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São vários os atletas de destaque no futebol do Brasil que se posicionaram em torno dos seus candidatos favoritos dos mais diversos cargos eletivos para o sufrágio do próximo domingo. Uns mais escancarados, outros mais comedidos, mas manifestam-se. Delicada situação, uma vez que pode não refletir o posicionamento do clube para o qual trabalham, e acabar por interferir na imagem percebida que a instituição persegue. Em certos casos, podem colocar a torcida – ou parte dela – contra (ou a favor) e interferir em algo que é sagrado: “o vestiário”, ou seja, mexer com as relações de trabalho entre os colegas de profissão.
Em primeiro lugar o futebolista possui opinião e, em muitos casos, é formador dela. Antes disso, cidadão com direitos e deveres. É natural que existam preferências, encadeadas por diversos fatores. Outrora desincentivada, por motivos históricos de coerção e repressão, atualmente tergiversar diante das provocações que desafiam o país (pobreza, desemprego, violência e corrupção) pode representar falta de compromisso. Omissão. A sociedade confere tanto valor e significância aos atletas de destaque que, hoje em dia – também não mais como antes -, cobram algo de volta. E não há nada de errado em ter estas opiniões.
Afinal de contas, de acordo com o artigo número 5 da Carta Magna da República, é livre a manifestação do pensamento.

Elenco do SC Corinthians Paulista no início dos anos 80 incentivando a participação nas eleições (Reprodução: Instagram)

Nesse sentido, cabe ao clube que emprega o atleta elaborar comunicação interna acerca de manifestações políticas, a fim de preservar o relacionamento entre colegas de trabalho. Tudo isso para que não se perca o foco do objetivo comum da organização, que são resultados esportivos e financeiros. De modo algum desincentivar a manifestação, mas ao publicá-la, que seja provida de bom senso. Vivemos em ambiente repleto de intolerância e mal entendimento. Qualquer ruído na comunicação pode ter uma ruim consequência. Ao mesmo tempo, sempre houve um desalento quanto à participação da sociedade brasileira em um processo eleitoral, como rescaldo dos tempos do regime de exceção. Entretanto hoje estamos em uma democracia, este processo está ao alcance de todos, portanto, todos têm responsabilidade nele. A participação deve ser sadia para gerar inquietações saudáveis.

Na Espanha, mesmo com uma orientação regional que o Athletic Bilbao possui, é incomum observar seus atletas fazerem manifestações pró-independência do País Basco. No FC Barcelona em relação à Catalunha, alguns (poucos) fazem manifestação similar, mas não chegam a ser radicais, mesmo o catalonismo sendo política institucional do clube. Por outro lado, o Sankt Pauli da Alemanha é conhecido pela tolerância religiosa, sexual e de inclusão de minorias étnicas. Mesmo assim, quando seus funcionários tornam públicas as suas declarações, é feito com bastante bom senso.

Atletas do SC Corinthians Paulista com faixa em referência à Democracia, no início dos anos 80 (Foto: Antônio Lúcio/Agência Estado)

Portanto, é preciso se manifestar. Ao mesmo tempo, perceber que há uma multidão que pensa diferente de você. O bom exercício destas manifestações se dá a partir do respeito à opinião do próximo e do outro em relação à sua. O debate destas ideias, com tolerância, a fim de atingir propósitos comuns, dentro de um plano comum para toda a sociedade, rumo à justiça social, é capaz de transformar este país.

 

Em tempo: boa eleição a todos!

Em tempo 2: nesta semana faz ‘aniversário’ o “Massacre do Carandiru”, um dos episódios mais vergonhosos do nosso país. 

 

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