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Introdução
Rondos e jogos reduzidos por muito tempo vêm sendo tratados de forma igual, muitos falam sobre um querendo falar sobre o outro. O principal motivo é lógico: a falta de conhecimento e a reprodução desenfreada de tudo que vem de fora.
O rondo vem do “bobinho” que é uma prática livre e deliberada, na verdade, são brincadeiras que surgiram na pedagogia não-formal (pedagogia da “rua”) e foram desenvolvidas e utilizadas na pedagogia do esporte.
Muitos dos estudos que lemos de fora, treinos que vemos na internet e televisão falam e dão ênfase na redução do jogo em partes, de forma a exigir comportamentos individuais, setoriais, intersetoriais e coletivos, além de tudo que vem a reboque desse processo afim de melhor as partes para que possamos melhorar o todo. O que seria uma evolução tremenda olhando pra trás e vendo que essas fragmentações antes eram por muitos e até hoje feita de forma a descontextualizar o jogo.
Por isso que julgo de forma positiva a tentativa de redução do jogo em partes menores, porém sem confundir alhos com bugalhos.
É verdade que muitas caraterísticas podemos ver entre RONDOS e JOGOS REDUZIDOS, o maior contato com a bola tende a levar a uma melhora da técnica, ao mesmo tempo esse mesmo contato exige mais tomadas de decisões. Aumenta a importância do trabalho em equipe, pois em mais momentos precisamos do suporte e das relações mais bem estabelecidas, a busca pela bola ou a não perda dela gera bastante competitividade, e por último podemos dizer que estimula a criatividade e solução de problemas.
Outro fator comum e fácil de identificar são as relações que os 2 tipos de exercícios têm em relação aos constrangimentos às regras, aumento de campo, pontuações, número de jogadores, onde podemos dizer que qualquer mudança influencia diretamente o objetivo pretendido na prescrição do exercício.
 
O que diferencia um do outro então?
Definição de Rondo:
O rondo é um exercício onde um grupo que está em superioridade tenta manter a posse contra um de inferioridade que tenta rouba-la. O rondo é diferente de outras rotinas de posse porque os jogadores ocupam um espaço pré-definido e geralmente em um círculo (força de expressão) em vez de se movimentar pelo campo.
Xavi sobre os “Rondos” : O Rondo não é um capricho: perna esquerda, perna direita, olhar, espaços livres, sair da pressão, pensar que quando alguém te pressiona, há de se jogar com o jogador que o rival deixou livre… O rondo é sensacional(…) Começa o treino feliz.”
“O rondo lhe dá toque e sensibilidade, você mede espaço, tempo e velocidade, na verdade, tudo depende do seu toque para dar uma vantagem ao seu parceiro”(Guillermo Amor , jogador do Dream Team do Barcelona)
Bakero: No final, é sobre mobilidade e competição. Requer, claro, técnica, posicionamento, concentração … Você aprende ou não aprende.
 
Características dos Rondos

Uma característica bem marcante na minha opinião está relacionado com o alvo, objetivo, o fato de não ter balizas para o ataque, e o desafio. Portanto, não é fazer gol. Isso não torna o jogo inespecífico ou fora de lógica, apenas fragmenta momentaneamente aquele momento, exigindo comportamentos adequados para cada objetivo. Não ter gol, não significava que não podemos ter outros objetivos!
O rondo pode ser tão pequeno quanto um 3 para 1 até 10 contra 2.
Os rondos podem apresentar-se como preparatório (mais comum) ou parte principal de uma sessão de treino.
Os rondos podem ter caráter grupal (mais comum) ou setorial e até intersetorial.
Os rondos tendem a induzir feedbacks individuais, sejam relacionados a técnica ou a tática, apesar da relação coletiva que pode ser bem explorada.
Os rondos podem privilegiar tendências relacionadas as adaptações fisiológicas, força, resistência e velocidade.

 
Rondo e “dia de tensão”

Obs.: Em vermelho parâmetros de força do exercício comparado ao de um jogo e é corrigido pelo tempo. Em preto os parâmetros de resistência (metabólicos).

 
É muito comum vermos os rondos como forma de preparatório para dias relacionados a alta tensão, máxima intensidade e maior descontinuidade, características diretamente relacionadas a melhora dos níveis de força.
Realmente muitos rondos proporcionam sim uma tensão muito grande, por 2 principais motivos: espaços reduzidos, aumentando as acelerações e desacelerações, mudanças de direções, e a descontinuidade que ocorre geralmente quando se tem a posse de bola. Descontinuidade que na minha opinião diminui a densidade desse tipo de exercício atendendo de forma fidedigna as características do dia de tensão/força. Essa descontinuidade não representa uma falta de competitividade de quem está com a posse, porém o fato de estar em maior número torna a vida de que tem a posse mais tranquila de quem a busca.
Esse fator torna o rondo por muitas vezes parte principal nesses dias, atingindo o objetivo de tensão sem gerar um desgaste metabólico central muito grande, o que seria mais verdadeiro dizer quantos aos jogos reduzidos.
 
