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Ao ver uma partida de futebol nos deparamos com uma constelação ampla de significados. Significados estabelecidos pela nossa cultura, pela nossa forma de compreender e enxergar o mundo. Quando nos propusemos a olhar para um determinado fenômeno agimos constantemente de forma dialógica. Ou seja, ao definirmos algo como é também dizemos que algo não é. E no futebol não é diferente. A escolha em interpretar um jogo de futebol por meio de erros e acertos elucida bem a afirmação anterior. Desde o inicio da manifestação cultural do jogo, julgamos as ações com os erros e acertos que identificamos. Um processo linear de causa e efeito.
As atribuições que fazemos por meio dessa maneira de contemplar os processos da manifestação cultural do futebol não nos permite em muitos momentos refletir a cerca do que estamos dizendo que ele não é. Um bom exemplo seria a afirmação: O futebol não existe! Uma afirmação que em um primeiro momento pode parecer infame, mas, que nos permite ao mesmo tempo adentrar em uma reflexão mais profunda sobre uma perspectiva diferentealternativa sobre a relação homem, sociedade e natureza. E é a partir desse ponto então que pretendo por luz ao que me interessa. Ir de encontro à essência das coisas, o caminho entre os vales do acerto e do erro no futebol.
Caindo entre esses dois extremos é possível perceber que já não encontramos mais como respostas as coisas mesmas, o acerto ou o erro. Ao olhar adiante e ao redor não é lúcido compreender as ações escolhidas pelos protagonistas por meio de uma ótica racional. A lógica já não carrega com tanta certeza as descrições de experiências vivenciadas nesse ponto. Mas afinal, o que é possível encontrar em um caminho limpo de erros e acertos. Ou melhor, dizendo, o que é que enxergamos ao olhar uma partida de futebol sem tomar como epistemologia as variantes lineares da causa e do efeito.
Posso afirmar nesse momento que partimos então de uma perspectiva ontológica. Um ponto de vista que não busca DEFINIR a forma como é SER praticante de um jogo de futebol. Isso pelo fato de compreender que ao contrário de tentarmos definir o que algo (alguém) é, devemos perceber COMO algo (alguém) é. Constantemente e inevitavelmente em situação. Definimo-nos com a situação. Até mesmo achando que não estaríamos nos definindo, nos definimos ao escolher não definir. Sendo no mundo. Ser-no-mundo. Implicações que ao primeiro contato espantam e confundem. Implicações que abrem uma nova janela. A janela da intencionalidade, que permite a quem olha, o desnude de um mundo (jogo) fascinante!
Uma manifestação coletiva de pessoas que por meio de suas intencionalidades (movimentos humanos) transcendem as possibilidades de atuação no mundo da técnica. Respondem de formas variadas as relações: sujeito-sujeito, sujeito-ambiente, sujeito-objeto, tudo complexamente em ritmo, harmonia. Ouso até afirmar que o futebol é a corporeidade em plena existência. É no futebol e com o futebol que materializasse a corporeidade. As teias que permeiam todas as relações saltam de tal modo que podemos comparar o invisível de uma obra de arte ao mesmo sentido. Ao jogar futebol, construímos a arte do que não existe, pois, o futebol não existe.
Agora, pare, respire e enxergue o futebol, única e exclusivamente pelo canal da intencionalidade. Pergunte a si mesmo se as intenções de todos os envolvidos poderiam ser coletadas e explicitadas através de acertos e erros. Questione o que está por de trás da cortina do gesto técnico. Olhe atentamente. Perceba o que está por de trás de sua manifestação. O futebol não existe. Ah, o futebol não existe. Vejo um quadro. Um campo verde. Pessoas. Uma bola. Movimento humano. Linhas brancas de formas retangulares. Um círculo no meio do quadro. Conseguiu imaginar? Isso é a consciência. A consciência é sempre de algo (alguém). Consciência e intencionalidade, o que podem falar sobre o futebol?
O futebol não existe. Experimente descrevê-lo assim. Atreva-se a pensar os gestos como intencionais e inevitavelmente entrelaçados a uma consciência de algo ou alguém. Estabeleça antes de qualquer pré-conceito um fundamento sobre essa relação. E lá está! Um sujeito. Sujeitos. Sujeitos que se movimentam por através das mais diversas intencionalidades. Ah! O FUTEBOL NÃO EXISTE! Agora eu percebi! Existem humanos! Humanos juntos! Humanos, movimento, intencionalidade e consciência….ai, sim! O futebol existiu.
 

 

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