Não foi o melhor lateral-esquerdo do Botafogo.
Ou foi – que Nilton Santos é Enciclopédia.
Não foi o melhor lateral de uma seleção que, além de Nilton, teve Roberto Carlos e Júnior, por exemplo.
Não foi o melhor destro a atuar na esquerda, como muito bem sabem Nilton e Júnior.
Certamente não era o lateral que melhor marcava, como mal soube Leão, em 1974.
Mas, com a bola aos pés, partindo em velocidade pela esquerda, driblando como se fosse mais um ponta que um lateral, foi um dos melhores da posição em 1974 – e numa Copa com Breitner, que era craque, Krol, que era ótimo, e Facchetti, que foi eliminado na primeira fase.
Cobrando falta era impressionante. Como outros também foram. E mais que ele.
No futebol potiguar, não houve jogador igual.
Na lateral, insisto, outros foram melhores, mais completos, mais laterais.
Mas poucos divertiram e se divertiram tanto.
Poucos fizeram as magias e truques da Bruxa de General Severiano.
Um jogador que tinha de ser ídolo do Botafogo, pelas características peculiares do clube e do jogador.
Um cara diferente. Extremo. Exaltado. Externo. Exalava espírito indomável.
A chaga de Marinho pela vida pós-bola cobrou preço. Viveu como jogou. Jogando-se. Desafiando. Não ficando preso. Soltando-se.
Espírito livre, futebol libertário.
Podia não ser o mais confiável dos jogadores. Mas o jogador, por definição, vive no risco. No limite. No riso. No choro.
Marinho viveu para isso.
Morreu por isso.
Mas segue vivo em quem viu.
*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.