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Pois bem, o Brasil foi derrotado pela Bélgica por 2 a 1 e deu adeus à Copa do Mundo. Não apontaram culpados, tampouco procuraram dar desculpas. Excelente sinal. Muitos colegas já foram cirúrgicos nas análises do excelente jogo belga que os conduziu para a vitória. Dentro de campo, um revés. Fora dele, êxito: gestão da equipe, marketing e comunicação. O envolvimento dos torcedores. O “Canarinho Pistola”. A euforia e empolgação que achávamos terminadas há quatro anos após o 7 a 1. A melhor preparação de sempre da seleção, muito longe dos bastidores, polêmicas e ruídos de comunicação como nas edições dos mundiais de 2006, 2010 e 2014.

No que diz respeito à comunicação, atualmente todos possuem uma central multimídia na palma da mão, que é um smartphone. Produzir conteúdos diversos que no movimento de um clique ganha grande projeção e repercussão mundial. Dentro de uma organização, é difícil manter controle sobre a informação e comunicação por ela gerada e produzida, que transmitem uma imagem percebida pela opinião pública. E é igualmente difícil fazer um filtro em relação àquela comunicação que vem de fora, que pode gerar suspeita, levantar inúmeras hipóteses diante dos mais diversos e não-verdadeiros cenários e, consequentemente, prejudicar uma organização. Eleva-se tudo isso à enésima potência se for uma equipe de rendimento de uma organização esportiva. Em outras palavras, uma seleção brasileira de futebol em uma Copa do Mundo. Com duzentos milhões de torcedores/consumidores só em casa, qualquer fagulho pode se tornar um grande incêndio.

No âmbito da comunicação estratégica, de uma maneira geral os jogadores da seleção manifestaram no discurso bastante humildade e mantiveram um tom de voz em sinal de respeito. Percebe-se uma disposição: há um motivo para seguirem esta linha de conduta, alinhada a um viés estratégico para o propósito desta organização: a transparência no tratamento das informações e o respeito à hierarquia, para o bom andamento das atividades a fim de se conquistar o objetivo máximo que é vencer a Copa. Ao perceberem-se pertencentes a esta organização, uma vez que se enxergam sendo tratados com respeito e transparência, seus membros (entre eles os jogadores) aderem a ela e passam a propagar – mesmo sem saber – este tipo de conduta. O que não vem de dentro pra fora (ou seja, não parte do atleta) pode acontecer de fora pra dentro, sob forma de sinergia construída. Ela se configura e se legitima. Ademais, chamar o atleta pelo nome – ou nome e sobrenome – e não pelo apelido – apenas os integrantes da organização se tratam pelos apelidos, como por exemplo o treinador, que mencionou o “Foguetinho” Willian – eleva a identidade acima dos personagens. Claro, existem exceções, como Fernandinho ou Marquinhos. Vão certamente dizer que os apelidos aproximam os jogadores do público. No entanto, não usá-los não significa manter distância.

Neymar e Tite em coletiva da seleção brasileira. (foto: Divulgação)

 

Portanto, é exemplo a intervenção do treinador Tite (ironicamente nos referimos pelo seu apelido) na resposta de Neymar na coletiva após a vitória sobre o México, depois de perguntado sobre o que o atleta do Paris Saint-Germain achava de algumas declarações polêmicas do técnico mexicano de algo do seu jogo. Tite tomou o microfone e disse que um jogador não responde para treinador porque era preciso respeitar uma hierarquia: só um treinador pode responder a um comentário de outro treinador. Gesto que busca evitar polêmicas e busca manter o futebolista concentrado em fazer declarações acerca daquilo que ele fez, somente: jogar futebol. Como disse uma pessoa bem próxima: “um gol atrás do outro na construção da imagem”.

 

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