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Em uma entrevista com o técnico Tite, que pode ser acompanhada no site da Universidade do Futebol, ele foi enfático ao afirmar que uma das principais diferenças entre o futebol brasileiro e o futebol europeu é o posicionamento da linha defensiva.

Exemplificou mencionando que nas grandes equipes do Velho Continente, nenhum volante recua para marcar segundo atacante, proporcionando a sobra de um dos centrais, e tampouco os laterais sobem para "bater com lateral" (expressão reproduzida aos montes por muitos profissionais da modalidade). Em nosso país, estas duas características defensivas são comumente observadas.

Como estamos num momento em que o futebol brasileiro está sendo constantemente questionado quanto ao seu atraso, seja por jornalistas, treinadores e até ex-jogadores, quanto mais elementos forem apontados como motivos do nosso jogo ultrapassado, maiores serão as possibilidades de encontrarmos as soluções e modificarmos este cenário.

Tais elementos relacionam-se com as dimensões do sistema-equipe passíveis de análise e, portanto, intervenções. Dentre as dimensões existentes (individual, grupal, setorial, intersetorial e coletiva), nesta semana a ênfase será dada aos zagueiros, portanto, às dimensões grupal e setorial e mais especificamente aos momentos do jogo em que uma equipe se encontra em organização defensiva ou transição defensiva.

Em jogos brasileiros, salvo raríssimas exceções, os zagueiros ocupam constantemente as faixas laterais do campo atraídos tanto pela bola como pelo posicionamento do adversário. Expõem-se desnecessariamente e deixam de agir no jogo em função do seu companheiro de defesa e da própria meta.

Em situações de contra-ataque ou ataque na faixa central, é muito comum observarmos uma ação de combate à bola de um dos centrais complementado por uma sobra (e não cobertura) de longa distância pelo outro defensor, o que desmonta a linha de defesa e permite diagonais adversárias em condição de jogo.

Quando o adversário cria jogada pelas laterais, novamente atraídos pela bola e adversários, é comum observarmos um dos centrais fora do setor potencial de finalização, o que inviabiliza a proteção da sua meta.

Retardar a ação adversária, neutralizar setores de finalização, agir mutuamente, fazer diagonais de cobertura, diminuir o espaço entre a linha de meio-campistas e proteger constantemente a meta são comportamentos de jogo básicos apresentados pelos centrais do futebol europeu que podem ser vistos nos exemplos abaixo, retirados da dupla de centrais do Manchester United:

Para os centrais das equipes brasileiras evoluírem nesses aspectos, precisamos de um eficiente trabalho de formação que desenvolva os princípios de jogo condizentes com o futebol moderno. De acordo com o tema desta coluna, os futuros atletas precisam ser expostos às inúmeras situações-problema que lhes exijam as respostas mencionadas no parágrafo anterior.

Aliando as situações-problema com as adequadas intervenções da comissão técnica, estaremos dando os passos necessários para a evolução de um dos inúmeros elementos que têm atrasado o nosso futebol.

Enquanto isso, no futebol profissional, dependeremos de grandes treinadores, como o técnico Tite, que conseguiu criar padrões de comportamento individuais e coletivos que aproximam sua equipe daquilo que é tendência no futebol mundial.

Como de costume, encerro a coluna com uma pergunta: como jogam seus centrais?

 

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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