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Como mencionado na coluna da última semana, estive em Quito, no Equador, debatendo a segurança nos cenários esportivos.

Na última quinta-feira, realizei duas palestras. Uma pela manhã, sobre a infraestrutura dos estádios de futebol, e outra à tarde, sobre Governo, Segurança nos Estádios e Direito Comparado.

Na primeira intervenção destaquei a importância da infraestrutura nos cenários esportivos para brindar maior segurança aos torcedores.

Com base nas instruções da Fifa, no Relatório Taylor e nas Recomendações da Uefa, bem como nas experiências ruins que tem ocorrido ao longo da história ao longo do mundo e nos estudos realizados, conclui-se que a segurança pode ser alcançada como comodidade e respeito aos direitos do consumidor de eventos esportivos.

Recordei que a prioridade da Fifa é proporcionar segurança aos espectadores, princípio a ser seguido e superior à necessidade de faturamento.

Repassamos o caderno de encargos que a Fifa impõe para todos os cenários que recebam eventos esportivos. Trata-se de um manual bastante completo que trata além das questões do jogo de futebol, de transporte, logística, ecologia, segurança, comodidade, controle, etc; tudo focado no melhor funcionamento do cenário esportivo e do cuidado de todos os atores que participam do espetáculo.

Para trazer exemplos, foram trazidas recomendações para se analisar:

– Haver uma porta de entrada e uma de saída para cada mil pessoas. As portas de acesso e evacuação devem ser independentes e seu “hall” não pode ser compartido
– Contar como, no mínimo, para cada mil homens: três banheiros, seis mictórios e dois lavabos; e a cada mil mulheres: três banheiros e um lavabo
– Instalar assentos individuais e fixos com largura mínima de 50 cm e um encosto de 30 cm, e com separação de 85 cm entre a parte posterior do assento e o início do assento da fila imediatamente posterior
– Dispor de pontos de venda separadas das portas de acesso e que estejam disponíveis com antecedência mínima de 72 horas em, pelo menos, cinco pontos de venda espalhados pela cidade
– Dispor de sistema eletrônico para venda de ingressos e controle de acesso
– Em dia de partida, colocar dois filtros no perímetro do estádio. O primeiro mais distante, onde se realize um primeiro controle, com acesso exclusivo para dessoar com ingresso. Um segundo, com um controle mais cuidadoso de armas e objetos proibidos
– Contar com transporte público massivo que permita chegar às imediações do estádio
– Solicitar às autoridades locais manejo diferenciado do trânsito nas horas prévias dos espetáculos
– Promover a criação de unidade de polícia especializada no manejo de multidões em cenários esportivos
– Designar um médico, dois enfermeiros e uma ambulância a cada 10 mil pessoas presentes no estádio. Na medida do possível deve-se contar com heliporto para evacuação de feridos em caso de emergência
– Exigir dos organizadores a contratação de seguro para os espectadores

A exposição encerrou-se com a proposta de um princípio fundamental ampliado na segunda palestra e que foi complementado nas exposições de Catharine Ann Long -Premier League de Inglaterra- que é o paralelismo entre torcedor em um estádio e consumidor de outros serviços.

O organizador está obrigado a garantir respeito, comodidade, bons tratos aos seus clientes, pois, quem compra um ingresso o faz para viver uma festa e divertir-se.

Na segunda exposição destaquei que os governos nacionais e locais existem com o fim único de conferir bem-estar, segurança e comodidade aos cidadãos.

Ademais, a Constituição da República do Equador reconhece estes princípios pelo qual estão obrigados a gerar políticas e leis que assegurem tais ideais e também aos espetáculos esportivos.

Para deslinde, cita-se o Lord Taylor: “Há que humanizar e respeitar os torcedores, compartilhar as responsabilidades, criar a infraestrutura física e humana realmente capazes de receber multidões”.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

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