Rondo e as linhas de passe.
Passe fácil– passe a bola para a pessoa ao seu lado. Não requer uma ampla visão.
Passe médio– Este passe evitará a pessoa ao seu lado, mas não passará entre os defensores. Esse passe requer uma visão ligeiramente mais ampla. É um pouco mais difícil que o primeiro passe.
Passe de jogo, entre linhas– Este é o passe realmente importante, aquele que passa entre os defensores. Este passe requer muita habilidade, criatividade, visão e senso de tempo para acertar.
 
 
 
 
 
 
Pontos chaves de um rondo.

  1. Sempre saltitando dando opção a receber a bola, não estar com pés cravados no chão facilita o redirecionamento da bola que recebe
  2. Concentração total: maior concentração, melhor desempenho
  3. Pense sempre antes de receber a bola. Ter velocidade ao pensar gera velocidade para jogar
  4. Forneça energia ao grupo. Divertir-se não é ruim se estamos concentrados e performando
  5. Feedbacks constantes aos colegas e atletas, quanto mais eles souberem o que acertam e o que erram, maior reforço nos acertos e correções nos erros terão
  6. Velocidade para jogar, criatividade, trabalho em equipe, técnica e resolução de problemas são virtudes muito importante
  7. O objetivo principal, no nível individual e de grupo, é manter a posse, mas não pare de tirar proveito de oportunidades de fazer um terceiro passe de linha Os passes verticais são os que realmente conseguem objetivos, e quando essas oportunidades são apresentadas, elas devem ser tomadas
  8. Imprima o ritmo dos passes

 
Rondo e o treino integrado
Para atingir objetivos físicos vemos também a associação de rondo com estímulos físicos preestabelecidos. Geralmente são preparatórios com ênfase física.
Comum de se ver para melhora de velocidade cíclica, o fato de ter o rondo escondendo o caráter analítico das ações lineares de velocidade, motivando o atleta na execução, fato amplamente discutível quanto a especificidade da ação, mas não entro no mérito e nem seria o momento para a tal.
Rondos de duração curta seguidos de estímulos de 5, 10, 15, 20 e até 30 metros. Trocas de espaços simulam situações de transição após perda da bola, ou recuperação da mesma.

 
Rondo e a relação setorial e intersetorial
Para muitos os exercícios preparatórios têm que ter uma relação pedagógica com o todo, sessão de treino. Isso parece meio lógico, mas por muitas vezes não acontece. O rondo simplesmente acontece de maneira estanque, também não vou julgar, porém identifico como ideal que essa relação exista, para isso vejo uma relação ótima para dias de duração que os rondos possam ter já aspectos que te levem a uma forma mais coletiva de jogar, seja ela setorial ou intersetorial. A maior duração e maior número de jogadores, espaços maiores, já aumenta a complexidade da atividade assim como as relações dos atletas na mesma atividade.

 
Limites entre o Rondo e Jogos Reduzidos.
Apesar de várias explicações sobre rondos e jogos reduzidos, concordo que a linha entre eles é tênue e muitas vezes conceitual.
Pode estar no olhar de quem aplica, no que ela pretende, ou simplesmente na complexidade do exercício. O que quero dizer com isso?
Muitos autores defendem o rondo como aquisição de técnica e tática individual, muito pelo feedback gerado pelo treinador e pela fragmentação momentânea irreal que o rondo pode causar, tornando-o fora da lógica de um modelo X ou Y, exemplo seria num 6×2 nos mandarmos agredir a posse de bola, o que não faríamos em situação normal de jogo (retardaríamos fechando os espaços). Esses comportamentos seriam subprincípios defensivos e ofensivos, como por exemplo quem está sem a bola, abordagem, pé na bola, indução e quem está com a bola, passe certo, leitura das linhas de passe, apoio e etc.
Quanto a complexidade das relações do jogo e também relacionando com argumento acima, treinadores defendem que exercícios com caráter mais setorial e intersetorial não fujam da lógica central do modelo estabelecido, sendo assim o rondo perde sentido nesse contexto.
Outro ponto também discutido é o desgaste gerado pelo rondo comparado ao jogo reduzido, como já dito em tópicos anteriores. Os jogos reduzidos assim como rondo geram bastante tensão, porém com desgaste metabólico maior, podendo variar quanto aos constrangimentos e objetivos, porém invariavelmente maior, fato que pode nos ajudar na hora do planejamento da sessão e da semana de treino.
O rondo tende a gerar um desgaste periférico muscular acima do exigido no jogo se corrigido ao tempo do exercício. Se juntarmos, por exemplo, 3 ou 4 rondos em um dia de treino teremos com certeza uma aquisição relacionada a aspectos neuromusculares e sem acúmulo de fadiga central.

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