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Nas quartas de final, vitória acachapante por 4 a 1 sobre o São Paulo; nas semifinais, também em jogo único, classificação em Itaquera diante do Corinthians, que era o detentor da melhor campanha, com vitória nas cobranças de pênaltis após empate por 2 a 2 no tempo normal; na decisão, duelo de igual para igual com o Santos e controle absoluto da posse de bola. Poucas partidas bastaram para transformar o Audax na principal notícia do Campeonato Paulista de 2016. Ainda que não fique com o título, a equipe de Osasco chama atenção por uma proposta que une domínio das ações da partida e movimentação constante dos atletas. Isso criou uma série de discussões sobre o futuro do treinador Fernando Diniz, 42, e dos jogadores que formam o agora badalado elenco. Eles funcionariam em outros clubes? Teriam sucesso com uma pressão maior ou outro sistema? A grande notícia do Paulistão pode ser o Audax, mas o grande ensinamento proporcionado sobre o torneio é a importância do contexto no futebol.
Sobre Fernando Diniz: é claro que o treinador tem muita capacidade de retirar dos jogadores as características que imagina para um time. Também é claro que evoluiu nas relações pessoais e que tem sofrido menos com problemas extracampo – no passado, a forma de cobrar ou de se relacionar com erros minou o trabalho do técnico. No entanto, ele teve no Audax uma combinação difícil de imaginar em outras equipes: liberdade, autonomia e tempo. O clube que hoje é visto como modelo passou grande parte do Estadual sendo sinônimo de risco desnecessário ou de controle estéril. Era a equipe de posse de bola ineficaz, que trocava passes no campo de defesa e muitas vezes oferecia chances demais aos rivais.
Fernando Diniz poderia fazer sucesso em outros clubes e poderia fazer sucesso sem necessariamente replicar a filosofia que construiu em anos de Audax. Contudo, é fundamental que os interessados no treinador tenham esse entendimento: se quiserem dele o que o time de Audax apresenta, é fundamental oferecer todo o contexto.
O mesmo vale para os jogadores do Audax. Danilo Tchê Tchê tem negociação encaminhada com o Palmeiras, e o Corinthians foi atrás de Camacho e Bruno Paulo. A maior parte do elenco ficará sem contrato após o término do Campeonato Paulista, e muitos devem ser incorporados por elencos que disputarão a Série A do Brasileiro. Mas qual é o nível de expectativa que essas equipes depositarão sobre os atletas?
Usar bem os jogadores demanda entender o que eles fazem bem e como eles eram úteis em um contexto diferente. Parece lógico, mas agora pegue o histórico de contratações recentes do seu clube: quais foram pensadas com esse nível de estratégia? Quais foram escolhidas por razões específicas e não apenas por bom/mau desempenho?
As análises simplistas que fazemos sobre jogadores, técnicos e times muitas vezes contaminam esse tipo de decisão. Escolhemos as coisas com base em conceitos como “bom” ou “ruim” e não por fazerem sentido em um contexto.
O que o Audax tem mostrado é que o contexto é tudo. O que não é nem novidade – outros tantos times brasileiros são bons exemplos dessa lógica. A mudança, nesse caso, é que as pessoas têm percebido mais.
O futebol brasileiro, aliás, tem uma série de exemplos de evolução nesse quesito. A temporada 2016 é marcada pelo sucesso do Audax, mas também já deixa evidentes as propostas de jogo de times como Santos, Botafogo, Vasco e América-MG. São equipes que sabem o que querem e como podem extrair o máximo potencial de seus atletas.
Como em qualquer jogo, o futebol não oferece apenas um caminho para o sucesso. Ninguém precisa ser o Barcelona e ninguém precisa repetir as decisões tomadas por Pep Guardiola ou José Mourinho. É possível vencer de diferentes formas, mas é muito mais difícil ter êxito se o trabalho começar ignorando as características individuais e como isso pode compor o contexto.
Parte da construção desse contexto é a comunicação adequada em todos os níveis. Um dos grandes méritos do Audax é saber quem é, saber que tipo de jogo deseja e colocar todas as pessoas envolvidas no projeto em uma mesma página. Dentro e fora do clube há um altíssimo grau de entendimento sobre a situação financeira (a folha salarial total gira em torno de R$ 420 mil), o potencial e os caminhos escolhidos.
O Audax também é o que é porque soube “vender” corretamente, para dentro e para fora, o projeto para este ano. Comunicação também tem a ver com saber avaliar e disseminar a essência.

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