Chegamos efetivamente aos momentos decisivos da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro de Futebol. Estes, são sempre períodos recheados de intensas emoções e detalhes que impactam diretamente nos resultados de uma temporada inteira.
Claro que não estou direcionando o pensamento para uma reflexão simplista sobre o resultado de um ano inteiro de trabalho, pois sabemos que os resultados finais são consequência de muito planejamento, trabalho intenso e continuado rumo à excelência. Porém, é inegável reconhecermos que nos momentos decisivos, alguns detalhes podem ser o diferencial entre atingir ou não as metas estabelecidas.
Assim, quero colocar uma breve lupa na capacidade emocional dos atletas e demais envolvidos no futebol, justamente nestes momentos em que esta capacidade é posta a prova.
Relembro aqui o conceito da inteligência emocional, que é uma obra científica de Daniel Goleman, onde o autor defende a ideia de que as emoções são fundamentais para nos tornarmos capazes de melhorarmos habilidades ligadas à família e vida profissional.
Nesse sentido, acredito muito na importância de conhecermos melhor o funcionamento do cérebro humano, no que tange ao controle das emoções. E aqui, está a base da nossa reflexão de hoje. Conforme Goleman, nosso centro emocional localizado na região da amigdala, é o responsável direto pela nossa sobrevivência e nossas decisões. É nela que são gravadas nossas memórias emocionais, como felicidade, tristezas, através da conexão entre tálamo/amigdala, que nos faz lembrar de determinadas situações carregadas ou não desta memória emocional. Nesta região do cérebro nascem nossas emoções mais básicas como medo, raiva e amor.
Associado à essa região, conhecer uma situação que acontece muito no futebol, se faz muito importante para nós que atuamos nele: o sequestro da amigdala. É nesta região do cérebro, onde a conexão neuronal entre tálamo/amigdala nos informa sobre um perigo iminente ou a uma situação emocional carregada de emoções passadas que nos fazem agir, fazendo com que eventualmente tomemos decisões impróprias ou incoerentes com aquele momento. Ah, aqui então podemos começar a entender quando atletas tem um momento que chamamos “perder a cabeça” e realiza algo totalmente impensável para os que conhecem o comportamento desta pessoa, seja essa ação algo fora do padrão esportivo, como agressões por exemplo, ou até uma ação esportiva fora de contexto como bater um pênalti decisivo de maneira totalmente impensada ou irresponsável, por exemplo. Isso acontece na prática, quando perdemos o controle executivo realizado pela região pré-frontal do cérebro sobre a amigdala. Quando este controle neuronal falha é que acontece o sequestro de amigdala, que desencadeia um processo em que somos totalmente controlados pelas nossas emoções.
Portanto, promover ações junto aos atletas, que estimulem o desenvolvimento da capacidade de controle emocional, pode ser um grande diferencial para os momentos decisivos das equipes de futebol.
Então, amigo leitor, acho muito importante que os clubes possam estar atentos aos padrões emocionais dos seus atletas para que todos possam estar totalmente preparados para os momentos que podem definir os rumos de desempenho das equipes ao final da temporada.