio precisa de mais identidade. Não basta um escudo estampado no gramado, nem charme com os desenhos de listras no mesmo. Precisa que o torcedor se sinta totalmente em casa, e não em um estádio qualquer.
Precisa achar ações das quais a torcida participe. Mesmo fora de jogo, que ela tenha motivos para visitar o estádio. Isso pode gerar renda.
O Botafogo precisa trabalhar em cima de tudo isso, ou continuará com uma bomba nas mãos.
Sem mudanças nesse sentido, jamais o Engenhão poderá ser sede nas Olimpíadas, nem mesmo na Copa das Confederações, ou o público será baixo novamente, com gastos olímpicos.
O Rio de Janeiro precisa enxergar as possibilidades e necessidades para lucrar com os eventos e não ser um fiasco.
Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br