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Ser treinador de futebol profissional é um sonho de milhões de brasileiros. Muitos alimentam tal sonho comandando equipes virtuais em jogos de vídeo game, ou então, em jogos de gerenciamento para computador. Outros são professores de escolinha ávidos por uma oportunidade nas categorias de base. Muitos deles, já nas equipes de formação, almejam um dia alcançar o cargo. Centenas de jogadores em atividade fazem planos de seguirem no futebol como treinadores assim que “pendurarem as chuteiras”. É corriqueiro observarmos comentários dos sonhadores em geral iniciados pela seguinte expressão: “Se eu fosse o treinador…”.

Aqueles que optam por tornar o sonho uma realidade devem aprender a conviver num ambiente em que a luta pela manutenção ou por um espaço no mercado são cotidianas, a instabilidade é constante e as condições de trabalho, muitas vezes, se opõem ao que, teoricamente, é garantido por lei.

Ter condições para sobreviver no referido ambiente implica a aquisição de diversas competências que podem destacá-lo no mercado e aumentar as possibilidades de empregabilidade. Obviamente, conseguir vencer jogos é a principal delas.

Neste sentido, recentemente, uma entrevista televisiva (possibilitada pela capacidade que o treinador tem de vencer jogos) sequencialmente foi espalhada nas redes sociais e reacendeu a discussão de quem deve (ou pode) ser treinador de futebol.

Uma discussão ultrapassada, desnecessária e que pode nos fazer gastar energia improdutiva tanto por parte de quem já realizou o sonho tanto por parte de quem ainda o alimenta.

Então, se você é ou pretende ser treinador de futebol profissional foque em suas competências, pois o mercado, dia após dia, abre espaço para os profissionais mais preparados, independentemente de suas origens.

Para auxiliá-lo, será proposto um exercício de autoavaliação das funções de um treinador como um gestor de pessoas. As competências foram listadas a partir de uma publicação feita por um treinador brasileiro de futebol profissional.

Para cada item, estabeleça uma pontuação de 1 a 5 de acordo com a seguinte classificação:

1– Competência não realizada;
2- Competência pouco realizada;
3- Competência às vezes realizada;
4- Competência quase sempre realizada;
5- Competência sempre realizada;

As competências seguem abaixo:

1. Avaliar nível de competitividade coletiva;
2. Avaliar nível de motivação da equipe;
3. Avaliar nível de motivação pessoal;
4. Exercer liderança efetiva;
5. Exercer comunicação eficaz;
6. Dar feedback;
7. Intervenção adequada na relação esforço x punição;
8. Exercer cobranças devidas;
9. Transmitir informações claras e coerentes;
10. Detectar burnout;
11. Auxiliar a construção da personalidade;
12. Formar valores (morais, esportivos, sociais, etc.);
13. Conhecer nível de aprendizagem da equipe;
14. Conhecer nível de aprendizagem individual;
15. Criar ambiente para obtenção de sucesso;
16. Estabelecer regras e limites;
17. Ser assertivo na relação vitória x fracasso;
18. Desenvolver autoestima;
19. Transformar o grupo em equipe;
20. Planejar metas e objetivos individuais e coletivos;
21. Conhecer a história de vida e esportiva dos atletas;
22. Ser responsável pela composição e funcionamento da comissão técnica;
23. Ser assertivo na relação dispensa x admissão de atletas;
24. Propor atividades dinâmicas, atrativas e variadas;
25. Converter as atividades em desafios, nunca em ameaças;
26. Observar individualmente os atletas;
27. Ser capaz de corrigir as metas estabelecidas;
28. Analisar o próprio estado emocional para não transmitir ansiedade.

Uma vez estabelecido o número relativo a cada competência, some-os para verificar o valor final. Quanto mais próximo de 140 pontos (28 x 5) melhor está sua atuação enquanto gestor de pessoas. Uma análise crítica do seu desempenho pode definir claramente quais são os seus pontos fortes e fracos nesta prática indispensável ao treinador moderno.

Aproveito para encerrar a coluna desta semana agradecendo à Universidade do Futebol pelo espaço que me proporciona há três anos para discutir, refletir e pensar futebol com os milhares de seguidores do portal.

Comandado seriamente por quem não mede esforços para transformar o (aparente) vitorioso futebol brasileiro, acompanhar cada publicação do site me torna um treinador melhor, uma pessoa melhor. Agradeço também aos leitores que dedicam parte de seu precioso tempo para compartilhar conhecimento.

E nesta jornada sigo, como milhões de brasileiros, sonhando…

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