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É notória a intensa rivalidade que permeia o futebol sul-americano. Há anos a Copa Libertadores da América aumenta ainda mais a tensão futebolística entre brasileiros, argentinos, uruguaios, chilenos, equatorianos e etc. São muitos os épicos embates entre os clubes e, nos últimos anos, outra competição organizada pela CONMEBOL vem alimentando ainda mais a disputa, a Copa Sul-Americana.
E muito mais que a rivalidade entre as 4 linhas, os torneios da CONMEBOL vêm expondo a diferença dos modelos de gestão do futebol dos clubes latinos. Recentemente, num intervalo de não mais que cinco anos, duas equipes (de dois diferentes países) expõem nitidamente este contraste, ambas chegaram a ser finalistas de competições Sul-Americanas, mas, no atual momento, vivem realidades totalmente distintas.
Hoje, um destes clubes acumula excelentes campanhas no campeonato nacional de seu país, figurando entre os primeiros colocados, além de seguir disputando títulos sul-americanos, enquanto o outro, amarga maus resultados dentro de seu país (incluindo rebaixamentos) e não tem mais figurado as finais das competições da CONMEBOL. Por que uma diferença tão grande de realidades?
Como em praticamente tudo que envolve as relações humanas (ao menos na visão de mundo deste que vos escreve), é quase que impossível isolar um único fato ou razão para explicar o momento atual de cada clube (ou qualquer outra situação), são inúmeras as variáveis e distintas análises que poderiam ser realizadas, porém, nesta coluna, proponho um olhar que vai além das linhas de marcação, corredor de ataque ou zona de finalização. Convido a um olhar que observe a gestão extracampo. Podemos assim, citar alguns dados que nos permitem entender um pouco os diferentes momentos de cada equipe.
Para diferenciá-las e facilitar o entendimento, nomearei as equipes em “A” e “B”:

  • Nos últimos cinco anos, a equipe B teve três diferentes treinadores. Já a equipe A, contou com os serviços de nove diferentes treinadores.
  • Somados os balanços financeiros das temporadas de 2013 a 2017, a equipe A apresenta um resultado positivo entre 15 a 20 milhões de euros. Já a equipe B apresenta um saldo positivo entre 30 e 35 milhões de euros.
  • A equipe A já acumula dois rebaixamentos em 5 anos. Com a equipe B não houve rebaixamentos, e o clube ainda chegou também a ser vice-campeão nacional.
  • Entre 2013 e 2018 a equipe B contratou 64 jogadores. A equipe A contratou 193 diferentes jogadores no mesmo intervalo de tempo.
  • A equipe B busca ter uma forma própria de jogar futebol, desde as categorias de base até o profissional, e busca seguir uma política de formação, promoção e contratação dos treinadores da base e profissional. Não há uma política muito clara quanto a isso na equipe A.
  • Em média, no país da equipe A, os clubes recebem anualmente cerca de o dobro do valor que os clubes recebem no país da equipe B pelos direitos de transmissão das competições nacionais.
  • Além do futebol profissional e amador, a equipe B oferece e administra vários outros esportes (profissionais), um clube social e tem uma atuação marcante dentro da comunidade (chegando a contribuir com hospitais e instituições de caridade). A equipe A também possui outros esportes (não profissionais), um clube social, e busca ter uma atuação mais tímida na comunidade.
  • No país da equipe B, não há tantos subsídios do governo, ou providentes patrocínios de empresas estatais. No país da equipe A, isso é procedimento recorrente.

Trouxe aqui alguns aspectos que caracterizam a postura de cada clube frente a situações semelhantes. Certamente que outros pontos poderiam ser levantados, assim como alguns deles sofrerem uma análise mais profunda, entretanto, fazendo uma rápida apuração dos dados e fatos relacionados às características de gestão de cada clube e cruzando-os com vários cases de sucesso e insucesso dentro do universo do futebol profissional, não é tão difícil constatar que a probabilidade de que a equipe B consiga colher frutos melhores do que os da equipe A é maior. Duas equipes de médio porte em seu país, que possuem uma tradicional e fanática torcida local e que, no competitivo meio que buscam viver, precisam minimizar ao máximo os erros e potencializar seus recursos. Frente a isso, uma equipe que constantemente muda seu comando técnico e que, a cada temporada, reformula praticamente todo o elenco de jogadores, terá um maior dispêndio de recursos, aumentará as probabilidades dos erros e ficará cada vez mais distante de um futuro de crescimento sustentável.
Sendo assim, qual destas duas equipes se mostra mais propensa ao sucesso?
A intenção não é julgar, mas levar à reflexão. Não é por acaso que estas equipes conquistaram resultados tão distintos! O futebol tem um potencial gigantesco! Precisamos e podemos explorar mais este potencial! E essa constatação não é somente deste que vos escreve, em conversas com um amigo e profissional do futebol latino-americano, com experiência e abertura em grandes clubes do nosso continente, ele expressa a mesma opinião e ainda complementa dizendo que um dos grandes problemas do futebol na América do Sul é que existe mais amor ao poder, ao capital, do que aos clubes, ao esporte.
Eu ainda acredito que temos condição de continuar evoluindo, continuar progredindo, de fazer cada vez melhor! E você?

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