Nesta primeira coluna para a Universidade do Futebol, pensei na oportunidade de abordar uma questão muito interessante relacionada à liderança exercida pelos técnicos de futebol.
No ano de 2012, estamos presenciando a realização de campanhas de altíssimo rendimento no campeonato brasileiro da Série A. Fluminense, Atlético-MG e Grêmio realizando campanhas de destaque ímpar e podemos citar também o São Paulo, com uma ótima recuperação e arrancada rumo ao G4.
Refleti sobre a necessidade de compreendermos que na atualidade os técnicos têm um papel diferenciado no relacionamento com os atletas, sendo que ambos estão sujeitos a sofrer influências que podem afetá-los e talvez até levá-los a tomar atitudes conforme seus anseios e desejos particulares.
Podemos observar técnicos que possuem grande competência técnica e inteligência, porém em determinados momentos este ser humano pode sofrer abalos emocionais diante de situações de pressão ou tensão extrema.
Eventualmente este profissional pode inclusive não conseguir dirigir e controlar a sua equipe da maneira desejada e esperada por quem o contratou, inclusive ocorrendo situações em que os atletas chegam a perder confiança no comandante, causando frustrações pela quebra de expectativa que possuem dele na esperança de uma atuação que possa promover uma inversão da situação desfavorável que ocorre em determinados momentos das competições de futebol.
Em casos como este, os atletas esperam e desejam atitudes a ações por parte do técnico que os orientem para que possam alcançar o sucesso esperado.
A personalidade e o perfil do técnico são de extrema importância na interação com os atletas, sendo que estes líderes não têm oportunidades para que se mostrem fragilizados e indecisos frente ao grupo. A maturidade e a possibilidade de ter maior experiência para dirigir um grupo faz do técnico a pessoa respeitada e respeitadora que é.
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O momento atual e o futuro próximo do futebol exigirá um perfil que vai além de um líder transformador, pois caberá ao técnico mais do que potencializar o máximo das capacidades de seus seguidores, mas sim buscar desenvolver os atletas como autolíderes capazes de assumirem a tarefa de se motivarem e dirigirem seus próprios comportamentos a luz das metas e propósitos coletivos pactuados dentro do grupo em que atuam. Podemos compreender isso como o desenvolvimento da autonomia.
Estes técnicos com liderança de alto nível irão apresentar traços nítidos de inteligência, firmeza, empatia, motivação intrínseca, flexibilidade social, ambição, autoconfiança e otimismo. Mas devemos ressaltar que a transição será gradual, pois estas qualidades serão necessárias, mas não suficientes para se chegar a autonomia, uma vez que neste cenário de evolução sempre existirão os membros do de um grupo e cada situação única vivida no momento.
Para termos um novo paradigma de líder se fará necessário que o técnico busque o próprio desenvolvimento comportamental, primeiro permitindo-se conhecer o seu próprio perfil de comportamento, como também suas melhores características de liderança presentes em seu perfil estrutural de comportamento. É preciso saber quais são os seus pontos fortes como líder de pessoas e também compreender seus pontos de melhoria, tendo clareza de como agir em momentos delicados, usando de suas melhores competências comportamentais e podendo conseguir variar na utilização de outras que não são essencialmente fortes em seu perfil, mas que foram reconhecidas, treinadas e desenvolvidas a fim de permitir sua atuação de excelência como líder e possibilitando extrair a melhor performance possível de seus times.
A chave do sucesso pode estar relacionada a compreender que a coação deve inevitavelmente ser substituída pela confiança para conseguir agregar num objetivo comum os membros do grupo.
Por fim, deixo a reflexão ao caro leitor: será este talvez um dos segredos de sucesso dos clubes que possuem melhores campanhas no Campeonato Brasileiro de 2012?
Para interagir com o autor: gustavo.davila@universidadedofutebol.com.br