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 Enquanto isso, em uma transmissão radiofônica há 50 anos…

– Apita o árbitro! Começa a peleja! O Brasil começa a atacar pela esquerda, mais uma vez… Temos jogado muito assim pro meu gosto! Sem muita organização, recua um pouca a bola e reinicia o jogo. Lá vem o Brasil de novo ao ataque! Bola da intermediária lançada na ponta esquerda se perde pela linha lateral! Muito forte o lançamento. O time está um tanto afobado, Aníbal!

– Lacerda, é preciso um pouco mais de comando do lado de fora. As ideias são boas. Tem como dar jogo. Mas é preciso tocar melhor a bola na intermediária. Ler melhor o jogo. Não dar tanto espaço para o contragolpe. Principalmente pela direita.

– Aliás, se permite o aparte, meu caro comentarista do povo, não só pela direita! Tem muito contragolpe também pelo centro. É por ali que as coisas realmente se definem. Os cabeças estão todos por ali!

– Desde os cabeças de área quanto muitos cabeças de bagres, meu caro Lacerda… O time precisa se ligar. Estar mais esperto para não se perder em alguma desatenção. Não pode sair feito louco ao ataque. Tem de negociar melhor a posse de bola na meiúca.

– A torcida se manifesta ruidosamente pelo Brasil. Mas não em uníssono. Muita gente quer mudar o comandante. A escalação do time também. Acho que estão corretos!

– Até mesmo o jeito de jogar. Não sei se é uma boa…

– Eu estou conjecturando que é melhor fechar a nossa retaguarda. Agora estamos levando muitos ataques pela esquerda. Acho que essa turma se aproveita de nossos meninos e os assedia com facilidade. Onde já se viu?

– Honestamente, acho que você está vendo forças ocultas onde não existem. Nosso time está mesmo desorganizado. Nosso comandante parece perdido. Meio frouxo. Mas não me parece hora de mudar. Talvez algumas peças. Alguns nomes. Mas ainda é o melhor jogo o que estamos jogando. Pode não ser o ideal. Mas é melhor tentar sair por todos os lados para frente do que fechar todo o time na defesa. Sem liberdade de movimentação e expressão.

– Eu não sei, não. Me parece que medidas radicais precisam ser tomadas. Este não é um Brasil que vai pra frente!

– Estamos há meia hora discutindo o que fazer com o Brasil porque o jogo foi parado inexplicavelmente. Agora parece que estamos entendendo o que aconteceu… Estão tirando do banco o nosso treinador? É isso? Mas no meio do jogo? Nem acabou a partida? Como é que pode isso? Onde vamos parar!?

– Entendo que as autoridades fizeram muito bem em restabelecer a ordem, o equilíbrio e a instituição canarinha. Nossa pátria não pode estar em jogo e ficar à mercê dos títeres internacionais!

– Mas assim não vale! Não pode. Como é que faz um negócio desse? O time não estava jogando mal. E não podemos jogar na vala comum e pelo esgoto o que o Brasil estava fazendo! Mal começou a partida. Isso é um risco muito grande! Desse jeito vamos acab

(Ruído forte e estranho interrompe a transmissão. Apenas o locutor volta ao ar. O comentarista está fora dela. Problemas técnicos são alegados. )

– Voltamos enfim. O jogo recomeça com mais ordem e disciplina. Lá vem o Brasiiiil! Sinto uma equipe mais aguerrida. Determinada. Mais pujante. Lá vem o time rival pela esquerda e… Isso mesmo! É assim que se faz! Nosso lateral-direito dá um retumbante pontapé no extremo-esquerdo oponente. Nas costas dele! O árbitro não viu e nada marcou. É assim que se joga! Vamos lá, Brasil! Eu te amo, meu Brasil! Meu coração é verde, amarelo, azul e anil! Combinação ainda mais linda com este gramado verde-oliva! Ninguém segura esse ataque brasileiro! Pra cima deles, Brasil! Vamos acabar com a oposição rival! Pra frente, Brasil!

 

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

 

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