Legitimidade, poder e urgência. Princípios bases para o estudo e análise de stakeholders sobre organismos sociais. No futebol (e no esporte, de uma maneira geral), dos poucos stakeholders que conseguem reunir os três fatores em conjunto são os atletas, artistas do espetáculo.
Todas as vezes que estes perceberam sua força e poder, o resultado é uma ampla transformação do formato de operação e tratamento que se tinha perante as entregas do espetáculo e as relações contratuais e formais com equipes, ligas e comercialização de direitos.
Caso emblemático disto, no futebol, foi o do caso Bosman, cujo resultado transformou completamente as relações contratuais entre atletas e clubes no mundo inteiro.
Dito isto, a união de atletas no Brasil que começa a se consolidar nas últimas semanas sinaliza cenários de mudança sólida e de fato transformadora para o futebol do país.
O "Bom Senso Futebol Clube" tem um sentido positivo em seu formato e reivindicações, preocupando-se com as entregas de um melhor espetáculo para o torcedor e a mídia, procurando, acima de tudo, proteger os verdadeiros astros do esporte – coisa que os dirigentes ainda não perceberam.
Importa, ainda, que as reivindicações passem a ter cada vez mais respaldo técnico – do contrário, como em muitos movimentos tidos como revolucionários que fracassaram, perde-se o foco ou há um exagero na dose e na medida da transformação.
As mudanças têm que ocorrer e irão ocorrer, cada uma a seu tempo. A boa solução é que a iniciativa parta realmente de um lado que consiga ter poder de barganha com as lideranças do segmento.
E, que acima de tudo, foque em projetos consistentes, pensando em um desenvolvimento gradativo, sem que haja necessariamente uma ruptura drástica que dê margem para a desvalorização do movimento.