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Substituído por Paolo Guerrero no segundo tempo do jogo contra o Coritiba, no último domingo, o atacante Alexandre Pato foi vaiado por parte dos torcedores do Corinthians que foram ao Pacaembu. Contratado pelo clube paulista no início deste ano, o camisa 7 ainda não conseguiu se firmar. A oscilação que o jogador vive em campo tem relação direta com o quanto ele claudica na comunicação.

Pato tem momentos de absoluta correção em termos de comunicação. Na semana que antecedeu o jogo contra o Coritiba, por exemplo, o atacante mudou o visual. Com isso, transformou em assunto algo totalmente trivial e alheio ao campo.

A estratégia nem é nova, aliás. O exemplo mais famoso disso aconteceu em 2002, antes da semifinal da Copa do Mundo disputada na Coreia do Sul e no Japão. Ronaldo tinha um desconforto muscular e era dúvida para o jogo contra a Turquia. Para evitar que isso dominasse o noticiário da semana, o camisa 9 cortou o cabelo e aderiu a um visual que lembrava o de Cascão, personagem criado por Maurício de Sousa.

A mudança no visual de Pato podia ter sido feita sem estardalhaço. Ele podia ter apresentado o penteado apenas no jogo. Em vez disso, o camisa 7 mostrou como um atleta tem potencial para gerar conteúdo: divulgou em redes sociais o que havia feito no cabelo, gerando notícias e dando visibilidade ao fora de campo.

Desde que chegou ao Corinthians, Pato tem sido um dos jogadores mais habilidosos do elenco alvinegro no quesito comunicação. Poucos (nenhum, talvez) jogadores de futebol que atualmente estão no Brasil têm gerado tanto conteúdo pelo que fazem quando não estão dentro das quatro linhas.

Contudo, a estratégia de comunicação de Pato tem um enorme problema: o jogador sabe aproveitar a mídia que gera, mas não tem contribuído para aumentar esse espaço e ir além do espontâneo.

O primeiro motivo para isso é a postura. Pato tem um comportamento e uma expressão que muitas vezes soam blasé. O que agrava esse aspecto é que ele defende um clube que sempre valorizou atributos como a dedicação e a raça.

Se demonstrasse mais emoções e pensasse a comunicação de forma mais ampla – linguagem corporal e comportamento, principalmente, Pato teria um pouco menos de trabalho para ganhar confiança da torcida. E isso independeria do desempenho.

Outro ponto em que a comunicação de Pato vacila é na prioridade dada ao lado “figura pública”. O atacante se comporta mais como uma estrela do entretenimento do que como um atleta. Para amenizar os efeitos da crise, seria importante a demonstração de emoções.

Por fim, falta a Pato um discurso mais incomodado. Quando não atinge uma meta, um atleta precisa mostrar que isso foi ruim para ele. Essa raiva e essa frustração ajudam a sensibilizar o público.

Em alguns aspectos, Pato tem uma comunicação perfeita. Em outros, erra em grandes proporções. A oscilação talvez seja até maior do que o que ele apresenta em campo.

Nos momentos bons, Pato mostra uma competência que falta a muitos atletas. Na última semana, isso faltou à russa Yelena Isinbayeva. Campeã mundial do salto com vara, ela se colocou no meio de uma polêmica sobre o tratamento a homossexuais.

A Rússia aprovou neste ano uma lei que combate a propaganda de “relações não tradicionais”. Isso terá efeito especialmente em 2014, quando o país vai sediar os Jogos Olímpicos de inverno de Sochi.

Por causa da legislação, atletas que disputaram o Mundial de atletismo deste ano, realizado em Moscou, fizeram um protesto e pintaram arco-íris nas unhas. Isimbayeva, em entrevista coletiva pós-título, criticou esse comportamento.

Depois, Isinbayeva disse que se enrolou no inglês, que não é a língua nativa dela. A saltadora explicou que havia tentado apenas pedir que o público respeitasse as leis de outros países.

A postura de Isinbayeva sobre a lei ou sobre os homossexuais é um problema dela. Entretanto, quando a saltadora expressa isso, sobretudo em um ambiente de competição, o problema passa a ser público.

Um atleta é uma personalidade. Portanto, tudo que ele fala reverbera. Antes de entrar em qualquer polêmica, é fundamental que essa pessoa pondere os efeitos que aquele caminho pode causar para a imagem dela.

Em diferentes mundos e com conteúdos totalmente divergentes, Pato e Isinbayeva são dois exemplos claros de como um atleta pode gerar conteúdo. Para o bem ou para o mal.

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