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Falar em demagogia ou de outras culturas significa entrar em uma seara um tanto quanto complicada, muito por não estar diretamente envolvido com as situações as quais se tecem alguns comentários, podendo cometer injustiças vez por outra.

Mas, me permito, nesta coluna, abrir um espaço para arriscar e falar sobre demagogias que o esporte brasileiro é constantemente submetido – tal e qual já comentei em 2011 aqui na Universidade do Futebol sobre os casos da venda de bebida alcóolica nos estádios, meia-entrada e do canto do hino nacional antes das partidas de futebol (https://universidadedofutebol.com.br/Coluna/11605/Lei-Geral-da-Copa).

Os temas que ensejam polêmica mais recentemente dizem respeito a dois estádios: o Maracanã e a nova Arena do Grêmio. Ambos retratam um misto de amadorismo em diversas esferas do esporte com uma falta de percepção holística sobre os diferentes fenômenos.

Do Maracanã, vivemos o debate sobre o futuro do estádio de atletismo Célio de Barros e do Museu do Índio, onde residem famílias indígenas em plena área urbana. A intervenção nestes dois espaços, incluindo ainda a demolição do Complexo de Piscinas Júlio Delamare, permitirá ao novo Maracanã ter um aspecto mais voltado para o entretenimento, facilitando a circulação de pessoas e melhorando a segurança em dias de jogos no espaço.

No caso do atletismo, percebe-se que houve um desvirtuamento em face do cerne dos debates e a lógica de desenvolvimento do esporte no país. Explico: diz-se que com a derrubada do Célio de Barros, o atletismo brasileiro será imensamente prejudicado, com sérios riscos de não conquistar medalhas em 2016. Vamos supor que este fato seja verdade.

Vamos, portanto, pesquisar no site da Cbat as pistas de atletismo certificadas pela Iaaf, que as classifica pelo mundo por classes. Só para termos uma ideia do que isso significa: o Brasil possui seis pistas "Classe 1" – para podermos comparar, os EUA têm quatro neste mesmo nível. Sim, o todo poderoso Estados Unidos, que conquistou 29 medalhas no atletismo na última Olimpíada, têm menos pistas certificadas que o Brasil, contra nenhuma dos atletas brasileiros. São 97 pistas no mundo que tem a certificação “Classe 1”, o que significa dizer que 6,2% delas está no Brasil.

Classificadas como "Classe 2", o Brasil possui outras 15 pistas entre 406 listadas, enquanto que na terra do Tio Sam, onde as grandes estrelas do atletismo mundial treinam, existem "apenas" seis. A toda badalada Jamaica, com 12 medalhas em Londres, tem apenas dois pistas oficiais de atletismo, ambas na capital Kingston, sendo uma de cada classe.

Só o Rio de Janeiro possui seis pistas de atletismo entre as Classes 1 e 2. Mesmo com a eminente derrubada do estádio Célio de Barras, a capital Fluminense terá mais do que o dobro de pistas de atletismo em classe mundial quando comparada a Jamaica.

Posto isto, será que é possível responder: no Brasil faltam instalações ou bons projetos? Às vezes, me pergunto até que ponto nossas reivindicações são corretas e justas, quando a execução – ou as tecnologias e os recursos humanos que possuímos para preparar bons atletas ficam em um segundo plano pelo seu componente intangível.

No que diz respeito ao Museu do Índio, devo tecer um comentário breve: concordo com o tombamento do equipamento desde que o integre à paisagem e ao perfil de entretenimento do Maracanã. Isto significa reformar completamente o tal museu, integrando-o pela perspectiva do turismo, ou seja, dentro de um contexto histórico de projeto para a cidade como um todo. Não vejo motivos em manter o prédio por manter, como muitas vezes se faz no país…

(continua na próxima semana, com o caso Arena do Grêmio…)

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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