Analítico e Situacional – serve como treinamos?

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Olá a todos, neste artigo iremos refletir sobre uma questão que está na base de qualquer microciclo do treinamento de futebol. Que são os treinos de técnica analítica e situacional. Utilizaremos a condução como exemplo de gesto técnico para analisar o modo e o porque treinamos (ou não) nestes dois modos.
Para se treinar o futebol se pensa que descompor o jogo possa enfatizar um determinado princípio, conceito ou gesto técnico podendo chegar até o máximo da previsibilidade de um exercício que é o de técnica analítica.
Dentre os modelos de aprendizagem do futebol é muito comum dividir por faixa etária os gestos técnicos, que devem ser “ensinados” aos garotos até sua fase adulta com a crença que realizando o gesto técnico isso “automaticamente” possa ser reconhecido e realizado em uma situação de jogo.
Tendo como exemplo a condução como gesto técnico, vamos analisar o treinamento analítico como instrumento para apreendê-lo ou aperfeiçoa-lo. A ideia é que se possa isolar as demais variáveis do jogo como: companheiro, adversário, posição no campo, fase de jogo, gestão emotiva, capacidade de escolha, entre outros, para se ter o foco quantitativo nos componentes técnicos para realizar uma boa condução; com diferentes partes do pé, em diferentes velocidades, número de toques, mudanças de direção, etc.
A reflexão que devemos fazer é se estamos seguros que isolando qualquer tipo de gesto técnico no futebol, o próprio jogador conseguirá transferi-lo em partida. Um jogador que sabe realizar a condução com boa técnica, saberá reconhecer quando e o porque realmente serve durante a partida?! Exemplos: para conquistar espaço, para atrair adversários ou para realizar um dribbling. Como diz Julio Velasco: “Nós devemos partir do jogo com a ideia de ensinar a jogar. Muitas vezes não ensinamos a jogar, mas ensinamos a fazer um exercício. Não se usam exercícios como instrumento para jogar, senão treinamos jogadores a fazerem bem um exercício, pensando que o “tranfert” ao jogo seja algo simples e não é, por nada! (Julio Velasco – ex treinador de vôlei da seleção italiana).
Quando realizamos o treinamento situacional esperamos rever os gestos técnicos treinados de forma analítica sendo aplicada. Ao analisarmos os gestos técnicos estamos observando na perspectiva de tempo e espaço?! Quando se faz treinamentos de jogos reduzidos serve ter regras de número máximo de toques? Como o jogador pode reconhecer a importância da condução como resolução de problemas? Quantas vezes um jogador tem espaço para conduzir a bola e quase que automaticamente procura um companheiro a quem passar?! Como a questão é sobre quando conduzir, não podemos limitar os toques em exercícios situacionais e sim corrigi-los durante sobre o porque e quando realiza-los.
Podemos ver neste vídeo o jogador Frenkie de Jong (20 anos) do Ajax, da Holanda, que parece ter bem claro os princípios e a importância da condução.


Estes pontos de reflexão têm como base entender que o jogador, assim como o jogo, é uma unidade. Tudo o que o jogador precisa para melhorar em qualquer aspecto (também físico) já está dentro do jogo.
Temos a ideia de se treinar tudo aquilo que é necessário para jogar futebol tirando do próprio jogo para depois “recoloca-lo” dentro. Quando se realiza a condução (como qualquer outro gesto técnico) em um determinado momento da partida, temos de compreender mais o “porque” que o “como”. Esta perspectiva pode mudar o modo na qual analisamos o todo e, principalmente, o modo que pensamos à um exercício seja analítico que situacional. O exercício não deve ser simplificador, mas facilitador da compreensão do jogo. Como diz Oscar Cano: “O primeiro erro é chamar treinamento no momento que pressupõe que devemos jogar. Treinar é reproduzir e o futebol não se presta, pela sua natureza, a ser reproduzido as ações específicas. Se deve ir a jogar, não a treinar”. (Oscar Cano – Treinador de futebol; especialista em jogos posicionais).
Abraço a todos!

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